sexta-feira, 11 de junho de 2010

Mundial 2010: Dia 1












Primeiro jogo do Mundial. México entrou forte surpreendendo com um ousado 4-3-3, quando se julgava que a táctica predilecta recairia num, bem menos ousado, 4-4-2. Ainda mais ousado se verificou ser a táctica do México quando se verificou constantemente que os 3 centrais jogavam muito adiantados no terreno, com especial incidência em Marquez que não raras as vezes tinha como missão transportar a bola desde o eixo da defensiva até ao meio-campo da equipa funcionando como o elo da ligação das duas primeiras linhas.

A estatística assim o confirmava: México 68% de posse de bola, ficando os anfitriões da África do Sul com os restantes 32%. Esclarecedor. No ataque Giovanni dos Santos, na direita, e Carlos Vela, na esquerda, levavam perigo às redes de Khune. Sendo que por vezes trocaram de flanco durante o jogo e, quanto a mim, a principal figura da equipa, aquela que mais perigo cria e é responsável pela criação ofensiva do jogo do México, através de uma criatividade, velocidade e poder de drible, acima da média. A meio-campo, a braçadeira mora no braço de Gerardo Torrado, patrão da equipa – só mesmo um patrão a poderia roubar a Rafa Marquéz, outro patrão.

Na “ponta da lança” da selecção encontra-se Guillermo Franco, o 9. Experiente goleador, tem como missão o óbvio, que acabou por não o conseguir. Trata-se de um jogador que sempre apreciei bastante e que tem grande faro pelo golo.

O elo mais fraco recai mesmo sobre Perez, questionando-se o porquê de Ochoa não jogar. Até porque, como se viu, Perez não é assim-assim. É mau guarda-redes, inseguro. Um perigo entre os postes.

No lado da África do Sul, viu-se uma equipa bastante fraca na 1ª parte, não conseguindo arranjar espaço para jogar e, com isso, contrariar a tendência do jogo.

Muito diferente foi, não obstante, o filme da 2ª parte. A África do Sul entrou rejuvenescida de espírito, efectuando logo uma substituição directa no lado esquerdo da defensiva.

E apareceu Tshabalala, das principais figuras da selecção. Manteve-se a forma de Modise, dos poucos inconformados da 1ª parte, viu-se um pouquinho mais de Piennar – não tanto quanto se esperava – e viu-se também a qualidade de Letsholonyane, médio possante que comanda as operações no centro do terreno e que, quando Tshabalala marcou um golão que deu o direito de se colocar em vantagem à equipa da casa, ficou incumbido de se desdobrar no 5º central, cumprindo sempre as suas missões com segurança e perspicácia.

Na frente de ataque, para contra-atacar à aposta em Franco, Parreira escolheu como 9 Mphela, que revelou algumas boas características, trabalhando bem para a equipa, segurando bem a bola, mas muito, muito perdulário na finalização, predispondo de 2 ou 3 boas oportunidades de finalização que não entraram muito por culpa sua, que não correspondeu da melhor maneira a boas investidas de Tshabalala e Modise.

Primeiro jogo, primeiros golos (um golão!), primeiro duelo. Mundial: um espectáculo!











O segundo jogo do Mundial prometia mais. Mas não chegou a passar da fase das promessas. A doente França defrontava uma possível surpresa do torneio, tendo em conta as suas potencialidades individuais e a ausência de pressão que se faz sentir perante aquele país da América do Sul.

A França (sem bola, 4-5-1; com bola, 4-3-3) entrou melhor num jogo que cedo se percebeu que iria ser defensivo da parte dos uruguaios. Passes longos em profundidade para a velocidade de Suarez e do já conceituado Diego Forlán. O jogo do Uruguai, de contra-ataque pedia mesmo, claro está – mais do que pedir, exigia –, a mobilidade de ambos, que é muita.

Sem bola, um 5-3-2 no papel, com ela um 3-5-2, sendo os 2 Pereiras (Maxi e Álvaro) os responsáveis por esta mudança, fazendo de alas que fecham quando o adversário (França, neste caso) tem a bola e avançam para terrenos mais avançados quando a bola está em sua (do Uruguai) posse. Da criatividade da equipa fica encarregue o 18 Ignacio Gonzalez, cuja missão é ligar o meio-campo ao sector atacante. Já para o final, foi substituído pelo talentoso Nicolás Lodeiro, patrão e capitão dos sub-20, que acabou expulso por acumulação de amarelos.

A França tentou, através de arrancadas de Ribery, Diaby ou do sempre coberto Anelka. Mas cedo se percebeu que só o intervalo poderia oferecer novas ideias e nova lufada de ar fresco a qualquer uma das equipas.

Nem a uma nem a outra. O jogo manteve-se morno, sem qualquer lance de real perigo até cerca de um quarto de hora do fim, momento em que Forlán não deu o desfecho do costume a uma bola que com ele foi ter em plena área.

Jogo fraco (esperemos que leve mesmo o prémio de pior do torneio), sem oportunidades reais de perigo, com as grandes individualidades apagadas e com a confirmação de que a França nem tem fio de jogo (nem o Uruguai o teve neste jogo) e não imprime verdadeira raça no jogo, no fundo, as mesmas características que têm faltado a Portugal.

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