Portugal 7 – Coreia do Norte 0
Se há jogo que fica para a história, este é um deles.
Primeira parte difícil para Portugal, ainda assim, não tão difícil como para o Brasil, onde os coreanos se apresentaram concentrados a 101% e extremamente defensivos, não só no papel, mas também na dinâmica do seu jogo.
Já contra Portugal, e isto sem querer de maneira nenhuma desvalorizar a equipa das quinas, parece-me que a Coreia não esteve tão concentrada, pelo peso que existe quando se joga contra o Brasil, direi que esteve com a concentração nos 99/100%, isto é, e obviamente que estas são características muito subjectivas, esteve muitíssimo concentrada – a isso obriga o peso de jogar uma fase final de um Mundial – mas não esteve tanto como contra o Brasil.
Isto foi o que me pareceu, daquilo que observei num jogo e noutro, com a equipa a ser mais disciplinada tacticamente e unida dentro de campo, também por ter sido o primeiro e, claro está, contra o Brasil.
Para além deste factor, parece-me que a Coreia do Norte, apesar de ter apresentado o mesmo 5-3-2, fê-lo como não o tinha feito no 1º jogo, contra a canarinha. Assim, se contra o Brasil a linha de 5 defesas era mesmo composta por 5 defesas, que fizeram os possíveis e impossíveis para anular Robinho e companhia, contra Portugal os laterais fizeram de alas, colocando-se mais à frente no terreno, relativamente aos centrais.
Ainda para além de tudo isto, e este factor prende-se com a disciplina táctica, parece-me, não tenho grandes dúvidas que a passagem do Brasil para Portugal, levou a que a selecção coreano subestimasse, mesmo que inconscientemente, o valor de Portugal. Ou seja, a passagem de um pentacampeão, expoente máximo de selecções para uma selecção que embora muito forte nada venceu a nível mundial pesou, no sentido em que a equipa asiática colocou sempre os 5 homens do meio-campo para a frente na segunda metade do meio-campo, a menos, claro, quando estava sem bola. E não quer dizer que não o tenha feito aqui e ali contra a selecção brasileira. Contudo, como os jogadores estavam mais do que avisados que no Brasil quase todos os homens do ataque são Cristianos Ronaldos, a transição defesa-ataque fazia-se com menos homens, para que não houvesse nenhuma surpresa na mesma (no contra-ataque).
Sem com isto, como disse, querer desvalorizar Portugal, que teve uma primeira parte complicada, apesar de ter sido sempre muito superior à Coreia. Na segunda parte, a eficácia reinou e fez com que o jogo acabasse com 26 remates de Portugal, dos quais 13 foram à baliza, tendo destes 13 resultado 7 golos.
Trata-se daqueles jogos em que “cada tiro, cada melro”, mas isto nunca acontece por acaso e uma equipa que joga mal nunca dá 7-0 a outra (isto em futebol de alto nível, obviamente), pelo que há que atribuir (muito) mérito a quem o teve e destacar algumas exibições individuais como a de Fábio Coentrão, que fez um jogo esplêndido, conseguindo estar muito mais activo e perigoso no flanco esquerdo do que Cristiano Ronaldo, Raúl Meireles, que começou mal, a tentar acções verticais, atacar a baliza vindo de trás, mas nada lhe saia bem, mas que acabou o jogo em bom plano, com diversos lances perigosos consigo como protagonista, Tiago, que se revelou excelente opção a meio-campo, sendo um elemento que dá muita consistência à equipa a meio-campo e revela-se extremamente importante, tacticamente falando, tendo vários anos de escola de alguns dos maiores clubes europeus. Ricardo Carvalho esteve também ele sublime, absolutamente imperial a cortar, antecipar-se e sair a jogar entregando a bola limpinha ao meio-campo. Já Ronaldo esteve muito mal, mas lá conseguiu voltar aos golos, o que animicamente será muito importante para os próximos jogos e poderá trazer mais, agora que já passou o fantasma dos golos. Uma última palavra ainda para Miguel, que esteve péssimo e começa a demonstrar a falta de frescura física de outrora, perdendo (quase) todas as bolas que lhe pertenciam, todos os duelos individuais, enfim…não acertou uma! – e volte Paulo Ferreira (urgente: lateral-direito para a selecção, que seria João Pereira…).
Chile 1 – Suíça 0
A Suíça manteve a sua estrutura táctica, fazendo apenas 3 alterações: Von Bergen por Senderos, por lesão, Frei por Derdiyok, penso que por ter saído cansado/aleijado do último jogo e Behrami por Barnetta, por opção. Mas a expulsão precoce de Behrami fez com que Frei ocupasse a sua direita do meio-campo temporariamente, ficando apenas Nkufo na frente, até que, inevitavelmente, entrou Barnetta para o lugar de Frei. Foi este o filme das incidências suíças: tentou Hittzfeld fazer o seu jogo e surpreender, da mesma maneira que o fez com a Espanha, o Chile, mas uma expulsão acabou por complicar o programa, fazendo com que os objectivos se mantivessem (apenas mais difíceis de alcançar), com menos recursos (menos um jogador).
