Argentina 0 – Alemanha 4
A Alemanha entrou muito bem no jogo, com Muller a responder da melhor maneira a um livre de Schweinsteiger e a cabecear para a baliza de Romero, que foi muito mal batido.
A Argentina tentou responder, mais individualista que a Alemanha, naturalmente, mas a equipa de Low demonstrou, uma vez mais, ser a selecção mais bem organizada em prova e, quanto a mim, só possível de ser travada pela melhor Espanha, isto é, aquela Espanha que sabe trocar a bola entre si e deixar o adversário a cheirar a bola, com a filosofia de jogo do Barça e com grandes individualidades que podem decidir no último terço.
Schweinsteiger, jogador que há muito quero colocar no onze ideal da jornada, fez um jogão, sempre muito consistente e aproveitou o facto de Khedira ter jogado a grande nível para poder subir mais no terreno e participar um pouco mais nas acções ofensivas da equipa.
Muller, o jovem virtuoso do Bayern encheu, também ele, o campo. E quem perde, mais do que a Alemanha, pela sua ausência da meia-final por acumulação de amarelos, é o futebol, que chorará a ausência de um dos melhores jogadores do Mundial, que chegou à Competição com apenas 2 internacionalizações.
Voltou também a ser gigante Ozil, letal nos contra-ataques, como se viu no 4º e último golo do jogo. E mantenho o que venho dizendo de Klose: trata-se de um dos goleadores mais frios da actualidade, mas já desde há alguns anos largos.
Em 6 remates à baliza, 4 deram em golo e a Argentina precisava mais do que um Di María a fazer o seu melhor jogo, um Tevez lutador e a ter de vir buscar a bola atrás e um Maxi Rodríguez (o da 1ª parte) mais compreendido e imitado na capacidade de, também ele, vir buscar a bola atrás e empurrar a equipa para a frente. Precisava de uma capacidade de contrariar a Alemanha muito maior: um Messi mais influente, pois contrariamente a Di María, fez o seu pior jogo, sempre muito marcado; um Mascherano que tivesse mais apoio de toda a equipa e que não estivesse sempre marcado em cima por Ozil, uma vez que é ele o 1º homem da transição ofensiva da equipa, é ele quem transporta a bola e a coloca em Messi, Maxi ou Di María; um Higuaín mais esclarecido e inspirado na hora de finalizar, ele que também, escusado será dizer, esteve muito marcado.
Contudo, pouco mais há a dizer, se não que a Alemanha foi muito mais forte, como sinceramente já esperava, talvez não com tanta supremacia, e que não deu qualquer hipótese à Argentina que obrigava os jogadores mais criativos – costuma ser só Messi a ter essa preocupação de maneira tão ostensiva – a virem buscar a bola a Mascherano, que por sua vez, não tinha espaço para pensar e entregar, como ele tanto gosta. Normalmente (viu-se muito na 1ª parte, até à troca de Di María por Maxi) era Maxi a vir apoiar, dando a ilusão temporária que a Argentina jogava com um duplo-pivot. Tratava-se apenas de uma ilusão.
Uma última palavra para a troca de Di María com Maxi. Via-se desde o início que a oficialização da transferência de Di María para o Real Madrid retirou-lhe muita ansiedade, que não o deixava explanar o seu futebol na selecção e num palco tão vistoso, e ao mesmo tempo tão temível, pela pressão que acarreta, como é um Mundial de Futebol. Via-se que a pressa de ganhar no um-para-um, de mostrar que tinha capacidade para ganhar, essencialmente, não dignificava a sua qualidade e que hoje surgiu, desde o apito inicial, com outro arcaboiço para jogar, simplesmente. Um dos que demonstrava maior espírito de luta era Maxi, e Maradona decidiu trocá-los. Mais franzino, Di María saiu da asa do experiente Lahm, que poucas hipóteses dá aos atacantes, e passou para a asa do jovem Boateng, ficando a partir desse momento Lahm incumbido de marcar Maxi, jogador que outro porte físico e habituada a jogar em campeonatos mais competitivos, aumentando também o rendimento de Di María, muito mais capaz de diagonalizar o seu jogo e fazer uso da sua meia distância.
Paraguai 0 – Espanha 1
Muito bom jogo do Paraguai, muito mau jogo da Espanha. Este jogo foi ideal para se perceber que esta Espanha tem muitas dificuldades a jogar contra equipas que pressionam forte e agressivas. Já assim tinha mostrado o jogo contra o Chile de Bielsa. O que nos leva a nós, portugueses, desejar e imaginar como teria sido o desfecho do jogo com Portugal, se este tem entrado agressivo no jogo, a pressionar a Espanha em cima, mal esta recebe a bola, porque a verdade é que esta Espanha está longe, muito longe da de 2008. Quando se vê que selecções como Paraguai e Chile, por muita qualidade que tenham, conseguem não deixar jogar o meio-campo de Espanha e, consequentemente, Espanha, facilmente se percebe as dificuldades por que passa a Roja e rapidamente se questionam as hipóteses que terá contra a Alemanha, cuja baixa de peso dá pelo nome de Muller.
Martino montou cuidadosamente a sua equipa para este jogo, ciente da capacidade do seu adversário, voltando ao 4-4-2 do início do torneio, apostando na saída de Vera, dos melhores da equipa, e na entrada de Cardozo, para contrastar com as características de Valdez – o que não deixa de impressionar os mais atentos, uma vez que à frente de Cardozo, com características semelhantes, encontra-se Santa Cruz, que depois acabou mesmo por entrar, mas o que é facto é que o paraguaio fez um bom jogo assim, claro, como Valdez, que até viu o seu golo absolutamente válido, anulado. Que jogador é Valdez, demonstrou-o durante todo o tempo de jogo que Martino lhe ofereceu neste Mundial: lutador nato, porte atlético grande, corre e dá tudo em campo: saiu esgotado aos 72’, não aguentou mais, já estava esgotado quando o árbitro apitou para o intervalo!
Dizia eu que Martino, lá terá as suas razões…, prescindiu dos serviços de Vera para este jogo, numa atitude inesperada e deu a titularidade a Barreto e Santana, nas alas, mantendo os intocáveis Cáceres e Riveros no meio do meio-campo, a segurar o jogo espanhol. Tirou também Bonet, bom jogador, e apostou em Verón, que também actuou a bom nível. Para além da dupla de centrais, que já venho elogiando há muito, esta selecção paraguaia tem um jogador que me enche as medidas: actua na lateral-esquerda da defesa e dá pelo nome de Morel, jogador de 32 anos, actua no Boca Juniors há 6 anos e na Argentina fez todo o seu percurso futebolístico.
Pouco há a dizer da Espanha, uma desilusão constante. Os grandes jogadores que estão lá não rendem o esperado (sim: Xavi, Iniesta,…!) e há muito depende de Villa para resolver os jogos (já assim foi contra Portugal!).
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