Alemanha 0 – Sérvia 1
A selecção que melhor imagem deixou na 1ª jornada da fase de grupos, aquela de quem já todos diziam maravilhas, começou o jogo com a mesma táctica, seguindo a máxima que diz que em equipa vencedora não se mexe. Assim fez Low.
A verdade é que desde muito cedo, apesar de não estar a jogar, se viu que esta Alemanha não era a mesma que tinha entrado em campo há dias atrás. O jovem quarteto do ataque alemão estava muito perdulário, perdulário demais para os costumes da mannschaft.
Podolski tentou com uns 2 remates fortes, vendo a bola a passar ao lado, Ozil estava apagado (assim aconteceu durante os 90’) e Muller tentava, mas era daqueles dias que leva a engrenar.
Se estava a levar a engrenar, a expulsão de Klose foi um rombo completo na equipa. Perdeu a sua referência ofensiva, a máquina de golos. Teve de deslocar o criativo Ozil para a frente e mudar para um óbvio menos ousado 4-4-1. Para além de perder o 9, perdeu também o 10, ficando com um 9,5, isto é, com Ozil a ter a missão de ocupar as zonas centrais do ataque que pertencem por norma a Klose, mas a vir atrás, ao seu lugar, quando assim é necessário, ocupando o espaço entre as 2 posições.
A Sérvia jogou melhor do que contra a Gana, estava mais concentrada e consciente de que este jogou teria mesmo que correr bem, para que as esperanças da passagem à fase seguinte dessem frutos.
Fiquei contente por ver que Jovanovic, o homem do golo, esteve em bom plano, olhando menos para o seu umbigo e preocupando-se em trabalhar para a equipa. Não é que não o tivesse feito, ou tentado fazer, mas foi o que referi no jogo contra o Gana, queria brilhar, acabava por perder muitas bolas sozinho, quando já é um jogador feito e deve ter a consciência de que tem uma grande capacidade, podendo por isso ser fundamental para a sua equipa.
Krasic aumentou também o seu rendimento. Manteve-o Stankovic.
E, quanto a mim, este aumentou não se deveu só ao facto da Sérvia saber que tinha de ter um bom resultado, mas sim à mudança táctica. Tinha referido que o 4-4-2 da Sérvia, contra o Gana, tinha falhado por um grande motivo: a escolha de Zigic para segundo avançado para apoiar Pantelic. Ora, como é óbvio e não necessita de quaisquer experiências, Zigic é claramente ponta-de-lança, nunca segundo-avançado! Também assim concordou Antic, que optou por colocar em campo Nikovic, como novidade, a 10, e Zigic, sozinho na frente. Substancial aumento de qualidade.
Resolveu também Antic dar confiança a Kuzmanovic, que também esteve em bom plano durante os 90’, colocando-o desde início, a substituir Mjlias.
Escusado será comentar a infantilidade de Vidic que poderia ter custado caro à sua selecção. Valeu Stoj.
Eslovénia 2 – EUA 2
Bom jogo durante a tarde de hoje foi também o Eslovénia – EUA, não tanto pela qualidade do jogo, em si, mas pela emotividade do mesmo. Assim, viu-se a 1ª equipa claramente superior, em todos os aspectos à 2ª e o contrário na 2ª parte.
E se no comentário ao Dia 3 do Mundial, disse que Birsa, apesar de ter um bom pé esquerdo, maneira metafórica de lhe reconhecer qualidade técnica, me pareceu não ter capacidade para galvanizar a equipa, como ela tanto precisava e dele necessitava, neste jogo, o jovem médio fez um grande golo com o seu pé predilecto, jogou e fez jogar durante a primeira parte.
Mas não foi só ele. Os restantes elementos do meio-campo também estiveram a grande nível e o 9 Ljubijankic, autor do 2º, idem.
Referência para Jokic que, quanto a mim, foi o melhor da equipa, no plano global do jogo, aquele que mais regular foi durante os 90’, actuando sempre a um bom nível, defendendo e acompanhando a equipa sempre com qualidade.
Sim, senhor. Parecia outra equipa esta Eslovénia, quando comparada à que esteve em campo perante a Argélia.
Chegou entretanto o intervalo e com ele chegou um abanão de Bradley, que não teve com meias medidas e tirou Torres e Findley para colocar Edu e Feilhaber. Independentemente da exibição de ambos e dos que saíram, Findley era jogar que eu nunca tiraria, pela sua rapidez, que poderá ser letal no contra-ataque e pela sua acção sempre muito irrequieta no ataque.
Donovan, jogador de qualidade superior, com lugar em muitas das selecções em prova, numa investida logo no início da 2ª parte faz golo, fuzilando Handanovic. A equipa empolgava-se. A Eslovénia caia, até talvez inevitavelmente adormecida pela confortável vantagem de 2 golos que levava e que lhe garantiam os 6 pontos no final do dia.
Mas os EUA tinham outros planos para o jogo, com Edu a ser uma boa adição à equipa e com Bradley, muito importante na equipa, ora vindo atrás buscar a bola à defesa, ora estando no meio-campo a fazer passes de desmarcação aos avançados, a equipa crescia. E com ela crescia o resultado.
Apostado em meter a carne toda no assador, Bradley lançou a última cartada e mexeu na táctica: entrou o 9 Gomez, saiu o central Onyewu: passando a equipa a jogar com 3 centrais até ao golo que chegou 2’ depois, a partir desse momento, Edu adaptou-se a central e já com 4 defesas a equipa procurou atacar o 3º que chegou e foi mal anulado.
Inglaterra 0 – Argélia 0
No último jogo do dia, um dos interesses seria ver como é que se iria comportar a Inglaterra: iria desiludir, desperdiçar pontos, ou pelo contrário, surpreender pela positiva, confirmando-se a sua sólida candidatura ao título?
A primeira hipótese dói a “escolhida” pelos britânicos, que se deixaram surpreender pela Argélia que, como referi após a derrota com a Eslovénia, é para mim uma selecção com muito potencial e melhor que a Eslovénia.
A Argélia mexeu, passou de um 4-2-3-1 para um 5-4-1, que se desdobra num 3-4-3, passando Kadir de extremo-direito para ala-direito, Matmour de 10 para 9 e a entrada fulgurante (grande cartada) do 7 Boudebouz, que fez um grande jogo.
Poderá ser difícil de acreditar, para quem tantas esperanças tinha nesta Inglaterra, mas a Argélia jogou melhor, foi mais aguerrida e mais equipa, não me lembro de nenhuma oportunidade de golo iminente, nem para um lado nem para outro.
Rooney, jogador de quem muito se esperava, nunca mais foi o mesmo depois da lesão e tem estado apagadíssimo (ele e Ribery), Lampard mal se vê e nota em campo, para o que é costume, Gerrard parece um jogador novo que, de tanto querer mostrar, nada acaba por mostrar e nenhum jogador de Inglaterra esteve em bom plano, digno desse desígnio.
Já da Argélia, viram-se boas exibições, apesar do empate: Boudebouz, Yebda, Belhadj, os 3 centrais, o novo guardião, e também o outro ala Kadir e Matmour bem tentou. Enfim, toda a equipa esteve em bom plano, sendo difícil sobressair-se um ou outro. Só mesmo Boudebouz se sobressaiu por se tratar de uma estreia muito bem conseguida, mas penso que os centrais não tão vistosos fizeram, todos eles, um jogo de grande nível.
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