Primeiro jogo do segundo dia dita a abertura do Grupo B. A Coreia do Sul defronta os penúltimos campeões europeus, para insatisfação dos portugueses. A Grécia apresentou-se como uma equipa fraca, sem fio de jogo, completamente desprotegida. Tem bons jogadores que, postos a jogar pela própria Grécia se apagam, não têm ligação entre eles, qualquer um deles. Ainda tentou chegar ao golo através de passes longos para Charisteas e Gekas, mas cedo se percebeu que dificilmente iria lá assim.
Tentou também através da criatividade do já velhinho Karagounis, que quando se aventura em terrenos centrais obriga à subida no flanco de Seitaridis, ficando os gregos a jogar temporariamente numa defesa a três (3-5-2). Infrutífero, uma vez mais.
A Coreia do Sul demonstrou ter boa equipa, muito provavelmente a equipa mais anárquica deste Campeonato, sem nenhum jogador fixo, isto é, trata-se de uma equipa sempre em alterações posicionais, ora é Cha Du-Ri que sobe no flanco deixando a ala direita da defesa, ora é Park Chu-Young, homem mais avançado que recua ou descai sobre os flancos, preferencialmente o esquerdo pois no direito está Lee Chung-Young. Ora é ainda Park Ji-Sung, o mais anárquico de todos. No papel, uma espécie de 10, ou entre 10 e médio-centro, se quisermos, mas a verdade é que está em constantes trocas posicionais, aparecendo muito na direita e transportando a bola pelo centro.
Apesar de anárquica, vê-se que é uma boa equipa, com fio de jogo, mesmo que jogando mais com coração, uma vez que se trata de uma equipa raçuda, lutadora, características que nunca se conseguiram encontrar na selecção grega e que não me deixam outra visão que não a de vê-los no 4º lugar, quando for a altura de apurar 2 selecções para a fase seguinte.
Nota ainda para a colocação, por parte dos gregos do triste Samaras na esquerda do meio-campo. E chamo-lhe triste porque Samaras é claramente um ponta-de-lança e não qualquer outra posição, muito menos quando essa posição se encontra a meio campo. E é ver que, sempre que pode, sempre que vê um colega em boa posição de pontapear a bola para a grande área, depressa sai da sua posição para diagonalizar para a área, ficando Torossidis encarregue de fazer o mesmo que Seitaridis faz na direita com as incursões de Karagounis no centro do terreno, isto é, compensar a posição de médio-esquerdo.
Às 3 da tarde, o primeiro grande jogo, digno desse rótulo. Porque jogava a Argentina, ainda por cima contra uma das selecções africanas que mais problemas tem criado nos Campeonatos do Mundo, se não a que mais problemas tem criado.
A Argentina entrou forte, conseguindo um golo de canto, numa grandíssima falha dos africanos, ao deixarem Heinze sozinho a aparecer na grande área das Super Águias e a cabecear ao ângulo, tendo sido infrutífera a tentativa de interceptar a trajectória da bola antes de embater nas redes, por parte de Odiah.
A Argentina jogou naturalmente melhor, através de grandes individualidades. Valeu Enyeama, para mim Homem do Jogo, ao efectuar excelentes defesas (umas 4 ou 5, todas elas de grande calibre!) e ao impedir Messi de dar o melhor fim a excelentes jogadas do actual Melhor do Mundo pela FIFA.
Bem tentou Messi, através de jogadas verticais, onde Léo combina com Higuaín ou, depois, Milito e entra na área perante o desamparado guarda-redes. Valeu Enyeama, nunca é demais relembrar.
Tevez fechava atrás, a meio-campo, ficando do outro lado Di María mais à frente, mais posicional, completamente apagado ao longo de todos os 84’, em que esteve em campo. Saiu ao fim desses minutos para dar lugar a Burdisso que trocou directamente com Jonás Gutierrez, passando este último a ocupar o terreno outrora ocupado pelo, ainda, benfiquista Di María.
Higuaín também não esteve ao seu nível, notando-se que Samuel não desiludiu e tentou inclusivamente por 2 vezes o golo de canto, tendo passado a bola por cima da trave.
Uma grande baixa, que pode ajudar (grande ajuda mesmo!) a matar uma boa selecção nigeriana que “só” pecou na finalização é mesmo a ausência por lesão de Obi Mikel, uma vez que seria uma ajuda preciosa para comandar a equipa no terreno, em conjunto com Yobo – coça a cabeça Lars Lagerback.
Volto a frisar, nem Haruna nem Etuhu fazem esquecer o médio do Chelsea.
Nas alas e na frente, a Nigéria aposta, como é tradição, em jogadores rápidos. São eles: Obasi na esquerda, Kaita na direita (não convenceu) e Yakubu e Obinna na frente. Ideal para o contra-ataque.
Contra-ataque esse que chegou a ser experimentado (falta lá Mikel para ligar a defesa com o ataque!) mas que não chegou dar frutos por perdulária finalização dos homens das águias que hoje não estavam inspirados.
Quem também não estava inspirado era Odemwingie que entrou aos 60’, a tempo, portanto, de demonstrar credenciais, que tem até em demasia. Contudo, nas 3 ou 4 jogadas em que podia ter colocado a bola em Martins (entrou 7 minutos antes) e dar a Obafemi a oportunidade de brilhar, o extremo do Lokomotiv de Moscovo, demonstrou estar sedento de golo, sede essa que lhe cegou em demasia.
No primeiro jogo do Grupo C, a Inglaterra deixou-se surpreender pelos EUA e permitiu que Dempsey, que muito bem conhece os jogadores que compõe a selecção dos 3 leões, por jogar no Fulham. Um autêntico pato de Green que só arranja refúgio na famosa (pela negativa) Jabulani.
Duas selecções apontadas como favoritas por muitos estiveram longe de impressionar – Argentina e Inglaterra, principalmente esta última. E os finalistas vencidos da Taça das Confederações, EUA, a manter o estatuto de boa selecção, prontíssima a surpreender e a intrometer-se na luta pela passagem aos oitavos (a luta deverá acontecer contra a Eslovénia).
E a verdade é que Tim Howard, Onyewu, Bradley, Dempsey e Donovan (tao depressa descai sobre a direita como sobre a esquerda) lhe dão outro toque, toque esse que a selecção nunca teve. Até porque todos eles têm experiência (uns mais que outros) de Europa e todos com excepção de Bradley estiveram presentes na Alemanha, há 4 anos atrás, significando isso que experiência não lhes falta!
A Inglaterra não encontrou em Rooney a explosão esperada, nem pouco mais ou menos, nem o mesmo achou em Lennon, o baixinho que tem o poder/dom de fazer a cabeça em água aos defesas adversários.
No eixo do meio-campo, a velha questão: Gerrard e Lampard são dos melhores do Mundo, não só na sua posição, mas, pelas suas parecenças não combinam como se poderia esperar ou exigir e a justa fama recaiu hoje em Gerrard pois este foi aquele que mais liberdade ofensiva teve, tendo ficado Lampard encarregue de equilibrar a equipa.
Para ser sincero, e isto é apenas um desabafo, só da Espanha não espero desilusões contra a Suíça, no que a grandes selecções diz respeito...
Nenhum comentário:
Postar um comentário