segunda-feira, 23 de março de 2009

A Final polémica e a posição (contraditória) leonina


Final da Carlsberg Cup, grande expectativa de ambos os lados. Num ano em que a Liga estruturou a taça de modo a que os grandes pudessem ir mais além, de modo a rentabilizar e prestigiar a competição, entrando os clubes melhor classificados na temporada anterior, directamente na última fase de grupos, a final da Taça da Liga tem uma importância tremenda quando comparada com a do ano anterior, que o Sporting também perdeu nos penalties contra o Vitória de Setúbal. Antes do jogo o ambiente que se vivia no recinto do estádio e seus arredores era o ideal: clima de festa com adeptos benfiquistas e sportinguistas todos misturados, sem qualquer ponta de perigo, insufláveis para os adeptos se divertirem antes de entrarem no estádio propriamente dito, barracas a vender cerveja (ou não fosse a taça patrocinada pela Carlsberg),…enfim, uma panóplia de diversões pensadas para que o ambiente fosse propício a um verdadeiro espectáculo. Começo do jogo. Assiste-se a uma partida bem disputada em que o Sporting em tudo foi superior a um Benfica que poucas vezes levou perigo à baliza de Tiago com excepção a um remate de Aimar, através de um livre, de Reyes e um cabeceamento à barra de Miguel Vítor (mais uma vez irrepreensível), estas são aquelas jogadas que depressa me saltam à vista. Pelo desenrolar natural do jogo, era o Sporting quem ia fazendo a gestão do mesmo, aproveitando o golo marcado logo no início da segunda parte (48’) por Bruno Pereirinha. Final dos 90’. O Benfica empatou o jogo a um quarto de hora do final através de uma grande penalidade mal assinalada por suposta mão na bola de Pedro Silva que, como consequência, viu o segundo cartão amarelo e, como tal, o árbitro indicar-lhe o caminho dos balneários mais cedo do que esperava. O jogo vai a penalties, visto que os regulamentos não admitem prolongamento. Eis senão quando os papéis se invertem: a equipa que estava em vantagem e a jogar melhor, aparentemente com o jogo controlado, tentando buscar a segurança de um resultado positivo, para poder levar a primeira Taça da Liga para o museu de troféus do clube, depara-se consigo a suspirar pelo apito final e por aquilo que tantas vezes ouvimos pelo nome de lotaria dos penalties. Lotaria não é, visto que esta implica somente um ingrediente: sorte. E, se pegarmos no jogo do fim-de-semana que opôs os velhos rivais de Lisboa, verificamos que Liedson saiu mesmo ao terminar a partida, para dar lugar a Postiga, pela simples razão de não se sentir confiante para colocar a bola dentro das redes, quando fosse chamado a converter o castigo máximo. Quim eleva-se a herói da partida, ao defender três penalties, ele que estava a realizar um mau jogo, por sinal. Paulo Bento e Pedro Silva encarregam-se de espelhar o estado de espírito da equipa, um (o primeiro) fazendo um gesto de roubo, numa clara alusão à decisão errónea de Lucílio Baptista e outro (o segundo) a não aceitar que lhe fosse colocada a medalha ao pescoço e a atirar a mesma para longe, num gesto anti-desportista. Altura das emoções se apoderarem da racionalidade, com os adeptos sportinguistas que criticavam as novas tecnologias no futebol a desejarem o funcionamento das mesmas (permitam-me o à parte e pensem agora no sentimento do Vitória de Guimarães quando viu, no início desta época, a sua entrada na Liga Milionária comprometida por um fora-de-jogo mal assinalado, entrada esta que permitiria o encaixe directo de 5 milhões de euros, tão importantes para um clube da dimensão do Vitória (!), recém-promovido à Liga Principal há um ano), e com Soares Franco e Paulo Bento, bem como os vários jogadores e dirigentes do Sporting, a criticarem duramente a arbitragem. Aquele clube que se pronunciava como sereno no que às críticas aos árbitros dizia respeito, aquele que “nunca” se ouvia pronunciar, foi o mesmo que logo após um jogo com o FC Porto teceu duras críticas à arbitragem, tem criticado a arbitragem portuguesa constantemente no final dos jogos através do seu treinador nas conferências de imprensa, bem como nos flash-interviews. Soares Franco afirma que nunca mais falará com Lucílio Baptista na vida, afirmação gravíssima, e o Sporting acaba de abandonar a direcção da Liga. Não preciso dizer mais. Última nota: pelas várias petições a circular na internet deparo-me com uma especialmente engraçada, tem por base o transporte da Taça do museu do Benfica para o do Sporting. Pois bem, apesar do Benfica estar a jogar pior, ainda restavam 15’ de jogo, sem contar com a compensação, ou seja, ainda muita coisa poderia acontecer – nem que estivesse nos 90’ (recordar final da Champions de 1999, em que o Manchester entrou nos 90’ a perder por 1-0 com o Bayern e recuperou 1-2) –, não se pode partir do princípio que o jogo seria ganho pelo Sporting, nunca.

3 comentários:

Anônimo disse...

sendo benfiquista, nao tenho problema em dizer que fomos beneficiados no lance do penalti, mas nao deixo de estar contente pela vitoria no jogo.
O que eu acho de muito má fé é o facto do sporting ter um discurso que , para quem não viu o jogo, parece que eles já tinham o jogo ganho, e que se nao tivesse sido marcado penalti, o benfica nunca marcaria o golo do empate. pois bem para aí 10 minutos antes o miguel vitor mandou uma bola à trave, e o di maria ainda estava fresco, tal como o reyes, que voltou as exibicoes dos primeiros meses de benfica.
compreendo a frustracao do sporting, mas nao venham dizer que o jogo ja estava ganho.

Anônimo disse...

Concordo com J.Lima, porquanto nada impediria o Benfica de, mesmo jogando contra 11 e na situação de derrotado, tentar um "forcing" que o conduzisse ao empate.
Uma equipa que, numa final, tem a desvantagem de um golo ( 1 golo, apenas...),tudo faz para atingir a igualdade.
É que faltavam quási 20 mins. - com as compensações - e o comportamento seria forçosamente diferente do que se verificou, após a obtenção do empate....
Indiscutìvelmente, o árbitro errou (em consciência, dizem os sportinguistas...), mas então os seus jogadores - pagos a peso d'ouro e que nada mais fazem na vida - ERRAM em momentos tão decisivos, comoo naquelas 3 marcações de grandes penalidades ????
Foram erros conscientes para lesar o SCP ?????
Ao que chega o fundamentalismo....
JA

Anônimo disse...

Que o jogo não estava ganho, é verdade. Mas também há que admitir que o scp esteve, na geralidade do jogo, superior ao benfica, e, portanto, o logico seria a gestão dos 15 minutos finais da equipa de Paulo Bento. O que mais me indigna neste caso todo é a maneira como esta equipa está a celebrar esta conquista. Só um clube que esteja morto de fome (no que diz respeito a títulos) é que celebra efusivamente e se orgulha tanto desta taça como o fez no estádio do algarve (parecia que tinham sido campeoes) e fora do estádio, onde assistimos a declaraçoes de jogadores que pedem para nao ser retirado o merito a esta conquista. Mas que mérito teve o Benfica num jogo onde o unico golo que marcou nos 90 min nem sequer deveria ter acontecido?