quarta-feira, 23 de junho de 2010

Mundial 2010: Dia 13


Eslovénia 0 – Inglaterra 1

A Inglaterra jogou bem, trocou bem a bola e criou perigo em várias jogadas de ataque, como para além do golo verificamos no remate de Rooney ao poste.

Manteve o seu sistema predilecto, 4-4-2 clássico, com uma alteração a merecer especial atenção pela sua importância, a troca de Defoe por Heskey, que tornou o ataque inglês ainda mais perigoso, ainda mais rápido e móvel, dando ainda mais dificuldades à defensiva eslovena.

Milner fez um jogo muito bom, joga bem com os dois pés, cruza bem, tem um jogo colectivo muito positivo e não é por acaso que tem o Man City atrás. Como já disse, Defoe imprimiu ainda mais velocidade ao ataque e constitui sempre um perigo no ataque, sendo inteligente na hora de finalizar e movimentando-se muito bem, como o comprova o golo, onde se antecipou muito bem ao defesa, necessitando depois “apenas” de pôr o pé à bola.

Rooney continua em baixo, não por jogar mal, pois fez muito bom jogo também, mas porque os golos não aparecem, numa situação muito semelhante à de Ronaldo até ao jogo com a Coreia. Para além de bons passes e diversas tentativas de remate interceptadas, Rooney mandou uma bola ao poste e só não digo que o golo há de aparecer porque não sei quantos jogos mais fará a selecção dos 3 leões.

A Eslovénia tentou ainda o empate, que lhe chegava para se apurar para os oitavos, mas nunca teve oportunidades de golo iminente, a melhor foi um conjunto de 3 remates seguidos interceptados, dentro da área. Apresentou-se em 4-4-2, com 1 ponta-de-lança fixo na frente (Ljubijankic) e Novakovic a fazer de segundo-avançado.

Um ponto forte da equipa é mesmo a dupla de centrais, bem como toda a defesa, que conferem uma boa segurança à mesma (teria sido grande contratação para o Nacional, ter ido buscar Jokic).

Já Birsa não esteve inspirado, pois apesar de ter jogado bem não foi eficaz nas oportunidades que teve para criar algo – golo ou perigo.

De realçar a boa exibição de Novakovic, a passar para os companheiros e tentar criar linhas de passe, sem ponta de egoísmo.

EUA 1 – Argélia 0

Bom jogo, entre 2 equipas interessantíssimas em levar a vitória consigo.

Apesar da bola à barra enviada por Djebbour mesmo no início do jogo e do bom jogo da sua equipa, foram os EUA quem mais oportunidades criou, acabando o jogo com cerca de 5 oportunidades de golo iminente, das quais uma ao poste, isto arredondando por baixo.

Bradley demonstra de jogo para jogo que é grande jogador, sabendo defender e atacar com qualidade, Dempsey confirma o que dele já se conhecia, também muito bom jogador, que sabe aparecer vindo de trás a criar perigo e, claro, Donovan que tem um dom de resolver jogos, foi ele que levou a equipa às costas no 2º jogo dos americanos e também neste resolveu, iniciando uma jogada e terminando-a ao colocar a bola no fundo das redes já em tempo de prolongamento, quando apenas 3 minutos faltavam para terminar o jogo, já a contar com os descontos.

Altidore é sempre muito útil, fazendo uso do seu invejável porte físico para incomodar os defesas e da sua velocidade para tentar chegar à finalização das jogadas.

Bocanegra, capitão da equipa, esteve impecável, ficando na retina um corte in extremis que quase de certeza dava golo se o experiente central (também pode actuar a lateral-esquerdo) não tivesse intervido.

Mantenho o que digo em relação à Argélia, muito potencial, mas pouca eficácia – não falo deste jogo, mas em geral. Jogadores de grande qualidade como Ziani não têm o rendimento que deles justamente se espera, pela sua evidente qualidade. Já Belhadj, desde o início digo tratar-se de grande ala-esquerdo, com um pulmão, capacidade técnica, de cruzamento, tudo, muito acima da média. Para mim o melhor jogador da equipa em prova, certamente que o torneio lhe valeu um vale para um grande clube, ou pelo menos, de maior dimensão.

De referir ainda que a culpa não foi do sistema utilizado por Saadane, bem interpretado pelos jogadores, sistema que penso ter aproveitado bem as potencialidades dos jogadores, em particular de Belhadj e Kadir.

Austrália 2 – Sérvia 1

O jogo divide-se, quanto a mim, em 3 partes.

A primeira parte vai desde o apito inicial até aos golos australianos, que foram muito pouco espaçados. Nessa 1ª parte, a Sérvia jogou sempre melhor: apesar de a Austrália estar a jogar bem, foi a Sérvia quem, durante esse período criou mais lances de perigo, mais ataques, se bem que poucos ou nenhum tenham sido de golo iminente.

