domingo, 29 de março de 2009

Liedson para ilustrar a questão das naturalizações


Estou há já bastante tempo para escrever sobre um assunto que voltou a ser debatido na praça pública mais frequentemente após o jogo de Alvalade que opôs o Sporting ao Benfica, o da chamada de Liedson à selecção de todos nós. Como se trata de um assunto pelo qual sinto especial prazer em defender a minha posição, aguardei por um momento em que me sentisse motivado e inspirado para fazê-lo. Momento esse que, olhando para as estatísticas dos últimos jogos da selecção (57 remates nos últimos 3 jogos, 0 golos), creio ter chegado.

Se me permitem o “à parte”, gostaria só de expressar a minha indignação pelas escolhas de Queiroz para a posição mais avançada do terreno e para a qual as opiniões relativas à chamada do levezinho para ocupar o mesmo se dividem. Hugo Almeida tem sido presença assídua nas convocatórias do Professor, em seis jogos marcou um golo e tem deixado muito a desejar nas suas exibições, Orlando Sá foi uma vez chamado à experiência, para começar a habituar-se a estagiar com craques como Cristiano e não mais voltou (pelo andar da carruagem – continua sem ser titular no Braga, assim vai continuar, ausente, por mais alguns meses), Edinho teve agora a sua meia oportunidade, uma vez que para ser considerada “oportunidade” ele teria de ter pisado o relvado, no mínimo, isto quando Queiroz afirmava já terem acabado as experiências, Yannick Djaló foi também apenas uma vez se não me engano. Quem não foi mesmo chamado foi o melhor avançado português da actualidade, de seu nome Nuno Gomes que até é, por acaso, o mais experiente de todos eles (e naturalmente o mais velho, 32 anos), com 29 golos em 75 internacionalizações e com, olhando apenas para os dados no Benfica, 154 golos em 362 jogos, o que dá uma média de pouco menos de meio golo por jogo, média esta espalhada ao longo de muitas épocas de liga portuguesa, intercaladas com uma experiência em territórios italianos, na Fiorentina, onde, ao lado do actual director-desportivo Rui Costa, voltou a ganhar títulos (uma Taça de Itália) nas duas épocas que lá realizou e com a experiência, de que poucos se podem orgulhar, adquirida pelo Mundo fora com a camisola das quinas, já referida há pouco. Pois bem, em todas as revoluções trazidas por treinadores e seleccionadores aos seus clubes/selecções costumam haver sempre preteridos e, neste caso, parece que Queiroz já escolheu o dele há muito tempo, ao não colocar o seu nome em nenhuma das convocatórias. Tenho muita pena, sinceramente, que tenha calhado a fava a um jogador do calibre de Nuno Gomes, que tanto joga e faz jogar.

Voltando ao tema inicial e que me leva a escrever, começo por afirmar que, à típica pergunta do “sim ou não” à chamada de Liedson à selecção das quinas, assim que o seu processo de naturalização esteja concluído, a minha resposta vai, obviamente, incidir no “sim”. Perguntarão porquê.

Em primeiro lugar, acredito, como acho que deve ser, que nem o futebol nem nenhuma actividade se pode sobrepor à lei, isto é, quando se diz que se está contra a chamada de naturalizados à selecção, parte-se de um princípio que vai contra a lei, um jogador que se naturaliza português passa simplesmente a ser português e, como tal, a possuir os mesmos direitos e deveres que têm todos os outros. Se um país estabelece como base para um indivíduo se poder naturalizar, 6 anos de residência no país, então ao fim de 6 anos, não há nada que se possa fazer para contrariar a situação, e uma vez naturalizado, encontra-se em pé de igualdade, relativamente aos restantes jogadores nacionais, no que às convocatórias diz respeito.

