Hoje venho falar da temática, muito batida ultimamente, Quique Flores. No meu texto, irei basear-me no vídeo desta semana que Pedro Ribeiro fez para À Lei da Bola, programa online que junta Pedro Ribeiro (Benfica), José de Pina (Sporting) e Pedro Marques Lopes (Porto) que, em clips de 4 a 8 minutos falam sobre a actualidade dos seus respectivos clubes com um tom humorista. Nesta semana, Pedro Ribeiro intitulou o seu vídeo de Quique: CTRL+ALT+DEL, numa alusão ao facto da equipa já há muito ter bloqueado com o espanhol e, como tal, o Benfica ter o dever de “terminar a tarefa” de Quique (despedi-lo) e “iniciar nova tarefa” (contratar outro treinador). E porque é que escolhi um vídeo de Pedro Ribeiro? Simples, a primeira das três vezes que já o ouvi fiquei impressionado com o animador da Rádio Comercial, ao ouvi-lo tocar em pontos que já defendo há algum tempo. Antes de partir para estes pontos, gostaria de referir a altura em que Pedro Ribeiro, também comentador da Sport-tv, afirma que Quique parecia uma pessoa civilizada, que percebia de bola, o que, juntando à lembrança de Pedro Ribeiro de que o Benfica, em Janeiro se encontrava na primeira posição, sem derrotas (única equipa dos principais campeonatos europeus sem derrotas), leva a questionar como é que a equipa está neste momento com 5 derrotas (uma média de uma derrota a cada seis jogos) e olhando para as exibições do Benfica em casa contra o Nápoles e o Sporting, levanta ainda outra questão: como é que é possível a equipa jogar tão mal? A tendência de uma equipa, como aconteceu claramente com o FC Porto é, mesmo começando mal a época, vir a subir de rendimento. Uma equipa que joga pior a cada jogo que passa, acumula cada vez mais derrotas com o passar das jornadas em vez de acumular mais vitórias, significa que algo está errado, e se olharmos para este (de Quique) Benfica não conseguimos ver um fio de jogo, uma dinâmica bem interiorizada pelos jogadores. No início da época elogiei, não só o potencial e a qualidade dos jogadores, como também o de Quique, pois, como diz Pedro Ribeiro, Sanchez Flores parecia mesmo perceber de futebol, ser uma pessoa calma, educada, com princípios e ideias bem definidas para o seu Benfica e para a sua carreira profissional, o que é facto é que, pelo que jé referi, o espanhol não convenceu e cada vez mais os seus discursos deixam adivinhar uma promoção pessoal, feita para cair bem no seio dos outros clubes, espanhóis e não só, o que, a juntar às declarações feitas ao longo da época aos media espanhóis, que vão de encontro às afirmações do treinador que várias vezes se fez ouvir, dizendo não saber se ficaria na próxima temporada e tudo mais. Com isto pego já num dos pontos tocados por Pedro Ribeiro, que me parece ser bastante importante: o homem que há quatro anos tinha um programa na SIC Radical, denominado Conversas Ribeirinhas, afirmou que a tolerância dos adeptos durante todo o ano foi à prova de bala. Ponto 1: tolerância dos adeptos ao projecto Rui Costa-Luís Filipe Vieira foi completamente inolvidável, com os adeptos a assistirem à derrota com o Galatasaray em casa por 0-2 e a baterem palmas no final do jogo à equipa – se tivéssemos a falar sobre equipas inglesas, tudo isto seria normal, mas não nos podemos esquecer que estamos em Portugal (!). Ponto 2: rescisão com Léo, este é um ponto sobre o qual muitos benfiquistas ainda hoje deverão estar à espera de explicações mas que logo se percebeu que teve como motivo principal a relação do brasileiro com Quique e não o facto dos pais estarem em estado grave. Após um grande esforço de Rui Costa para renovar com Léo, melhor lateral do Benfica desde há muitos anos [que] foi despedido pela porta do cavalo, Quique resolve pô-lo de castigo, afirmando que lhe fazia bem