Alemanha 0 – Espanha 1
“Assim sim!”, bem poderão exclamar os espanhóis. Finalmente, após tantos e tantos jogos, a Espanha voltou a jogar 90 minutos à Espanha. Ainda só o tinha feito logo no 1º jogo, contra a vencedora Suíça. E perdeu. Poderão dizer os menos atentos que também contra Portugal jogou à Espanha. Discordo. Jogou à Espanha quando se apanhou em vantagem – logo, não jogou à Espanha – e num jogo cuja filosofia abordada pelo adversário encaixa perfeitamente (bem como contra os suíços) na filosofia espanhola.
Hoje vimos uma Espanha que sufocou a Alemanha. Poderá invocar-se a baixa de Muller e a verdade é que a perda de um jogador da qualidade do jovem alemão, estreante nestas andanças mas já com tanta preponderância na equipa, terá ajudado a ditar as leis do jogo. Sempre mostrei, e continuo a mostrar, ‘mágoa’ pela ausência de um dos melhores do Mundial, contudo sou capaz de afirmar, ciente de que suposições destas, ainda para mais em futebol, são completamente inúteis e infundadas, que mesmo com a presença de Muller em campo, em detrimento do apagadíssimo (nada jogou!) Trochowski, não bastaria à mannschaft para obter o passaporte para o último jogo de selecções que o Soccer City acolherá nos próximos largos meses.
Falava em sufoco por parte da Espanha à Alemanha, como também poderia referir apenas alguns nomes (Xavi, Iniesta, Xabi Alonso, Busquets, Villa, Sérgio Ramos,…) que seriam sinónimos dessa mesma descrição. É que, para bem do futebol, hoje vimos a Espanha a jogar sem qualquer tipo de medo de enfrentar a selecção que marcou 4 golos à Inglaterra e, mais recentemente, à Argentina, nos oitavos e quartos, respectivamente. Com Busquets e Xabi Alonso a garantirem os equilíbrios da equipa, com o 1º a ficar com missões mais defensivas e o 2º com autorização para se aventurar um pouco mais no terreno, tendo algumas investidas de vez em quando, Xavi colocou-se à frente da dupla a pautar enquanto que Iniesta e Pedro Rodríguez, que substituiu Torres no onze e implicou mudança de 4-3-3 para 4-2-3-1, estiveram endiabrados durante todo o jogo, trocando de flancos, fazendo diagonais e 30 por uma linha! Foi toda esta máquina a carburar, com Villa na frente a manter o nível que vem mostrando nos jogos passados e uma dupla de centrais de excelência, com Piqué encarregue de subir no terreno e iniciar, desde trás, a construção de jogo ofensivo da Espanha, que permitiu que Sérgio Ramos passasse praticamente todo o jogo no meio-campo da Alemanha, com poucas preocupações defensivas. Que não deu quaisquer hipóteses à Alemanha de aplicar a sua matreirice e frieza nos contra-ataques, simplesmente não deu.
A Alemanha terminou o jogo com 1 remate perigoso, com possibilidade vincada de golo, num remate de Toni Kroos bem perto de Casillas. Foi este o único lance que fez com que Casillas largasse o conforto da sua posição vertical, para se esticar ao comprido e defender em esforço.
Já a Espanha podia até ter feito o 0-2, não fosse Pedro demasiado guloso, ao ponto de não passar a bola a Torres que, recém-entrado e ao seu lado esquerdo se encontrava, numa jogada de golo absolutamente iminente. Acabou por perder a bola e também algum brilho que vinha acumulando desde o apito inicial e desmanchando o título de exibição irrepreensível que a imprensa teria obrigatoriamente e sem possibilidades de incorrer em facciosismos bacocos, de colocar.
Temos uma Espanha aparentemente recuperada para a final, face a uma Holanda que não deixou boa imagem na meia-final e passou sem brilhantismos, certamente, pois, com vontade de regressar em alta e temos também uma Alemanha ferida no seu orgulho, por aquilo que jogou, ou não jogou, com Muller de volta, pronta a defrontar um Uruguai muito emocional e que já demonstrou ter capacidade de poder disputar um jogo com os melhores, também ele com Suárez (e Fucile) regressado, apontando ao 3º lugar. Ainda ferve, ainda ferve…
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