sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Paulo Bento e o fim de um ciclo que durou 4 anos e...4 meses


Está dada como consumada a aventura de quatro anos de Paulo Bento ao leme do Sporting. “Ainda bem!”, pensarão muitos dos adeptos leoninos, ao contrário dos seus rivais que terão opinião completamente oposta. Pois é, pessoalmente, e apesar de reconhecer mérito nas conquistas de Paulo Bento ao longo dos últimos quatro anos (para além das Taças conquistadas, realço a passagem histórica aos oitavos-de-final), não gosto, nunca gostei, do mesmo, não pela sua qualidade técnica (que apesar de reconhecer que ela existe – avaliando pelos resultados é inegável – também tenho de reconhecer que tecnicamente Paulo Bento não é, nem pouco mais ou menos, um grande treinador. Tanto assim é que nos fartámos de ver o Sporting a jogar no seu losango fosse qual fosse o adversário, nunca se adaptando ao seu estilo de jogo. Assim, o Sporting, jogando com o Pescadores ou com o Chelsea, encarou sempre o jogo da mesma forma, mesmo que as baixas do plantel sugerissem a adaptação ou a adesão a outro esquema táctico. Várias foram as críticas a este facto nos primeiros tempos, tendo as mesmas vindo a decrescer de tom com o passar dos anos de Bento à frente da equipa, uma vez que os adeptos e os seus críticos cedo se aperceberam que o seu comportamento não iria mudar por nada deste Mundo.

Apesar de tudo o que referi, devo confessar que a principal razão da minha embirração com Paulo Bento se prende com uma característica que muito aprecio nos treinadores e que me faz gostar tanto de Mourinho, característica esta que Bento não possui e que o torna, na minha opinião, no pior treinador da Liga, provavelmente, a sua capacidade de motivação, que vai desde as polémicas com Stojkovic, Vukcevic e Miguel Veloso, tudo jogadores que, em fases distintas, poderiam e deveriam ter sido aproveitados de outra forma, com Veloso a constituir a situação menos grave; passa pela comunicação com a imprensa, assim, e apesar de Bento ter conseguido criar um bom ambiente (relativo) com a mesma, ficou por diversas vezes mal nas “fotografias” das conferências de imprensa, inventando bocas infelizes e que em nada abonam a sua imagem; até à permanente vitimização (muito própria da cultura sportinguista e cada vez mais acentuada) perante as arbitragens que assombraram cada um destes quatro anos e quase meio.


Começa a escolha e a especulação…

Como é natural, e nada surpreendente, irá agora começar uma nova novela – a da escolha do sucessor de Paulo Bento – novela esta que deverá durar poucos dias, arriscarei uma semana. Não deverá levar muita mais, nem muito menos que este tempo a escolher um treinador. É também provável que o Sporting saia a terreiro, referindo que não tem pressa na escolha e que o mais importante é não se apressar, uma vez que “o próximo” será uma escolha para o futuro, ficando até lá o plantel entregue às mãos de Leonel Pontes, ex-adjunto de Bento. Agora vou aqui arriscar um nome, um que me veio logo à cabeça assim que recebi a notícia da decisão de Bento, um nome que penso reunir grande parte dos requisitos pensados pela massa adepta leonina. Um nome que vai de encontro ao que o Sporting já chegou a deixar fugir e que reúne nos adeptos a ilusão de que as coisas melhorem e que descubram o novo Mourinho. Falo obviamente de André Villas Boas, técnico que começou a época na equipa técnica de José Mourinho, da qual já fazia parte há 7 temporadas, mas que no passado dia 14 de Outubro substitui-o Rogério Gonçalves no comando técnico da Briosa. Trata-se de um técnico jovem (32 anos, assumiu o comando técnico da Académica com 31!), ambicioso, metódico e perfeccionista. Pegou na Académica, tinham os estudantes 3 pontos, o que os colocava no último lugar da tabela a 4 pontos do penúltimo classificado. Desde essa data, apenas dois jogos para a Liga se passaram: uma derrota por 3-2 no Dragão (na sua estreia oficial como treinador principal na principal divisão portuguesa), tendo a Académica batido-se com grande dignidade e causado muitas dificuldades aos portistas, que inclusivamente ganharam com um golo marcado por Farías em posição irregular e uma vitória em casa por 2-0 frente ao V. Guimarães, num jogo que todos reconhecem como difícil.

Uma coisa é certa, no caso de se verificar este meu prognóstico, que, como sempre nestes casos, tem uma probabilidade muitíssimo maior de não se concretizar do que o contrário, tal é o número de possibilidades que existe, será sempre uma aposta de risco, uma vez que Villas Boas apenas realizou três jogos como técnico principal (o outro foi para a Taça, o primeiro oficial de Villas Boas, em casa contra o Portimonense – vitória para a Académica por 2-1), estando a ser sobrevalorizado pela imprensa nacional, por ter escola Mourinho e por estar a conseguir recuperar a Académica, desenvolvendo em pouquíssimos dias o futebol da Académica que com Rogério Gonçalves andava de rastos e que deu uma resposta impressionante no Dragão, demonstrando que com o jovem técnico será um duro osso de roer, não se sabendo, contudo, se conseguirá singrar como treinador principal, ainda para mais numa fase tão inicial da sua carreira. Recordo que Mourinho teve a sua primeira experiência como técnico principal em 2000-01, no Benfica, quando tinha 37 anos e Carlos Azenha no V. Setúbal, esta época, com 43 anos, onde não resistiu aos maus resultados e foi despedido a meio de Setembro. Ou seja, é fundamental estarem reunidas as condições para o treinador ter sucesso, condições estas que o próprio também tem o dever e a capacidade para as criar, agora obviamente que terá de ter uma estrutura por trás minimamente capaz de o suportar.

Vejo até agora em Villas Boas um treinador com semelhanças ao Mourinho de 2000-01, contudo é ainda muito cedo para opinar sobre o mesmo.


vídeos ( 1 ; 2 ; 3 ; 4 )

Um comentário:

Anônimo disse...

Muito mal vai o SCP ao substituir o "Pato" Bento por um dos maiores coveiros fo futebol luso ( vide, Belenenses, Setubal -2ª passagem- Braga, Marítimo, entre outros ).
Quanto à casmurrice do anterior treinador está mal configurada com a manutenção do losango, quer ao defrontar o Chelsea, quer a jogar contra os Pescadores da Caparica.
Tanto quanto me recorde, não competiu nunca com o Chelsea e, com os Pescadores, só no próximo dia 22/11. Pode orientar em pensamento, claro, com losango ou sem ele....
JA