Segundo ponto que me parece inegável: uma vez aberta a primeira excepção deixa de haver qualquer argumento contra a chamada de jogadores naturalizados. Fala-se já em estabelecer limites de jogadores deste tipo. Afirma-se que, tendo a selecção nos seus quadros, actualmente, já dois jogadores (nacionalizados) portugueses, de descendência brasileira, não se deve chamar mais que um ou dois ou já não se deve chamar nenhum, invoca-se que, por este andar, qualquer dia teremos 11 jogadores luso-brasileiros a disputar um jogo com a camisola de Portugal, ou até mesmo os 25! Lamento dizer isto, mas a partir do momento em que, nos anos 60, Lúcio (origem brasileira) foi convocado para a selecção, o precedente está aberto, pelo que eticamente não se pode delimitar um número de jogadores, na minha opinião, vai contra os Direitos Humanos. Convoca-se o 1º (Lúcio) e porque é que o 2º, que está nas mesmas condições, também não tem os mesmos direitos? E, se o 1º e o 2º foram convocados porque é que também não o pode ser o 3º? E assim sucessivamente… Chegamos aos 15 nacionalizados numa convocatória. Estabelecer um limite de 15? Porque é que o 16º, que se calhar até é mais português que os outros, não pode? E assim sucessivamente…

Argumento que penso estar totalmente errado é também o que justifica o “sim” à chamada de jogadores naturalizados consoante a sua qualidade. Assim, se o jogador tiver qualidade, “sim”, senão, “não”. Aqui está-se já a entrar num domínio completamente fora do debate, uma vez que já nada tem a ver com a chamada de jogadores naturalizados. Foram várias as pessoas que ouvi pronunciarem-se a favor da chamada de Liedson, pelo facto do ainda brasileiro ter uma qualidade acima da média. A uma destas pessoas perguntei eu: então e se o jogador for mau, és contra? Ao que este respondeu, como esperava: sim. Digo que isto já nada tem que ver com o debate, visto que isto tanto acontece com brasileiros, franceses, ingleses, japoneses, etc, que se queiram nacionalizar portugueses, como com os jogadores de origem nacional: se forem bons, sou a favor, se não, sou contra. Mas quer dizer, podemos debater todas estas convocatórias, mas o seleccionador é que tem o poder e a liberdade para escolher os nomes que pretende que façam parte do grupo. Se este entender convocar metade de jogadores de qualidade bastante duvidosa, sem quaisquer provas dadas, para não dizer maus, as pessoas têm de aceitar, mas, como disse, isto tanto se passa nos jogadores portugueses, como em todos os outros, pelo que penso que esta questão transcende a questão principal – uma vez naturalizado, um jogador passa a pertencer ao país, como cidadão do mesmo, e a ter os mesmos direitos e deveres dos restantes, independentemente das suas qualidades profissionais.

Para terminar, referir só que há um pequeno bicho, em relação ao qual não vale a pena lutar, visto ser inevitável e ter tendência para aumentar a cada dia que passa, chamado “globalização”, e que se caracteriza como uma integração e interacção de pessoas de todo o Mundo nos seus diversos cantos, na qual os aspectos culturais, por exemplo, fazem parte dessas interacções, o que, por sua vez, contribui para uma cada vez maior ausência de fronteiras entre países, isto é, uma menor distinção das culturas predominantes em cada país.

9 comentários:

Anônimo disse...

até me admira que estejas a ir contra a opinião do teu "ídolo2 luis freitas lobo (só diz disparates e tem a mania) que odeia brasileiros e que, em cada progrma, fala mal deles e como é obvio nao os quer na selecção.

eu tenho a mesma opinião que tu, sou a favor de liedson e até do p.assunção na selecção, pois os grandes jogadores são sempre bem vindos e não tenho qualquer problema por serem naturalizados.

Anônimo disse...

Totalmente de acordo. No entanto penso, como sabes, que a questão deve ser ponderada, ou seja, nem 8 nem 80, senão deixariam de esxitir selecções mas antes clubes que representam paises. No entanto, penso que isso não irá acontecer. Cabe a Portugal formar jogadores do calibre de Deco, Pepe, Liedson, etc.

Rodriguez

Anônimo disse...

