Estava com fé que o primeiro jogo, teoricamente, na cabeça da generalidade dos seguidores, o mais fraco do dia, pudesse acabar mesmo por ser o melhor, mais atractivo. Porque se defrontavam selecções bem diferentes e as duas lutam por um lugar ao sol, entenda-se, pelo segundo lugar, uma vez que se encontram no grupo da Inglaterra, teórica 1ª. E porque se opunham 2 selecções de continentes diferentes, o que dá logo outro atractivo ao jogo e descomplexadas, ainda desconhecidas do público em geral.
Mas a verdade é que as expectativas mais cépticas se acabaram por confirmar. Um jogo de intensidade baixa ao longo dos 90 minutos, que precisou de outro frango para se puder mexer no marcador e dar-lhe outra graça, que o jogo nunca teve.
Mais uma vez, viram-se 2 selecções sem garra, muito atípicas. Este início de Mundial, infelizmente, tem sido fértil nessas situações.
A Argélia, para mim, tem mais equipa. Trata-se de uma boa selecção, que encontra em Belhadj o seu melhor jogador, quanto a mim: lateral-esquerdo muito ofensivo, com um pé esquerdo sublime, muita técnica e boa marcação de bolas paradas. E a verdade é que o conjunto poderia funcionar melhor, muito melhor. Se mais humilde. Mais concentrado. Esta selecção tem, quanto a mim, grande potencial e não se compara à da Eslovénia que necessitou de bastante tempo para fazer um remate de jeito à baliza.
Selecção eslovena essa que tem em Birsa a sua estrela, mas que, apesar de ter um bom pé esquerdo, não é jogador para agarrar na equipa e galvanizá-la, parece-me.
Será interessantíssima a disputa pelo 2º lugar do Grupo C onde, relembre-se, o outro óbvio candidato pelo lugar são os EUA, que conseguiram um ponto precioso com a Inglaterra.
No segundo jogo do dia, o Gana defrontou a Sérvia e valeu-lhe Gyan.
A jogar num 4-5-1, com Kwadwo Asamoah muito livre e a deambular pelo campo, ora surgindo na direita ora a apoiar o outro Asamoah, Gyan, como segundo avançado,e com os talentosos Ayew e Tagoe nas alas, o Gana conseguiu, através da finalização de um castigo máximo, levar de vencida a Sérvia, golo de Gyan, que mandou por 2 vezes a bola a embater no poste (cabeça e remate colocado), pelo que o resultado até poderia ser mais dilatado.
A chave esteve também na expulsão de Lukovic, central da Sérvia, que permitiu desequilibrar um pouco um jogo mais ou menos equilibrado.
Papel muito importante na equipa tem Kevin-Prince Boateng, que como missão tem fazer esquecer, ou pelo menos, tentar diminuir os efeitos da ausência de Essien, por lesão. Cumpre muito bem o seu papel, o de manter a equipa em equilíbrio, ficando Annan como a âncora da equipa.
Na defesa, apenas um jovem, Vorsah (21 anos). Todos os outros, a começar no capitão Mensah, passando pelos laterais Sarpei e Paintsil, e acabando no guardião Kingson.
Esta Sérvia poderia jogar também um pouco mais, face a algumas chaves da equipa. Jovanovic, por exemplo, poderá render muito mais: jogador tecnicista, detentor de um pé esquerdo habilidoso e forte fisicamente, agarrou-se muito à bola e não contribuiu como pode para a sua equipa. Krasic, não por razões que se prendem com acções individualistas, mas sim porque esteve mesmo abaixo daquilo que a sua capacidade permite.
Kolarov faz aquilo que sabe: sempre que pode aventura-se no terreno, subindo pelo flanco até onde pode, tentando depois dar o melhor desfecho ao forte remate.
Stankovic tem um óbvio papel fundamental na equipa, na organização e dinamização da mesma.
Penso que Zigic está a ser mal aproveitado, uma vez que não é jogador para fazer de segundo avançado como o está a fazer, transformando a equipa num 4-5-1 sem bola, vindo defender atrás e surgindo na frente ao lado de Pantelic no ataque. Penso até que, se tiver de haver um ponta-de-lança sacrificado, até seria melhor manter Zigic na frente e ser Pantelic a recuar, pelas suas características.
Para mim, uma das favoritas, que só não se encontrava nem encontra no top 2 ou top 3 pela ausência do natural capitão, Michael Ballack, baixa de peso da mannschaft, que perde o seu motor e verdadeiro patrão dentro de campo.
Apresentou-se forte, com muitos valores individuais, todos eles jovens, como Ozil, Muller, Badstuber e, se se quiser incluir neste lote, Podolski. Na frente, mantém-se a aposta no matador Klose, que no seu clube não é titular. Não importa. Também seria o meu 9. Um jogador de finalização apuradíssima, que em 5 ocasiões faz 3 ou 4 golos.
Com Ballack, seria um miolo feito por Schweinsteiger e Michael. Fortíssimo. Sem ele, entrou Khedira. Vamos ver quando chegarem opositores mais fortes…
Está lá Lahm ao menos, patrão silencioso. Foi dele o cruzamento para o cabeceamento letal de Miroslav (má saída de Schwarzer…).
Na frente, a 10 no papel, Mesut Ozil. Espectáculo de jogador! Que classe! Todo ele espalha perfume de bom futebol. Visão de jogo, capacidade de passe, boa leitura, bom drible, técnica, …enfim um verdadeiro hino ao futebol! Ele e…Muller. Não esquecer um jogador que, apesar de não ser tão vistoso quanto o ET alemão, não deixa por isso de ser tão bom ou melhor jogador.
Atitude muito positiva da Austrália, naquele que para mim foi o melhor jogo até agora, muito por culpa sua. E não digo isto para ser simpático do género de “levaram 4-0 mas são uma equipa simpática, corajosa…”. Nada disso, equipa com poucas individualidades “sonantes” (contam-se pelos dedos das mãos: Cahill, Neill, Schwarzer e Culina) e sem um ponta-de-lança digno desse nome (Cahill desamparado na frente tenta abrir espaços para a entrada e realização de combinações com companheiros), demonstrou do primeiro ao último minuto vontade de conseguir levar pelo menos um pontinho que fosse, fazendo tudo para que fosse possível trocar a bola, tentando progredir em posse, mesmo perante a máquina alemã e a verdade é que o jogo terminou com 55 contra 45% de posse de bola a favor dos alemães, mesmo tendo em conta que a Austrália jogou com um a menos desde o minuto 56!!! Momento que matou o jogo. Se dantes não tinham um verdadeiro ponta-de-lança, simplesmente ficaram sem ele, uma vez que mesmo a entrada, oito minutos passados, do jovem Rukavytsya, não abriu grandes opções. E, claro está, todo o jogo que os socceroos tentaram colocar em prática, com mais afinco ainda quando entraram para o 2º tempo, predispostos (com verdadeira predisposição) a complicar a vida dos frios alemães (estereótipo) foi por água abaixo no momento em que o árbitro mostrou o indesejado cartão a Tim Cahill, por entrada a varrer sobre Schweinsteiger.
Papel importante na equipa tem o capitão Lucas Neill, encarregue de se deslocar para a direita e desdobrar-se entre o centro da defesa e a lateral-direito, no momento em que Wilkshire sobe no terreno e a equipa fica a jogar momentaneamente com defesa a 3. Trata-se de um jogador com vasta experiência internacional (9 épocas e meia de Premier League!), responsável pela organização da equipa de trás para a frente.
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