quinta-feira, 12 de março de 2009

Ki Sung-Yong: contratem-no....agora!


Hoje falo de Ki Sung-Yong, médio actualmente ao serviço do FC Seoul. Trata-se de um jovem de 20 anos, de elevada estatura (1.87 cm, 75 kg), com uma visão de jogo e passe extraordinários, que lhe permitem lançar os colegas no ataque e gerir o ritmo de jogo com classe. Sung-Yong nasceu a 24.1.1989 em Gwangju, na Coreia do Sul, começou a dar os primeiros passos no futebol na Austrália, no John Paul College, colégio cristão considerado já por duas vezes (2002, 2003) como estando no top ten dos colégios de toda a Austrália, pelo jornal The Australian, e onde Sung-Yong era conhecido por David. Regressado à Coreia, Sung-Yong assinou pelo FC Seoul, em 2006, sendo nesse mesmo ano chamado à selecção de sub-20 do país. No ano seguinte, já em 2007, portanto, foi tido como um “jogador importante” em declarações de Senol Gunes, treinador turco do FC Seoul, à imprensa. Nesse mesmo ano, em Julho, pré-época de muitos clubes europeus e meio da época de muitos asiáticos, como é o caso dos clubes coreanos, o encontro que opôs o clube de Seoul com o Manchester United, na habitual digressão anual do clube por territórios asiáticos, fez logo levantar rumores de que o United tinha intenção de o levar para um período de duas semanas de testes em Old Trafford, rumor desmentido por um oficial do clube que afirmou que o clube não ouviu nada da parte do Man Utd ou recebeu quaisquer documentos formais e chamou à atenção da dificuldade que seria organizar testes com o jogador – uma vez que a época ia a meio, no país – que entretanto já foi dado como estando na órbita do Hamburgo e do…FC Porto. Nesta época, perfez um total de 25 jogos pelas cores do seu clube, no somatório das três competições do país (16 para a Liga, 3 para a Taça e 6 para a Taça da Liga). Apesar dos números e do suposto interesse dos red devils, o 17 não chegou a sair do país, a não ser para representar a selecção onde foi promovido aos sub-23 acumulando, no entanto, internacionalizações pelos sub-20. No ano de 2008, aquela que foi a temporada passada (neste momento, na Coreia, bem como no Japão e EUA, por exemplo, a época 2009 só agora vai começar), Ki Sung-Yong realizou uma grande época e tornou-se num jogador-chave ao ter ajudado o principal clube da capital atingir os playoffs de apuramento do campeão, entrando, inclusivamente, não na 1ª ronda nem na 2ª, mas sim nas meias-finais do mesmo. Depois de uma vitória no prolongamento (4-2) sobre o Ulsan Hyundai, o FC Seoul chegou à final, encontro onde o Suwon Bluewings levou a melhor, tendo ficado um resultado final, no conjunto das duas mãos, de 2-3 (1-1 na 1ª e 1-2 na 2ª). Como já foi demonstrado a época correu muito bem ao clube no que à K-League (Liga Coreana) diz respeito e a Sung-Yong que teve influencia directa para que tal acontecesse, ao lhe pertencerem 9% dos golos marcados pela equipa (4 de 44) e ao fazer uma assistência em 21 jogos (foram disputados 26 totais, numa liga de 14 equipas), tudo dados referentes à K-League. Para além destes números, Sung-Yong junta uma aparição na Taça Coreana e mais 6 na Taça da Liga do país, onde marcou, inclusivamente, um golo. A história de Sung-Yong, no plano desportivo, no ano de 2008 não se ficou por aqui, uma vez que os 28 jogos, 4 golos e 2 assistências feitos pelo coreano não passaram despercebidos ao seleccionador dos guerreiros de Taeguk, Huh Jung-Moo, e, como tal, o ano do Euro disputado na Áustria e Suíça também ficou marcado pela primeira chamada do jogador à selecção A do seu país natal (a sua estreia internacional deu-se a 7 de Junho de 2008, contra a Jordânia, cujo seleccionador da altura dava pelo nome de Nelo Vingada), onde já conta com 8 internacionalizações pela equipa principal e 2 golos, ele que nas camadas jovens da selecção apenas tinha feito um golo, nos sub-20. Depois de uma época tão positiva, a sua aparição no onze ideal da K-League foi recebida pelo público com a normal naturalidade. Passe avaliado em 3 milhões de euros…é preciso dizer mais?


