Toni é bastante pragmático ao abordar o futuro de Moreira após a saída da Luz. "Não será fácil para ele porque há uma grande carga sentimental, já que passou muitos anos no Benfica, mas a vida não acaba aqui e, aos 27 anos, há-de afirmar-se noutro clube para onde vá", refere de forma categórica o técnico que lançou o guardião.
"Foi frente ao V. Guimarães, na Luz. Logo nos primeiros minutos o Enke lesionou-se e fiz entrar o Moreira que estava a dar os primeiros passos", recorda Toni recuando até 2001 quando o jogador tinha apenas 19 anos.
"Já na altura tinha bons reflexos, uma correcta leitura do jogo e era forte entre os postes. Além disso, sempre teve interesse em aprender e muita motivação para triunfar. Por isso, não tenho dúvidas que o Moreira tem todas as potencialidades para prosseguir a carreira num nível elevado, até porque já sofreu algumas lesões e teve sempre perseverança para lutar", garante o treinador, de 62 anos.
Quanto à decisão do Benfica em não renovar contrato com o guarda-redes, Toni joga à defesa. "Quem toma esse tipo de decisões está avalizado para o fazer. É sinal de que entenderam que o tempo de Moreira no clube se esgotou", refere Toni que deixou recentemente o comando técnico do Al Ittifaq.
Pois bem, hoje, a partir deste texto publicado no site do diário desportivo Record, vou partilhar um pouco da minha opinião e/ou visão sobre a velha questão que todos os dias se discute para os lados da Luz desde que Preud’Homme decidiu colocar um ponto final na sua carreira como guarda-redes, e já o fez em 1999, exactamente na velha Luz, a questão do guarda-redes. Para começar lanço a pergunta: será bem, isto é, será um bom acto de gestão desportiva e não só, mandar embora um profissional formado na casa, um profissional que nunca causou problemas e, que, antes pelo contrário, é sempre lembrado como um profissional exemplar, daqueles que causa bom ambiente no grupo. É óbvio que a questão não pode ser assim colocada, uma vez que esta questão é logo ridicularizada à partida se se tratar de um profissional sem qualidade. Assim, e transportando o texto para o cerne da questão: Moreira foi contratado pelo Benfica ao Salgueiros em 1999, precisamente na temporada em que o lendário belga Preud’Homme pôs um fim à sua longa carreira, tinha então 17 aninhos. Esse mesmo Moreira foi crescendo e cedo saltou para a ribalta começando a sua caminhada de titular absoluto em 2002-03 com 20 anos, aproveitando da melhor maneira a saída de Enke para o Barcelona, caminhada esta que terminou a meio da temporada de 2004-05, dois anos volvidos, após o jogo no Restelo onde o Benfica foi derrotado para a Liga, última que viria a vencer, por 4-0 e onde, curiosamente, José Moreira foi considerado unanimemente pela comunicação social, o melhor em campo. Desde essa data, com algumas lesões complicadas pelo meio, que Moreira tem vindo a perder o seu espaço e nunca mais encontrou o caminho para a titularidade que passou, desde então, a pertencer a Quim. O mais engraçado de tudo isto, é que não se ouviu uma única palavra de desagrado de Moreira ao longo dos tempos, foi sempre um profissional exemplar e, ainda mais engraçado, trata-se, a par de Quim, do melhor keeper do plantel, não do deste ano, mas de todos desde que Quim chegou à Luz, em 2004-05. Venham Morettos, Júlios César, e muitos outros de qualidade idêntica, que não vão ser estes que o irão, nem a Quim, derrubar do cadeirão.
À partida para esta temporada, Quim e Moreira, precisamente os melhores guarda-redes, praticamente em pé de igualdade olhando apenas à sua qualidade técnica, entraram no seu último ano de contrato. Quim esteve prestes a sair até, depois de a imprensa apontar a sua posição como alvo prioritário de reforço para a temporada que se avizinhava. Invocava-se a sua idade já avançada, conjunto com a sua vontade de experimentar o estrangeiro, como factores que poderiam levar à sua saída um ano antes de o seu contrato expirar. Moreira, como sempre, manteve-se sereno e confiante, sem nunca levantar ondas com qualquer comentário que pudesse pôr em causa o seu profissionalismo ou abanar a sua equipa. Contratou-se também um guarda-redes que nunca mostrou ser igual (já nem digo melhor) do que estes dois, tendo sido, inclusive, o guardião mais batido do último campeonato (e com isto não quero desvalorizar a capacidade do Júlio César, que até ao momento considero medíocre, nada que justifique, obviamente, a titularidade na equipa encarnada, nem sequer na Liga Europa depois da passagem da fase de grupos, se realmente vier a acontecer).
Vamos então ao ponto onde quero chegar: o Benfica está-se a preparar para contratar um grande guarda-redes, já não era sem tempo, direi eu e mais alguns!, o Benfica tem em Moreira e Quim bons guarda-redes mas não são grandes guarda-redes. Então para quê ir buscar Júlio César, guarda-redes jovem (23 anos) sem provas dadas e querer “dispensar” (não-renovar com) Moreira e/ou Quim? Ainda para mais quando a escolha mais fácil e tentadora parece recair sobre Moreira (que, já se percebeu há muito, se trata da 3ª escolha de Jesus para a baliza), no caso de se escolher apenas um dos dois. Por tudo o que já referi, penso que o mais indicado, no caso de se escolher entre ambos, será a escolha recair sobre a renovação de Moreira. Mas o que penso ser a medida mais acertada de todas ainda, se me é permitida a ousadia, é a manutenção dos dois, a dispensa (porventura por empréstimo de Júlio César) e a contratação de um grande guarda-redes! Agora, mandar embora o Moreira penso ir contra toda a política que o Benfica tem vindo a seguir, com Rui Costa ao leme do departamento do futebol, que passa também pela manutenção dos símbolos da equipa, que já são muito poucos por sinal… (tirando Moreira, que represente verdadeiramente um símbolo, não encontro mais nenhum que não seja Nuno Gomes).
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