estar de fora para aprender os erros que comete no seu jogo. Ninguém sabe que erros são esses, tirando aqueles que até os melhores têm, comuns a qualquer jogador, mas Quique, teimoso e conflituoso com os jogadores, lá reparou que Léo, jogador bastante acarinhado pela massa associativa da Luz, por deixar tudo em campo, tinha alguns defeitos que seriam corrigidos, quando este visse jogar Jorge Ribeiro, jogador que também não convenceu Quique, que optou adaptar David Luiz ao lugar. Dir-me-ão que não foi por isto que o Benfica deixou escapar mais um campeonato, também sei, mas é mais um jogador de grande qualidade num plantel que esta temporada tinha a obrigação de conseguir o apuramento para a Champions (o mínimo exigido), mais uma solução. Ponto 3: a equipa não joga nada, sobre este ponto não há muito a dizer, a equipa não tem fio de jogo, a dinâmica ainda não foi interiorizada pelos jogadores, porém a questão que se coloca é a seguinte: será que alguma vez irá ser? É que Quique Flores só uma vez repetiu três vezes consecutivas o mesmo onze, o que leva qualquer adepto a ponderar se este é o caminho certo para o clube, pois creio que é este o motivo principal para a equipa não ter fio de jogo, o facto de Quique não ter um onze base definido, tendo, por exemplo, posto Aimar a segundo ponta-de-lança, nº10, extremo-esquerdo, extremo-direito, Rubén Amorim jogou a grande maioria da temporada a ala-direito, em detrimento da sua posição de origem (médio-defensivo/médio-centro), considerado o erro mais gritante pelos adeptos, em geral. E por aí em diante…Ponto 4: chicotada psicológica, é este o desejo de muitos benfiquistas e a ideia que passa cá para fora, apesar do voto de confiança deixado por Filipe Vieira (que, normalmente, não avizinha coisas boas para os treinadores), é a da vontade de ambas as partes em rescindir contrato, porém, nestas situações há sempre estratégia de ambas as partes, assim Quique tem vários clubes, essencialmente espanhóis (tais como o Bétis), na sua peugada, mas no entanto o espanhol não quer ir com os bolsos vazios e, como tal, vai passando a ideia que está cá para cumprir contrato até final mais um ano), por sua vez o Benfica, como o demonstra o voto de confiança deixado pelo presidente, também não quer gastar os tais 3 milhões de euros na rescisão unilateral de contrato, pelo que afirma que o treinador vai manter-se até final de contrato – é este o jogo vivido actualmente pela estrutura encarnada, com as duas partes esperando a cedência da outra. A solução poderá mesmo passar pela rescisão amigável, comum neste tipo de casos, para agradar minimamente ambos os lados. E aqui Pedro Ribeiro é muito claro: defendo que não se deve andar a trocar de treinador todos os anos em nome da estabilidade, mas dá-me ideia que estabilidade má ainda é pior. É que insistir na estabilidade só pela estabilidade não vejo [a vantagem]. Pois bem, Alex Ferguson também levou 6 anos para conquistar o campeonato inglês desde que chegou ao United e foi, até, bastante contestado. No entanto, é precisamente neste ponto que penso que se deve focar um clube, para bem do funcionamento do mesmo, não se deve avaliar apenas o trabalho presente, a última conquista do treinador, há quanto tempo foi, mas sim as suas competências, porém não creio que um treinador que a perder em casa com a Académica só se mete ao ataque a 20 minutos do fim, seja o treinador ideal, pelo menos para um clube da dimensão do Benfica. Solução, em jeito de conclusão: arranjar um treinador competente, que perceba realmente de futebol e que entenda a realidade do futebol português para, aí sim, se poder insistir na estabilidade. Caso contrário, de nada serve insistir na estabilidade.
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