2 comentários:

Anônimo disse...

concordo com esta análise feita pelo sr. nogueira, mas apenas em parte. nao estou tao impressionado com este jogador quanto o autor, que pelo menos parece encantado com este jovem médio. o meu unico conhecimento deste jogador é este vídeo, mas posso analisar as suas capacidades e constatar que, de facto, o coreano tem uma excelente visão de jogo e uma técnica de passe acima do normal, ainda por cima sendo daquela região do globo, que não é muito rica em talentos do futebol, apenas algumas (escassas) dezenas. por outro lado, nas situações que o vídeo mostra, o jogador está sempre a fazer o seu jogo, mas sem qualquer tipo de oposição adversária, o que, caso aconteça noutro campeonato mais exigente, pode anular os dotes técnicos deste indivíduo. por isso penso que este jogador não é, de todo, um activo que seja muito valioso para clubes com a dimensão de pelo menos, os 4 grandes de portugal, porque, para além de fazer passes bons e ter uma boa visão do campo, um pouco como o pirlo, que me parece ser o modelo para o jogo que este jogador faz, não lhe detecto outras capacidades, como de trabalho defensivo, ou de remate e finalização. penso que é preciso um pouco mais de evolução para este jogador ser o sucessor de hulk no que diz respeito a boas transferencias do oriente. de qualquer forma, o talento está lá, mas precisa de alguma (muita) lapidação.

Pedro Nogueira disse...

Caro João,

obrigado pela crítica construtiva, a qual discordo totalmente. Assim, apesar de reconheceres o talento deste jovem afirmas não ser nada "por aí além" e invocas que só se evidencia por estar a jogar na Coreia, dizes tu que, caso viesse para Portugal, seria muito provavelmente um flop. Isto foi o que, por estas ou por outras palavras, deste a entender. Pois esqueces-te que a história do Hulk é em tudo igual à de estas jovens promessas espalhadas pelo Japão, Coreia, China, e tudo mais: jogador sem currículo (foi para o Brasil com 19 anos, pelo Vitória e lá cresceu como jogador). "Descobri-o" há cerca de ano e meio antes de se transferir para o FC Porto, apenas 3/4 golos estavam disponíveis no Youtube e, no entanto, não pude deixar de pensar (ao ver aqueles tiros a 40 metros da baliza e aquelas jogadas fabulosas) que jogador seria aquele se fosse aproveitado por um clube europeu. Se os tivesses visto na altura em que eu os vi, o teu pensamento teria sido esse que estás a ter ao ler o texto de Sung-Yong, "só faz aquelas jogadas porque está no Japão e não tem a devida marcação e qualidade técnica por parte dos oponentes"...o que é facto é que, passados cerca de 8 meses da sua contratação, esse mesmo Hulk que brilhava nos relvados japoneses é o mesmo que, hoje em dia, brilha nos relvados da Champions e que começa a despertar a cobiça dos grandes colossos que, ainda há um ano atrás, o desconheciam. Por tudo isto, e muito mais, não percebo como é que podes afirmar que Sung-Yong não tem qualidade para brilhar noutros palcos, quando este tem apenas 20 anos e a sua qualidade é notória. Quando dizes que precisa de lapidação, é óbvio que precisa, mas também Hulk precisou e para isso serve o treinador, onde Jesualdo teve um papel fundamental na evolução do brasileiro, basta ver a evolução da sua cultura táctica ao longo destes meses para se perceber que o talento tem de ser lapidado mas, nesta fase da carreira, a preocupação deve recair fortemente sobre o talento.