Holanda 2 – Brasil 1
Foi daqueles jogos com 2 jogos completamente opostos dentro de si, digamos assim.
Na 1ª parte, o Brasil surpreendeu tudo e todos, com um futebol criativo, apoiado e muito técnico, condizente com a história da canarinha que apenas em tempos mais recentes vem largando o mesmo e trocando-o, ou pelo menos tentando, por um futebol mais eficaz e menos bonito. A verdade é que não tem tido êxito nenhum, uma vez que os seus jogadores estão preparados e capacitados para juntar a eficácia e o futebol espectáculo na mesma equipa, quanto a mim, e deveria ser considerado crime o que têm feito com a selecção brasileira.
Dizia eu que o Brasil entrou muito bem no jogo, a fazer o seu melhor jogo deste Mundial, devendo muito a Robinho, único jogador que vinha dando o verdadeiro toque brasileiro à equipa, e Kaká, que se mostrou com vontade de progredir e sair do lamaçal de má forma em que se encontra desde há largos meses.
O golo obtido por Robinho veio confirmar isso mesmo, que a selecção brasileira estava preparada para discutir a vitória com uma equipa que se mostra desde o início da prova capaz de grandes feitos. Num grande passe de Felipe Melo a isolar Robinho, a Holanda expôs ao Mundo as dificuldades defensivas com que estava a encarar o jogo, fazendo Robben vir atrás e tentar acompanhar Robinho, quando na verdade esta missão pertencia a Van der Wiel.
Desde o apito inicial que se mostrou inspirada e decidida a não dar hipóteses à Holanda, cortando-lhe todas as linhas de passe, não dando qualquer tipo de hipóteses de jogo ao adversário, pois sabiam de antemão que se a bola chegasse ao trio do meio-campo ofensivo da equipa, o Brasil corria sérios riscos. Desempenharam o seu papel na perfeição, os jogadores brasileiros, e Robben e Sneijder nada puderam mostrar porque os passes da equipa, essencialmente de Van Bommel, não lhes chegavam sequer.
Na 2ª parte, a canarinha mostrou-se sempre muito desorganizada defensivamente e a Holanda consciente de que teria de lutar mais pela bola, fazer mais pressão e ser menos ansiosa e mais determinada na troca de bola, pois só assim esta chegaria ao quarteto ofensivo, sem que Gilberto Silva ou Felipe Melo, numa primeira fase, e depois os defesas brasileiros, numa segunda fase, a interceptassem.
Após o auto-golo de Felipe Melo (que esteve no melhor – grande assistência – e no pior – auto-golo e, mais tarde, expulsão), no seguimento de um cruzamento remate de Sneijder, o melhor em campo, a desorganização táctica com que o Brasil abordou a 2ª parte, numa atitude, provavelmente inconsciente, de que estava muito superior no jogo e dificilmente via a vitória fugir, tornou-se ainda mais bem patente.
A partir desse momento foi ver o Brasil a descontrolar-se psicologicamente (depois de já se ter descontrolado tacticamente) e a Holanda a saber rentabilizar isso como gente grande, com o trio que leva a equipa às costas Robben, Sneijder e Kuyt a temporizar muito bem o jogo e a obrigar fazer o adversário recorrer á falta – e aqui falo de Robben, mestre desta arte, conseguiu sacar o vermelho da cartola do árbitro com destino a Felipe Melo.
Noutro lance de bola parada (canto marcado por Robben), Kuyt penteia a bola de cabeça, sobrando esta para Sneijder, completamente ausente de marcação, fazer o golo.
Pouco mais há a dizer, até parece simples pelo sub-rendimento apresentado pelo Brasil na 2ª parte. Não se deverá é esquecer quem teve papel fundamental e muito complicado, ao estar a perder por 1-0, nesse sub-rendimento. Quem teve a força mental, de campeão, para dar a volta a uma equipa, que independentemente do seu valor colectivo, tem grandes valores individuais e estava talhada para fazer grande jogo durante os 90 minutos.
Uruguai 1 – Gana 1 (4-2, G.P.)
Jogo muito equilibrado entre duas selecções com legítimas aspirações de fazer história. Ambas as equipas não estiveram ao nível a que nos têm habituado, apesar das duas terem feito muitos remates e lutado pela vitória.
O Uruguai apresentou-se com uma alteração nada pequena, uma vez que mexeu com o sistema: abandonou o 4-3-3 que garantia a Álvaro Pereira um lugar no onze, a meio-campo, e deu uma oportunidade ao 4-2-3-1, sistema privilegiado por muitas selecções nesta competição. Em teoria, esta alteração permitiria tirar mais proveito da capacidade de finalização de Suárez e colocar um homem na direita do meio-campo ofensivo (Álvaro Fernández). Digo em teoria, porque não há grande termo de comparação, uma vez que o Uruguai fez, muito provavelmente, o seu pior jogo do Mundial (o que nunca pode deixar de ser um elogio à equipa de Tabarez) e, portanto, jogou melhor nos outros jogos em que não havia apenas uma referência na frente, mas três – Suárez, Forlán e Cavani.
Álvaro Fernández não produziu o desejado e, ainda na 1ª parte, uma baixa de peso ocorreu na selecção uruguaia, falo da lesão do capitão Lugano, a voz de comando da equipa e da experiência.
O Gana lamentar-se-á sempre da suspensão aplicada a Ayew, a grande referência criativa da equipa, como não há outra. E, obviamente, do penalty falhado por Gyan quando o marcador já deixara de marcar 120’.
Segue o Uruguai, apesar de 26 dos 40 remates terem pertencido ao Gana, 10 dos quais à baliza (contra 7 uruguaios).
Dizer que a troca de Inkoom por Tagoe não poderá ser muito criticada, uma vez que o 1º cumpriu com o chamamento do país, comparecendo a bom nível, e que a prova dada pelo próprio de que foi a (boa) alternativa natural a Ayew, foi o golo marcado por Muntari.
Podia ter ultrapassado o feito do Senegal, que em 2002 ficou-se também pelos Quartos, e não foi por ter tido a sorte do seu lado que não conseguiu…
Caíram de pé os africanos!
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