Ainda há pouco tempo tinha manifestado a vontade de terminar a carreira no Benfica, depois de ter passado na Luz três grandes temporadas, provavelmente das melhores temporadas da sua carreira. E das melhores temporadas de que os adeptos têm memória no que respeita a guarda-redes. Aquando da saída de Preud’homme (pendurou as botas quando a temporada 1998-99 chegou ao fim), os adeptos tinham “só uma” preocupação, entre muitas outras, quem sucederia nas redes encarnadas, uma vez que estas tinham acabado de ficar órfãs de um grande guarda-redes. Se a tarefa de agradar a quem assiste o jogo do 3º anel da Luz já é só por si missão impossível, então escusado será classificar a mesma missão, acrescida ao facto de que quem viesse, fosse suceder o gigante belga. E agora? Quem com arcaboiço para não só responder afirmativamente, como também juntar à tal missão impossível empenho, dedicação, classe e profissionalismo? A resposta era simples e encontrava-se no Borussia de Monchengladbach. Tratava-se de um jovem guardião alemão de 21 anos (Preud’homme retirou-se com 39) de seu nome Robert Enke e que não tardou (três anos) em se transferir, a custo zero, para um dos melhores clubes do Mundo, para muitos o melhor, o Barcelona, e em deixar novamente a massa adepta benfiquista com os nervos em franja pela incógnita do homem que tem como missão manter a baliza inviolável o máximo de tempo possível. Estas tinham ficado mais uma vez entregues ao Deus Dará e desta feita não era o gigante, velho e sábio belga a deixar saudades mas sim o surpreendente, outrora desconhecido e tecnicamente dotado, alemão. Aqui fica a minha homenagem a um dos melhores guarda-redes (foi, em 2009, considerado o melhor guarda-redes a actuar na Bundesliga e preparava-se para constar no plantel da mannshaft no Mundial 2010, sendo apontado como o nº1 da baliza alemã) que já passou pelos relvados portugueses e que está neste momento a deixar os adeptos do nosso país, aqueles que realmente sentem o futebol, inevitavelmente nostálgicos por tudo o que Robert já nos deu…e pelo que ficou para dar, quem sabe se já na próxima temporada! A par de tudo o que já aqui foi dito, Enke era ainda uma pessoa extremamente dada a causas humanitárias e um profissional que todos os adeptos adoram ver com as suas cores.
E eis que, com apenas 32 anos, três anos após o falecimento da sua filha de dois anos, Enke se suicida, deixando órfãos, não só a sua mulher, mas todos os adeptos que viam em Enke o grande guarda-redes que fugia às redes encarnadas desde a temporada 2001-02, a sua última de águia ao peito, e todos os outros que sabem despir a camisola e apreciar bom futebol. “Obrigado Enke, em nome de todos nós!”
Um comentário:
O malogrado GR foi, em vida, um símbolo, quer desportiva, quer socialmente.
Grande Enke!
Pena que tomasse tão fatídica decisão
Os desportistas portugueses, em geral, e os benfiquistas, em particular, jamais o esquecerão!!!!!
JA
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