O único problema que se me põe é o de discordar que um jogador brasileiro (Deco,Pepe,Liedson, ou outro....) se naturalize português porque sabe não ter lugar na selecção do seu país e, então, recorre ao "caixote de lixo".
Noutros países, em que o futebol foi sempre encarado a sério,naturalizaram-se cidadãos de ex-colónias e filhos de emigrantes que os registaram, com a sua nacionalidade, mesmo tendo já nascido no país de acolhimento.
São dezenas e dezenas de casos, numa França ou Inglaterra....
Brasil deixou de ser colónia lusa há cerca de 200 anos e estes "rapazes" que representam Portugal fazem-no por oportunismo.
Quanto à globalização,agora tão contestada devido à crise económica ,justificaria, quanto a mim, a constituição duma selecção da Terra para defrontrar - daqui a uns anitos - as formações da Lua, Marte, Vénus, etc., excluindo a estrela mais próxima (Sol) porque ali faz muito calor...
E,assim, não haveria problemas de naturalização.
JA

Anônimo disse...

JA: preferes o sangue ao suor. Eu prefiro o suor ao sangue. Prefiro ter um matador que dá 100% em campo como o liedson que marca golos, muitos golos 8ao contrario de hugo almeiad´s ou danny´s) ...

liedson já!

Anônimo disse...

Tantos elogios ao Liedson, levam-me a perguntar :
-se marca assim tantos golos, porque é que o Duda não o convoca para a selecção canarinha ?
Porquê ?
Porque daquilo há muito lá pelos Brasis......
JA

Pedro Nogueira disse...

JA o teu ponto de vista parece-me totalmente errado logo desde o início do comentário, uma vez que, ao afirmares que o teu problema se prende com o facto de os jogadores brasileiros (que têm sido os únicos protagonistas destas naturalizações) se naturalizarem portugueses apenas por não terem lugar na "canarinha". A opinião é legítima, porém apenas se aplica a Liedson (31 anos, Sporting), que não parece ter qualquer “chance” para o fazer – o próprio Dunga o admitiu, afirmando que a selecção está bastante bem servida de avançados –, visto que qualquer dos outros dois casos actuais – Deco e Pepe – , não se encaixam de maneira nenhuma neste argumento. Assim, Deco tinha acabado de se transferir para o Barcelona e contava no seu bilhete de identidade com 26 anos de idade e Pepe tinha acabado de rumar ao Real Madrid e tinha 25 anos, pelo que não encontro explicação para pensarem não ter qualidade (hipóteses) para representar a selecção do seu país de origem, vejo, isso sim, um acto de determinação e vontade de representar a selecção portuguesa, como reconhecimento pela maneira como foram tratados no país que lhes abriu as portas do Mundo, no que ao futebol diz respeito. Relembro as palavras de Deco, na altura, quando confrontado com a possibilidade: "É até uma forma de agradecimento e de respeito por aquilo que este país me deu e ficaria satisfeito se isso acontecesse". Relativamente aos jogadores utilizados por “países onde o futebol é encarado com seriedade”, temos casos dos mais variados onde posso destacar Camoranesi (origem argentina) a jogar por Itália desde 2003 ou Marcos Senna (origem brasileira), campeão europeu pela Espanha e internacional espanhol desde 2006, países onde penso que o futebol é levado muito a sério. Relativamente aos países que nomeaste, é melhor preparares-te, pois Inglaterra prepara-se para acolher um guarda-redes de 31 anos, espanhol, sem espaço na selecção do seu país (tapado por Casillas e Reina), de seu nome Manuel Almunia que, só para terminar, referiu que, “no futuro, se a Espanha não me chamar, então tenho de olhar por mim e tentar jogar futebol internacional”. Bastante esclarecedor.

Anônimo disse...

ó JA mas tu és burro ...

para a selecção portuguesa o liedson é um jogador FENOMENOMAL e Fabuloso. é melhor que hugo almeirda, n.gomes ou postiga. mas a selecção do brasil é 10 vezes melhor que a nossa e por isso liedson não é melhor nem do que adriano, nem do que pato nem do que luis fabiano ... por isso tem lugar de caras como titular indiscutivel em portugal.

mas no brasil nem no banco tem, pois o brasil é muito, mas muito melhor q a nossa selecçao,.

Anônimo disse...

Esse anónimo que considera ser burro quem manifesta uma opinião (fundamentadíssima....)não tem o mínimo respeito pelas posições dos restantes comentadores.
Por tal NEM DESPREZO MERECE.....

Anônimo disse...

Falta a assinatura do último comentário : JA.
Este esclarecimento é tão-sòmente dirigido aos "racionais" que entram neste fórum.....