sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Um Piscu das arábias


Leonardo Nicolás Pisculichi (178 cm, 77 kg) é um jogador de futebol argentino de origem croata, nascido a 18.01.1984 (24 anos). Apesar de poder jogar a extremo-esquerdo e nº10 Piscu afirma não ser um nº 10, nem jogar pela esquerda, mas ser, no fundo, um avançado, livre, que actua pelo meio.

Pisculichi fez a sua formação no Argentinos Juniors, clube pelo qual debutou em Fevereiro de 2002, no dia 20, contra o Talleres de Córdoba, e onde em 57 aparições, foi buscar a bola ao fundo das redes adversárias por 18 vezes. No Mercado de Inverno da época 2005-06, quando esta já tinha terminado na Argentina, época 2005 portanto, transfere-se para o Maiorca, a troco de 3.000.000€ (a 4 de Janeiro de 2006). Apesar dos 20 jogos que realizou e de 3 tentos distribuídos pelos mesmos, a sua passagem pela Europa, até aos dias que correm, foi bastante fugaz, uma vez que, passados 11 meses, em Novembro, no dia 30, já estava de novo a preparar as malas, desta feita para as arábias, mais propriamente para o Qatar, onde o Al-Arabi o esperava (clube que esta temporada resgatou mais dois jogadores com nome no futebol Europeu para dar um toque de classe à pobre liga do Qatar. São estes Rafael Sóbis (Bétis) e Lomana Lua-Lua (Olympiakos), e que teve de desembolsar, na altura, 3.600.000€ para cobrir o prejuízo que o Maiorca teve aquando da decisão de apostar no argentino, depois de ter sido dito que dificilmente a sua condição em Maiorca melhoraria a curto-prazo. Mais um jogador "perdido" por outras zonas do globo, com claro valor para jogar na Europa, porém não é nada de preocupante, visto que o Mercado Árabe deixou de ser, apenas, um cemitério de jogadores, onde estes vão com o intuito de acabar a carreira a ganhar bem e a não se terem de sujeitar a um ritmo competitivo alto, antes pelo contrário (baixíssimo) e que permitiram a passagem de craques como Gabriel Batistuta e Marcel Desailly e, num patamar inferior, Sonny Anderson, passando a adquirir jogadores novos com grande potencial, como o ilustram Mauro Zárate (Al-Sadd), Rafael Sóbis (Al-Arabi) e o próprio Pisculichi (Al-Arabi) e jogadores com idade-pico na carreira, como são os casos de Pascal Feindonou (Al-Sadd), Lomana LuaLua (Al-Arabi) e Nivaldo (Al-Sadd). Não me queria alongar muito, porém não seria justo deixar de fora nomes como Ali Karimi (Qatar Sports Club, neste momento emprestado ao Persepolis, do Irão), Felipe (Al-Sadd), El Karkouri (Qatar Sports Club), Roger (Qatar Sports Club), Job (Al-Kharitiyath Sports Club) ou ainda "matadores" como Carlos Tenorio, Younis Mahmoud e Araújo, que fazem as maravilhas dos sheiks. O que é certo é que quando vi Zárate "partir" para o Qatar fiquei com alguma pena, pois, apesar de me interessar bastante por estes mercados alternativos, o seu acompanhamento é difícil e quando um jogador toma a decisão de se transferir para estes países deixa sempre uma sensação de que tão cedo não se poderá vê-lo jogar, isto é, costuma ficar sempre a sensação de que se irá perder o contacto com estes jogadores, pois o acompanhamento de Zárate na Argentina, neste caso, era facilitado pela internet e o que é certo é que não existe tanto acesso, em termos de facilidades e quantidade, ao seu futebol no Qatar, como existia quando jogava na Argentina, é um facto. O que também é um facto, e era isso que estava a tentar chamar à atenção são os mercados asiáticos, não só o árabe, como também o japonês, por exemplo, estarem a "resgatar" jogadores jovens com potencial. Para ilustrar tal acontecimento dou um exemplo bem elucidativo ao público português: o de Hulk, que foi para o Japão com apenas 19 anos. Naturalmente, como vão bastante jovens, a tendência destes jogadores, já se nota, mas ainda se irá notar mais, há medida que estas contratações forem aumentando, é a de regressarem à Europa, quando dão provas de o merecer, até porque, sejamos concretos, o objectivo de (quase) todos os jogadores (penso que até é escusado, pelo menos até aos dias que correm, os parênteses à volta do quase), neste caso a incidir nos sul-americanos e africanos, que são os casos mais flagrantes de "resgate", não passa por ir jogar para estes mercados, mas sim para o Velho Continente, para a Europa, que é o continente do grande futebol, do futebol espetáculo, onde surgiu o desporto-rei. Voltando a pegar no "caso-Zárate", este jogador justificou a sua ida para o Al-Sadd (Qatar ) com dificuldades económicas familiares, que claramente seriam amenizadas ou até mesmo desfeitas com o que iria receber neste clube. Pois bem, 6 meses volvidos (chegou a 18 de Junho de 2007 e "partiu" a 21 de Janeiro de 2008) assinava pelo Birmingham, num contrato de empréstimo, impressionando tudo e todos e atraindo o interesse de clubes como o Arsenal ou o Portsmouth. A imprensa falava inclusivamente na forte possibilidade do Arsenal adquirir os direitos económicos de Zárate quando terminasse o empréstimo, no fim da época ou até mesmo do argentino, formado no Vélez Sársfield, permanecer na cidade de Birmingham. Este afirmou que só permanecia em Birmingham caso a manutenção fosse atingida. Como tal não aconteceu, voltou ao Qatar, porém apenas passageiramente, uma vez que Lotito (presidente da Lázio) contratou um jogador [Zaraté] "melhor que Messi", segundo o próprio e, no dia 5 de Julho de 2008, estava de volta aos grandes palcos, desta feita para representar os Biaconcelesti (alcunha da Lázio), num contrato de empréstimo de um ano que a Lázio poderá tornar permanente caso pague 50% do valor que Zárate vale na altura.

Tem ou não qualidade para a Europa? E só tem 24 anos...


Um comentário:

Anônimo disse...

Oh Pedro, espantam-me os teus conhecimentos futebolísticos...
É de estarrecer e enternecer!!!
JA