
Uruguai 2 – Alemanha 3
O Uruguai é das equipas que mais vezes mudou a táctica com a qual abordar o jogo durante este Campeonato. Começou em 5-3-2 sem bola que passava a 3-5-2 com ela, contra a França, mudou depois para 4-3-3 com o qual atacou os 2 jogos do grupo que se seguiram aos (não) comandados de Domenech (África do Sul e México) e os oitavos, contra a Coreia do Sul. Nos quartos, contra o Gana privilegiou o 4-2-3-1, apostando na surpresa falhada de colocar Álvaro Fernández na direita do meio-campo ofensivo. Já nas meias, contra a Holanda, Tabarez apostou no 4-4-2 losango, com a cartada Gargano a surtir o efeito desejado, por ventura, mais do que o expectado pelo próprio seleccionador, e acaba o Mundial a jogar em 4-4-2 clássico sem bola, com Maxi a aventurar-se numa posição que nunca antes, nesta Competição, tinha experienciado (médio-direito) e Cavani a médio-esquerdo, embora jogasse em 4-3-3 quando tinha a posse da bola, subindo Cavani e formando um trio, o trio habitual na frente, com Forlán e Suárez, ficando Maxi, Pérez e Ríos no meio-campo.
A Alemanha manteve, naturalmente, o seu sistema, trocando apenas Jansen por Podolski, por opção, e Boateng por Lahm, supostamente por lesão (crê-se que por opção, ligadas às declarações do jogador, que alegadamente terá dito não ter vontade de jogar este jogo) – relembrar que Boateng já era titular à esquerda da defesa, passando pois para a direita e entrando Aogo para a esquerda. Muller retornou, como se esperava, marcando o 1º do jogo e actuando a bom nível, para não variar, Ozil esteve muito abaixo do que já mostrou por diversas vezes ser o seu real valor, e Podolski teria feito, quanto a mim, melhor trabalho do que Jansen acabou por fazer, apesar de ter feito boa exibição, culminada com um golo de cabeça, após centro muito bom de Boateng e péssima saída, que por sua vez culminou péssimo jogo, de Muslera.
Nota-se, no entanto, a falta de Lahm, nota-se que a equipa se ressente quando não tem a sua voz de comando.
Forlán voltou a fazer um jogão, assim como Suárez e Cavani, este último num degrau abaixo. No mesmo degrau de Cavani coloco Pérez e por ventura também Fucile, porque não?
Mas é mesmo de Forlán que me apetece falar. Que ele era um jogador excepcional, pouca gente tinha dúvidas, mas quem é que prognosticou um Mundial desta qualidade ao uruguaio, quem o prognosticou para o Uruguai (uma vez que ambos estão ligados e não são independentes um do outro)? Encheu o campo em diversos jogos, sempre muito participativo e a deixar o sangue em campo pela sua equipa, pelo seu país, Forlán deu espectáculo aos espectadores, deu-lhes grandes golos, como aconteceu ainda hoje, com um remate à meia-volta e em remate picado, levando a bola a embater no chão a meio da sua trajectória para a baliza. Todo ele espalha simpatia e classe em campo. Aos 31 anos, o bibota leva o Mundo do Futebol a pensar: será que não tinha capacidade para ter tido outra oportunidade num colosso europeu, depois da passagem muito mal sucedida por Manchester? Será que não podia nesta altura ser tribota ou por aí fora? Tratam-se todas de questões cuja resposta não se vislumbra, contudo penso que o maior elogio que se pode fazer a este jogador e à sua carreira é mesmo este, o de aos 31 anos ter sido o melhor avançado do Mundial, o mais consistente, ultrapassando nomes mais sonantes, jogadores de colossos europeus. Terá, obviamente, lugar no meu onze.
Escusado será dizer que o prémio de melhor em campo, atribuído sempre pelos usuários do site da FIFA voltaram a errar ao escolherem Muller. Só aceitaria 2 nomes, Forlán ou Suárez. E escolheria o 1º, pelo facto de ainda ter conseguido ser melhor.
Óbvio também o facto de ser, verdadeiramente, impossível um jogador da Alemanha ser considerado o melhor em campo, uma vez que a equipa uruguaia demonstrou sempre mais querer em garantir o 3º lugar e, por acréscimo, jogou melhor, em todos os momentos, que a Alemanha.
Ríos e Pérez foram pedras absolutamente basilares no sucesso obtido por esta selecção, complementando-se harmoniosamente um ao outro e dando uma consistência que arrisco dizer que nenhuma selecção conseguiu sequer igualar, quanto mais ultrapassar.