domingo, 20 de junho de 2010

Mundial 2010: Dia 10


Eslováquia 0 – Paraguai 2

Apesar de, tacticamente, a Eslováquia arriscar mais, no papel, à partida para este jogo, com a passagem do 4-2-3-1 para o 4-1-4-1, substituindo o duplo-pivot por apenas um pivot, na prática, tal arriscanço não teve complicações práticas para o Paraguai, que dominou completamente durante todo o encontro, sendo mais esperto na gestão do jogo, muito mais eficaz, com muitos remates perigosos.

A Eslováquia bem tentou entrar bem no jogo, isto é, fazer um golo cedo, mostrar que entrava forte e confiante, mas a adição de Santa Cruz à equipa, em troca com Torres, e a consequente passagem de 4-4-2 clássico para 4-3-3, com um Vera sempre muito activo a meio-campo e um Lucas endiabrado, fizeram com que a Eslováquia não tivesse sorte nenhuma.

Enquanto que Santa Cruz baixa no terreno quando a equipa não tem bola, Lucas está encarregue de estar sempre muito presente ao pé da grande área, apesar de muito móvel, ficando Valdez encarregue de vir também mais atrás, mas à esquerda e, como já afirmei, Vera é o mais activo ofensivamente, uma vez que é aquele que menos preocupações defensivas tem, ficando encarregue de surpreender o adversário com investidas esporádicas, combinado com Lucas na frente normalmente. Posto isto, Cáceres e Riveros ficam com a tarefa de cobrir tais investidas, mantendo-se próximos do centro do terreno.

Está de parabéns o Paraguai, que soube anular completamente as linhas ofensivas eslovacas, que perigo praticamente nenhum causaram a Villar. Quando Weiss apanhava a bola, caíam-lhe logo 2 ou 3 em cima para que o jovem talentoso não criasse perigo, com a sua rapidez e habilidade e Hamsik esteve também sempre bem controladinho para não usar o seu dom de fazer a diferença e o peso que tem na equipa.



Itália 1 – Nova Zelândia 1

Para ser sincero, esperava uma vitória da Itália, assim como a grande maioria dos espectadores.

Bem sei que está a atravessar um muitíssimo mau momento, mas, volto a repetir, penso que esta Nova Zelândia, apesar de hoje não ter ficado muito bem patente, apesar de ter contrariado essa tese mesmo, é muito fraca, das selecções mais fracas em prova a par das Honduras, quanto a mim.

O que é certo é que, através de um lance de bola parada, fizeram a Itália ir a correr atrás de um resultado, tendo apenas igualado através de grande penalidade, por Iaquinta.

Pepe, abono de família desta Itália, único pelo menos até à recuperação de Pirlo, esteve muito abaixo do nível a que se mostrou no 1º jogo, Iaquinta e Gilardino praticamente inexistentes. Inexistente voltou também a estar Marchisio, ainda pior que no último jogo, onde me parece ter actuado numa posição que se adapta melhor às suas características, a 10. E a equipa bem necessitava dele, pelas mesmas razões que o Brasil necessitava de um Kaká em grande forma, ou pelo menos, em boa forma. Criatividade, leitura de jogo, capacidade de passe, de pautar, são características importantíssimas no futebol actual e a jogar num 4-2-3-1, como a Itália jogou no primeiro jogo (neste jogou num 4-4-2, com Iaquinta a fazer de segundo-avançado) e o Brasil joga torna-se mesmo imprescindível e a ausência desse jogador torna-se gritante.

Montolivo foi mesmo o melhor italiano, tendo feito uma boa exibição culminada com grande remate de longe ao poste, e eu apostaria mesmo em colocá-lo a 10 com Pirlo a fazer dupla com De Rossi.

Arrisco, contudo, a afirmar que este jogo terá sido o melhor dos All Whites nos últimos tempos e dos que virão a seguir, neste caso, o próximo e último do grupo. Bertos jogou muito bem, com excelentes iniciativas ofensivas, passando com técnica pelos adversários, metendo a bola por um dos lados e indo pelo outro, Elliot voltou a estar muito bem (dele foi a marcação da bola parada que originou o golo) e volto a frisar a sua importância na equipa, assim como Vicelich, o restante elemento do trio que compõe o meio-campo, também esteve a grande nível.

Smeltz voltou mostrar bom rendimento, contribuindo decisivamente para o desfecho da partida com um golo, assim como Nelsen e Reid se apresentaram a muitíssimo bom nível.