A 2ª parte vai desde os golos australianos até ao golo sérvio. Período em que a Sérvia se encolheu um pouco, inconscientemente, nitidamente fragilizada com os golos que não contava sofrer.

A Sérvia foi à procura do golo, embora sem a confiança existente na equipa há poucos minutos atrás, como disse. Contudo, aparece o 1º golo sérvio. Aí, a Sérvia lembra-se que esteve por cima durante a grande maioria do jogo, retira a pressão de estar a perder por 2 a não muitos minutos do fim e vai para cima.

E nestes 2º e 3º momentos foram fundamentais 2 jogadores: Pantelic e Tosic. A qualidade de Pantelic não difere muito de Zigic, pelo que a sua adição deu resultado por ser sangue fresco a entrar na equipa numa altura em que ela bem precisava. Já Tosic foi absolutamente elementar na exibição que a equipa foi fazendo daí para a frente. Rápido, explosivo e tecnicista entrou para rasgar os defesas (e a equipa) adversários. Utilizou também muito, e bem, a sua meia distância para tentar chegar ao golo, sendo que num dos chutos, Pantelic aproveitou o facto de Schwarzer não ter agarrado a bola para fazer o golo. Das várias investidas que fez destacam-se ainda um cruzamento para golo bem invalidado de Pantelic e, mesmo a terminar o jogo, no último folgo, um cruzamento para Pantelic falhar o golo à boca da baliza, quando estava fora-de-jogo e o árbitro nada assinalou.

Por isso digo, nesse folgo final, a Sérvia poderia ter passado e muito, mas mesmo muito, desse mérito pertencia a Tosic.

Agora, claro, não se poderá esquecer exibições como Stankovic, que actuou hoje mais atrás, a pivot, a organizar o jogo desde mais de trás, Kuzmanovic que também actuou a muito bom nível, não gostei de Vidic, como já várias vezes vem acontecendo (vezes demais).

Da parte da Austrália, fica a dever muito do resultado a Cahill, que demonstrou muita classe no cabeceamento e a Holman, recém-entrado, que voltou a fazer o gosto ao pé, desta vez num remate muito bom de fora da área. Com iniciativas dessas, a Austrália pôde sonhar, durante uns momentos.

Gana 0 – Alemanha 1

Não era um adversário nada fácil para a Alemanha e a prova disso mesmo é que a vitória foi alcançada por um lance de inspiração individual, um grande remate de Ozil – e aqui é que entram as individualidades…

O Gana apresentou-se na sua forma habitual, tendo Jonathan ganho aparentemente a titularidade no eixo da defensiva e retornando o experiente Mensah, capitão de equipa, ao 11, em substituição com Addy.

De resto, se é verdade que a Alemanha tem individualidades para fazer a diferença, o Gana também as tem. Nomes como Ayew, Kwadwo Asamoah e Asamoah Gyan demonstram que esta selecção não só tem presente como futuro, e esse é o melhor elogio que se lhes pode fazer. Eu, admito, adoro ver Ayew jogar, não tenho dúvidas nenhumas que está ali um portento de um jogador, dos melhores em competição.

A Alemanha foi forçada a fazer sair Klose do 11, por castigo e Low optou por colocar no seu lugar Cacau, depois de já ter dado a entender que Cacau é a alternativa principal ao brasileiro naturalizado alemão. De resto, tirou Badstuber e colocou Jerome Boateng, numa jogada claramente psicológica, depois do diferendo que teve, através da imprensa, com o seu irmão Kevin-Prince Boateng, que se encontrava do outro lado da barricada, titularíssimo do meio-campo ganês. Parece atacar melhor que Badstuber, contudo poderá não defender tão bem. É, no entanto, muito boa solução dentro dos 23.

Jogo equilibrado, como disse, que pendeu para a Alemanha, não deixando de existir oportunidades para ambos os lados, penso que até mais para o lado dos africanos.

Seguiram para a próxima fase as 2 melhores selecções do grupo.

2 comentários:

Rui Magalhães disse...

Muito boas análises.
Com pena minha falas-t muito pouco da argelia,talvez eu ja seja dos poucos que goste daquele futebol rendilhado e às vezes pouco objectivo :)

P.S.: tens colocado jogos no fbtz?

Pedro Nogueira disse...

Olá Rui,
Eu tento nao fugir muito e falar de todas as selecções, em semelhantes quantidades.
Se nao falei tanto sobre a Argélia como gostarias e, porventura, tambem outras pessoas gostariam, tenho pena, até porque tenho dito em todos os escritos sobre a Argélia, e deves ser testemunha disso mesmo, que se trata de uma selecção, quanto a mim, cheia de potencial, mas que, como dizes, por rendilhar muito o seu futebol e nao ser eficaz/objectiva, se perde muito, pois acredito piamente que podia causar sensação, se assim nao fosse.

P.S.: nao, para dizer a verdade nao tenho tido quase tempo nenhum e como têm colocado lá todos os jogos, nao me preocupei muito com isso ;)

Grande Abraço!