E se o Chile já estava por cima desde o início, facilmente se depreende que mais por cima ficou. A aposta de Suazo revelou-se muito infrutífera (é de estranhar, pois trata-se de um matador), o que levou a que entrasse Valdivia para a sua posição, posição que já tinha ocupado desde o apito inicial na 1ª jornada – e a verdade é que deu ‘show’, jogando muito melhor do que no primeiro jogo, ele que não é nenhum 9, mas sim um 10. Alexis Sánchez voltou a arrasar, jogador sempre explosivo e Vidal, agora a meio-campo, descaído para a esquerda do terreno acabou por ser substituído pelo homem do golo, Mark González.
Jogou também bem Matías Fernández, que deu contudo entrada a Paredes, ponta-de-lança que ainda fez uns 25 minutos a muito bom nível, com umas 2 oportunidades de golo iminente.
Continua no bom caminho este Chile, perfilando-se até ao momento como uma das selecções mais fortes em prova.
Relativamente à Suíça, está lá para complicar as contas aos outros. Com um jogo defensivo, esta selecção joga no erro do adversário, sempre muito serena, joga até um pouco na espera que o adversário perca um pouco a calma, mostre indícios de ansiedade pelo golo que não chega e aí sim, tenta imprimir contra-ataques venenosos. Selecção matreira, a ter muito em conta, pois apesar de o seu jogo não ser apelativo, é eficaz.
Espanha 2 – Honduras 0
Del Bosque mudou a táctica, fazendo também algumas alterações no onze: passou de 4-3-3 para 4-2-3-1, com Xavi a 10 e Xabi Alonso combinando com Busquets a duplo-pivot. À direita saiu Silva para dar lugar a Navas e à esquerda Iniesta para dar lugar a Villa, homem do jogo, marcador de 2 golos (o primeiro um golaço) e autor de um penalty falhado. A 9, Torres a substituir Villa. Continuo a dizer que Del Bosque, se quer juntar Villa e Torres na mesma táctica, podia muito bem manter a táctica usadapor Aragonés no Euro 2008, contudo a velha raposa espanhola não quer mesmo deitar mão do trio do meio-campo formado por Busquets, Xabi Alonso e Xavi.
A Espanha deixou-me um pouco triste, porque quando se trata de vê-la jogar, as minhas expectativas estão naturalmente sempre lá em cima, assim como a de mais uns quantos bons milhões de pessoas. Mas o que é facto é que, apesar de ter jogado bem (difícil é mesmo jogar mal), a Espanha não teve aquela qualidade de posse como de costume. Pois os 57% de posse de bola que teve não querem dizer tudo: quando falo em qualidade de posse refiro-me à fluidez com que a Espanha, por norma, troca a bola, com uma facilidade ao alcance de muito poucos. Fluidez essa que permite que nalguns jogos a posse de bola some números exorbitantes, de sessentas e muitos.
Villa fez um grande jogo, homem do jogo como já referi, muito activo na frente, e Sérgio Ramos seguiu-lhe as pisadas, sempre muito activo nas subidas pelo flanco direito com centros guiados para a área, como é seu (bom) hábito.
Contudo, estou convicto de que, apesar de equipa muito experiente, tal diminuição de qualidade, e estou ciente de que poderiam ter entrado 5 ou 6 na baliza das Honduras, à vontade, se fica a dever à situação em que a Espanha se encontrava à partida para o jogo: 1 jogo a menos que Chile (6 pontos) e Suíça (3 pontos), com 0 pontos somados, o que levou a alguma ansiedade em querer somá-los o mais rápido possível, sem se preocupar muito como e também com a alteração táctica.
Torres voltou a jogar mal – volto, por isso, a insistir que a táctica do Euro 2008 era das poucas soluções existentes para pôr Torres a render…já!
Uma palavra para as Honduras, ou melhor para o seu seleccionador: não percebi o porquê de Alvarez não jogar, pois parece-me dos poucos jogadores das Honduras que pode realmente fazer a diferença, até pela sua rapidez, que poderá ser letal nos contra-ataques e é um luxo prescindir de uma dupla de velocistas formada por Alvarez e Suazo na frente de ataque, numa selecção onde não reina a qualidade individual. Penso até que seria mais adequado um 4-4-2 com estes 2 jogadores na frente de ataque, tendo em conta a realidade desta selecção. Recorde-se que nunca chegaram a jogar juntos, pois no 1º jogou Alvarez e não jogou Suazo e agora aconteceu precisamente o contrário.
Agora é tarde, as Honduras estão com um pé e meio fora do Mundial…
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