Holanda 1 – Japão 0
Boa primeira parte, muito disputada de parte a parte, com a Holanda a ter muito mais bola, por mérito seu e estratégia do Japão, com remates para golo para ambas as equipas.
Manteve a mesma táctica e jogadores a Holanda, mudou o Japão, que manteve um pouco a matriz da táctica, adoptando contudo uma postura muito mais defensiva, passando de um 4-2-3-1 para um 4-5-1, com Endo a encostar-se mais ao centro do terreno, a par de Hasebe, que lá se manteve e Abe a fazer o papel de trinco. Contudo, destes 3, Endo foi aquele que ficou com o papel mais móvel: por vezes quando a Holanda estava no ataque, a equipa nipónica colocava um duplo-pivot, formado pelo capitão Hasebe e Abe, deixando Endo mais livre, à sua frente. Matsui manteve-se à direita e Honda trocou com Okubo, que neste jogo se manteve na ala-esquerda, ficando o criativo do CSKA na frente.
Bateu-se bem o Japão, fazendo uso dos jogadores de grande qualidade que possui, todos eles juntam capacidade guerreira a uma técnica elevada.
Apesar do esforço, a selecção holandesa teve mais posse e foi mais eficaz. O que apesar de tudo leva a pensar no que seria o marcador, no final do encontro, se o guarda-redes do Japão, não tem dado aquele frango…
A Holanda manteve-se igual a si mesma, com os mesmos jogadores para a mesma táctica e, apesar de as boas estatísticas da equipa neste início de Mundial lhe serem favoráveis (2 jogos, 2 vitórias), acredito piamente que apesar da sua boa equipa, esta selecção está muito longe de ser imbatível: fria na hora de finalizar como devia e o seu duplo-pivot, apesar de ter 2 bons jogadores, está longe de combinar da melhor maneira.
Gana 1 – Austrália 1
Oportunidade de ouro para ambas as equipas, com objectivos diferentes no horizonte: quase garantir o apuramento para a fase seguinte (Gana) e continuar na luta pelo mesmo (Austrália).
A Austrália entrou muito bem no jogo, com os objectivos bem traçados, confiante e concentrada na obtenção do mesmo, confirmando as expectativas com que dela fiquei desde o jogo com os alemães.
Depressa conseguiu um golo de bola parada, numa recarga e Kewell era a escolha acertada para render Cahill, até deveria, quanto a mim, estar no onze base da selecção, a par de Cahill, pela sua óbvia qualidade.
A táctica era a mesma e só mudaram mesmo alguns jogadores devido ao castigo do australiano e à lesão de Grella.
Pena foi a expulsão de Kewell que fez com que a vitória se tornasse dificílima de conseguir, até porque a expulsão foi causa de um penalty e Gyan voltou a não perdoar e fez o gosto ao pé.
A partir daqui o surpreendente não foi obviamente a obtenção ou não dos socceroos mas sim a não-vitória do Gana, que agora sim tinha uma oportunidade das raras para levar o seu adversário de vencida.
Boas investidas ofensivas, nomeadamente através de Ayew, para mim o melhor em campo, mas eficácia em níveis reduzidos, fizeram com que o Gana procurasse o golo em vão e terminasse o jogo a sofrer um pouco, pois dos 5 remates que a Austrália fez à baliza (eficácia muito superior de remates à baliza, do que o seu opositor), cerca de 3 foram feitos nos últimos 20 minutos.
Apesar deste último cenário, perante as condições – 66’ a jogar contra uma Austrália com um a menos, que teve de ter em Holman, o jogador 9,5, que ocupou desde a expulsão os terrenos que vão desde a posição 10 à 9 –, o Gana terminou o jogo com a consciência de que tinha a obrigação de levar de vencida a Austrália, até, como referi, pelas boas iniciativas do quarteto Kwadwo Asamoah, Ayew, Tagoe e Gyan.
Volto a referir a importância extrema que Prince Boateng tem nesta equipa, nos equilíbrios da mesma e no papel que tem nas transições da defesa para o ataque.
Camarões – Dinamarca
Entraram também muito bem no jogo os Camarões, desde já pela alteração táctica.
Le Guen apercebeu-se que melhor do que o 4-3-3 que empurrava Eto’o para a direita do ataque, era utilizar um 4-1-3-2, com Song a trinco, a segurar a equipa e a permitir a utilização de 3 médios-ofensivos: Enoh, à esquerda, e o veterano Geremi, que fez um grande jogo, à direita e, no centro, a 10, Emana, que, em conjunto com Geremi, constitui grande novidade, por aquilo que pode dar à equipa. Emana é um jogador forte fisicamente, com uma grande meia distância, ideal para jogos combativos e para uma equipa como a dos Camarões, onde reina a emotividade.
Emotividade essa que os trai muitas das vezes, como hoje foi disso exemplo. Apanhados a ganhar por 1-0, os africanos deixaram-se surpreender pela organizada Dinamarca, deixando que esta virasse completamente o rumo dos acontecimentos, deixando-a, como sempre nestas situações por mérito deles e demérito seu, ficar por cima e controlar o jogo até chegar ao golo.
Assim foi até ao 2º e só nos últimos 20/15 minutos, os Camarões voltaram a ficar por cima, numa clara tendência de querer chegar ao golo e lutar por um resultado positivo – daí as entradas de Idrissou e Vincent Aboubakar, que vieram, ambos, trazer actividade ao ataque e oportunidades flagrantes de golo.
Eto’o, autor do golo, melhorou substancialmente com esta alteração táctica, como era de prever, mas, como toda a equipa, eclipsou-se desde poucos minutos depois de ter feito o primeiro golo do jogo até aos tais 20/15 minutos finais.
Ekotto e Mbia também não estiveram a um nível tão elevado quanto o fizeram no primeiro jogo – baixa enorme! Song foi muito boa solução, como já tinha referido que seria na escrita do primeiro jogo dos Camarões.
Da parte dos nórdicos, futebol muito eficaz na frente – importantíssima a eficácia, rapidez e qualidade técnica de Rommedahl –, com uma táctica propícia ao seu estilo de jogo, em que um dos pilares reside numa torre lá na frente como referência (Bendtner) e 2 médios-ala rápidos e fortes no um-para-um.
Martin Olsen trocou Enevoldsen por Gronkjaer, dando primazia à experiência em detrimento da irreverência da juventude, apesar do bom jogo que o nº20 tinha feito. Não jogou mal, mas parece-me que também não jogou o esperado.
Acabou por ser substituído também o veterano Jorgensen (assim aconteceu no 1º jogo e verá acontecer em todos os jogos) e os dois jovens centrais garantem segurança à defesa.
Para mim, e para terminar, o 1º golo dos dinamarqueses traduz bem a filosofia de jogo da selecção, saltando apenas a fase da transição a meio-campo, feita normalmente por Poulsen: passe longo de Agger, muito preciso, para Rommedahl, rápido que nem uma seta, apanhar e cruzar rasteiro para a finalização fria de Bendtner. Aqui está presente a eficácia e a frieza que esta selecção muito bem é capaz de cometer mais do que uma vez, pois tem jogadores para isso.
Dizer também apenas que Rommedahl, sem quaisquer dúvidas, o melhor em campo, tem um papel vital na equipa, como já se percebeu, perigosíssimo no um-para-um. Perigo nº1 da selecção, tem de ser muito bem vigiado, aquele que tem lugar cativo no onze, por quem tiver intenções de levar a Dinamarca de vencida.
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