Em Outubro passado, deu-se no Egipto o Mundial de sub-20. Como sempre ocorre nestas ocasiões (esta não fugiu à regra) e sempre que o tempo me permite sigo todos os jogos que posso das competições com o carimbo da FIFA que opõem, teoricamente, os melhores jovens de cada país. Como também sempre me ocorre no pensamento, “no final do torneio irei colocar no blog os jogadores que mais me impressionaram”, porém mais uma vez fui adiando e não coloquei, pelo que espero aproveitar esta pausa natalícia, mais tardar inícios de Fevereiro, para colocar as minhas notas.
Como tive o cuidado de referir há pouco, sigo todos os jogos que posso e, por uma razão ou por outra, acabei por não ter o privilégio de ver o Gana jogar pelo que não poderei opinar sobre jogadores como Adiyiah, Osei, Agyei, etc (apesar de ter jogos da equipa gravados, agora que já sei que venceram a competição dou preferência a outro tipo de competições). Mas uma selecção tive o cuidado e a disponibilidade de acompanhar, a brasileira, aquela canarinha que todos os anos se nos apresenta qual um viveiro de talentos em bruto, fazendo sempre perdurar a tradição de um país que vive muito para o futebol e para o cristianismo, suas religiões. Desta selecção retirei duas referências ofensivas, das quais Rogério Lourenço não prescindiu uma única vez, excepto no último jogo da fase de grupos, altura em que o apuramento estava quase garantido e a competição iria entrar numa fase mais “séria”, tendo apenas entrado a 20 minutos do fim, foram elas: Alex Teixeira (o melhor do torneio, quanto a mim, o mais espectacular) e Alan Kardec, ambos a actuarem no Brasil, mais concretamente no Vasco.
De Alex Teixeira falarei aquando da elaboração do tão ansiado post, mas de Kardec falarei já neste, uma vez foi ele, numa altura em que se dá como certo o seu ingresso no Benfica, que me fez escrever esta noite. Mas antes, referir ainda que, pelo acompanhamento que despendi à canarinha e vendo esta selecção ir à final pensei cá para os meus botões, “deixa-me cá fazer o raio-x desta selecção”, pelo que irei de seguida colocar o excerto do texto que trata de avaliar o jovem ponta-de-lança brasileiro de apenas 20 anos:
Na frente encontra-se Alan Kardec, jogador que ainda este Verão vi associado ao Nacional. A imprensa falava de um possível empréstimo creio, no fundo uma situação idêntica à de Lulinha (emprestado actualmente ao Estoril) - jovem promessa que se tarda em afirmar no Brasileirão, porventura esta com cláusula de compra. O que é certo é que tem sido o grande matador deste Brasil, tem honrado o 9 que já pertenceu, entre outros, a Adriano, em 2001, numa selecção onde figuravam nomes como Kaká, Luisão, Maicon e Júlio Baptista. A sua finalização apurada é, sem dúvida, o último ingrediente desta 'máquina' que, como há pouco referi, não privilegia o jogo bonito, mas sim a vitória per si, com algumas jogadas mais elaboradas pelo meio, mas sempre muito simples, para aquilo que a 'canarinha' nos tem vindo a habituar ao longo dos tempos (e, infelizmente, a desabituar nos últimos anos).
Caso se venha a confirmar esta vinda, será sem dúvida um jogador de futuro, uma vez que será, a curto prazo, suplente de Oscar Cardozo, pelas suas características: ponta-de-lança de área, matador, verdadeiro 9, que faz uso da sua elevada estatura (185cm, 75kg) para ganhar fisicamente no confronto directo e finalizar friamente as jogadas como se lhe exige (4 golos em 7 jogos no Mundial sub-20, perfazendo média de 1 golo a cada 142 minutos). É uma compra que apoio, bom jogador, dos que vi, repito: não tive a oportunidade de ver o Gana jogar, foi o melhor 9 do torneio, sem qualquer dúvida. Agora atenção: trata-se de um jogador que chamou à atenção em 2007, ao apontar, com apenas 18 anos, 7 golos em 19 jogos no Brasileirão. Já em 2008 não conseguiu impedir o Vasco da descida de divisão como castigo de ter amealhado a antepenúltima posição, perfazendo uns escassos 2 golos nos mesmos 19 jogos. No ano que decorre, o pior registo, uma vez que à margem dos dados do Mundial de sub-20 realizado em Outubro passado, com os tais 4 golos em 7 jogos, eis que Kardec realizou apenas 6 jogos pelo Vasco, tendo ainda apenas 1 sido a titular da equipa, jogando, ao todo, 169 minutos (não chegando ao tempo de 2 jogos!!), e se no Vasco a situação foi péssima, no Internacional, onde se encontra até haver confirmação oficial da transacção, a situação foi….pior que péssima!: 124 minutos repartidos por 2 jogos, balanço de 2009: 0 golos em 293 minutos. Voltando ao alerta inicial, atenção ao clube que levar este jogador! Como sempre disse, continuando a dizer e defender, apoio os clubes que contratam pessoal pela sua competência e capacidade e não pelo seu currículo, nomeadamente, últimos feitos. E o clube que levar Alan Kardec, sendo que o vice-presidente do Vasco refere ser o Benfica, estará claramente a fazer isso, a avaliar pelos dados que aqui apresentei, uma vez que, volto a repetir (nunca é demais…), tirando o Mundial da categoria, o jogador tem vindo a decrescer em termos estatísticos, agora: será que tem vindo mesmo a decrescer? (E aqui é que reside a questão: pode-se ver evolução para além dos números, um jogador pode marcar menos 10 golos num ano mas estar mais trabalhador e oferecer mais à equipa, por exemplo) Prosseguindo com o pensamento de que Kardec ainda é jovem e de que a massa benfiquista terá de ser paciente, que é uma coisa que os adeptos em geral, acrescentando-se portugueses, em particular, não têm, uma vez que Kardec poderá (estou bastante convicto disso mesmo) pegar de estaca. Agora, apesar de estar bastante convicto dessa possibilidade, isto é sempre um tiro no escuro, uma vez que se no futebol tudo é incerto, a contratação de um jogador de 20 anos é disso mais um exemplo (lembrar Keirrison), uma vez que este está dependente de múltiplos factores para vingar como a sorte. A bola que bate na barra e sai ou a que bate na barra e entra. Um momento destes pode ditar o futuro de um jogador. Paciência é aquilo que se exige aos portugueses para ver crescer Kardec e não se perder outro…Luis Fabiano!
Um comentário:
Sobre Kardec, tece Marinho Peres os mais rasgados elogios.
Partindo dum dos melhores técnicos brasileiros que passaram por Portugal há que acreditar!!!!!
Já Keirrison, me deixa muitas, muitas dúvidas!!!!!!
JA
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