Um dos pilares da equipa assenta na colocação de um 9 com porte físico considerável, daí ter lá estado neste jogo desde início Fallon (1,88m) e a meia-hora do fim ter entrado (típica substituição) Wood, 1,91m, com 18 anos mas já capaz de fazer estragos nas defesas adversárias, fazendo uso essencialmente do seu porte físico.


Brasil 3 – Costa do Marfim 1

A primeira parte do Brasil demonstra bem qual o estado da equipa. O Brasil é daquelas equipas que dificilmente se poderá dizer “vai perder”, pelas suas individualidades, ou que “não dá uma para a caixa”, pois para cada posição tem jogadores de craveira mundial e não é um, mas 3 ou 4 para cada um dos 11 lugares, todos eles titulares dos maiores clubes do Mundo.

Mas clarinho como a água é o Brasil estar uma sombra do que já foi.

Enfim, na defesa não há muito a apontar, os 5 têm cumprido com o que é pedido/exigível e todos eles são grandes jogadores. A posição da defesa que os adeptos poderiam ter maior receio pela ausência de nomes sonantes era mesmo a lateral-esquerda, contudo Michel Bastos revelou-se boa adaptação (não é costume o Brasil precisar delas!), sendo já indicado como o sucessor do Roberto Carlos, pelo seu potente remate e subidas pelo flanco esquerdo vindo de trás. A alternativa chama-se Gilberto, 34 anos, pouco conhecido do público menos atento.

Maicon dispensa apresentações, assim como Lúcio, Juan e Júlio César.

Mas, apesar de Fabiano não estar na melhor forma (sim, eu sei que bisou), o grande problema reside mesmo no meio-campo: Kaká está um fantasma em campo, em 5 bolas ganha 2 e perde 3, é vê-lo a cair e a errar passes, a perder a bola e a mostrar ansiedade, própria de quem quer fazer as coisas bem e elas não saem – se fosse a Dunga, colocaria Júlio Baptista contra Portugal independentemente do Kaká ter sido expulso (pior, muito pior, para Portugal, quanto a mim) e Felipe Melo e Gilberto Silva demonstram não servir para formar dupla daquela que é a melhor selecção mundial de futebol, a mais consagrada, pentacampeã mundial, quanto mais não seja, por nada de relevante acrescentarem à equipa, ou pelo menos, por não acrescentarem aquilo que a equipa pedia. Já Robinho e Elano destacam-se pela positiva.

Mas, para ser sincero, confesso que estou mesmo muito desiludido (já o venho a estar desde há alguns anos) com a selecção brasileira, com jogadores todos muito “europeizados”, sem verdadeiro espírito brasileiro, sem o perfume do futebol brasileiro, selecção que está muito envelhecida, olha-se para o banco e para o onze e saltam à vista os 30, 32, 33 anos no BI. E uma coisa era serem grandes jogadores, outra é já terem sido ou, simplesmente, não serem.

A Costa do Marfim, entrou muito bem no jogo, ganhando o meio-campo ao Brasil e, com isso, o jogo. Via-se uma Costa do Marfim por cima, com jogadores capazes de, mais momento, menos momento, dar o golpe aos canarinhos, eis se não quando um lance (penso que o primeiro, não só do jogo, mas de há largos dias) de Kaká a isolar Fabiano, vira o jogo: 1-0, assim se manteve o marcador até ao intervalo.

Conseguiu depois o Brasil melhorar um pouco e inverter a tendência do jogo, mas não foi nada fácil e, lá está o porquê de uma selecção como a brasileira ser sempre perigosa, um lance entre 2 predestinados e golo. O jogo vai-se invertendo naturalmente, os costa-marfinenses começam a ficar um pouco cansados e o jogo vai ficando cada vez mais partido, apesar da Costa do Marfim ser das selecções mais disciplinadas tacticamente deste Mundial, sobressaindo depois a qualidade técnica individual dos jogadores em campo. Aí ganha claramente o Brasil, quanto mais não seja por respeito à história do futebol mundial!

Yaya Touré voltou a estar absolutamente espectacular no jogo, tendo sido dele o passe para o golo. Dindane não esteve tão activo no ataque como contra Portugal. Tioté revela-se muito importante naquele meio-campo e Zokora demonstra saber sair a jogar, podendo-se até fazer um paralelismo com Piqué, na maneira como ambos se impõe como o primeiro homem da construção ofensiva das respectivas equipas, tendo papel importante na equipa, assim como Kolo Touré, obviamente.

Nenhum comentário: