Mostrando postagens com marcador EUA. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador EUA. Mostrar todas as postagens

domingo, 27 de junho de 2010

Mundial 2010: Dia 16


Uruguai 2 – Coreia do Sul 1

O Uruguai jogou melhor que a Coreia, com o tipo de jogo e a qualidade que tem demonstrado ao longo de todos estes jogos. A Coreia não jogou bem. Exceptuando o jogo com a Argentina, onde se viu impotente para parar a alviceleste, a Coreia esteve sempre a um nível muito alto, autora de grandes exibições, pelo que se esperava muito mais, do que apenas uma 1ª metade da 2ª parte a bom nível.

O Uruguai entrou bem no jogo, apesar do livre directo de Park Chu-Young (desde o início que já tinha dito que ele é fortíssimo neste tipo de lances) ao poste. Chegou ao golo logo aos 8 minutos por Suárez, que jogou muito bem – sendo justamente considerado o melhor em campo: bisou –, tal como Forlán e Cavani, o trio que compõe a frente de ataque dos uruguaios.

Para além desse lance fugaz de bola parada, a Coreia nunca mais criou grande perigo e a verdade é que por vezes o Uruguai ia criando. Depois do golo ter sido oferecido pelo guarda-redes coreano, que se fez muito mal à bola, deixando-a passar por ele e ir ter com Suárez, vários foram os erros defensivos ao longo do jogo da equipa comandada por Huh Jung-Moo, entrgando muitas bolas aos atacantes uruguaios, sem qualquer segurança defensiva.

E foi toda a equipa coreana, de vez em quando Park Chu-Young, o que mais lutou contra o destino da partida, e Park Ji-Sung, em condições normais o mais influente da equipa, lá tinham um rasgo, mas nunca foi uma postura coerente da equipa, contrariamente ao seu opositor.

Apenas entre o início da 2ª parte e o golo coreano, onde os uruguaios adormeceram um pouco e acusaram um pouco a ansiedade, desleixaram-se um pouco e isso coincidiu com alguma galvanização psicológica da equipa coreana, necessária para a recuperação, apenas nesse momento, a Coreia conseguiu jogar melhor, a procurar o golo, enquanto o Uruguai assumia uma postura medrosa e ansiosa. Deu-se o golo coreano, num erro gravíssimo também de Muslera, guardião do Uruguai e, a partir daí, a ansiedade e o medo desapareceram e repuseram o jogo como até aí tinha estado.

EUA – Gana

Um jogo que cria grandes expectativas, pela grande qualidade de ambos os intervenientes. Mas o que é facto, é que apesar de equilibrado, o Gana foi mais esclarecido, mais eficaz e entrou melhor no jogo.

Numa grande iniciativa individual de Kevin-Prince Boateng, o Gana adiantou-se muito cedo no marcador e assim o fez no prolongamento, ainda mais cedo, o que era difícil.

E é isto que eu gosto no Gana. Rajevac vem montando, desde que lá está, uma equipa muito esclarecida, muito solidária e eficaz que não só se faz valer pelas suas individualidades, mas por isso mesmo. E só assim se explica que a ausência de Essien não seja muito falada, pois se é verdade que Essien no lugar de Annan tornava a selecção muito mais poderosa, também não é menos verdade que a selecção se aproveitou desse facto para se unir ainda mais, com a consciência de que teria de ser, se calhar, ainda mais unidos e solidários.

Um exemplo de solidariedade é também a não-presença no onze de Muntari, jogador que se disse ter tido problemas disciplinares aquando do CAN e que se vê com o estatuto de suplente na equipa. Rajevac sempre privilegiou o querer e a entreajuda às estrelas, dando a titularidade a jovens jogadores com essas características, colocando do meio-campo para a frente um conjunto de 6 jogadores com uma média de 22 anos, todos eles talentosos.

Escusado será dizer o que já disse muitas vezes, que os seus pilares são laterais muito experientes e Boateng, a garantir os equilíbrios da equipa, Ayew, a dar criatividade e talento à mesma e ainda Gyan, o matador de serviço, muito talentoso, com muitíssima qualidade, juntando técnica e precisão de remate a um poderia físico impressionante.

Os EUA, como também já referi, têm uma grande selecção, com jogadores de grande craveira como o são Bradley, Donovan e Dempsey e peças muito importantes na equipa, como Altidore, Bocanegra e Howard. Trata-se de uma mescla de experiência com juventude e irreverência, que bons resultados deu. Contudo, e apesar de serem selecções que não diferem muito na sua qualidade (é essa a tendência do torneio, com o seu avanço), hoje não tiveram a capacidade de impor o seu futebol como tanto gostam e costumam conseguir, acabando por sofrer as consequências de uma Gana, como disse, muito esclarecida e determinada a seguir em frente.

Referência justa para Feilhaber, que entrou a suplente logo ao intervalo (neste aspecto, Bradley não facilita e aprecio essa sua qualidade) e actuou a muito bom nível, tendo conseguido cerca de 3 jogadas muito perigosas para a sua equipa sendo, portanto, uma aposta ganha. Assim como também me parece que Edu é superior a Clark e que a sua entrada em detrimento do habitual titular deveria ser uma opção de início.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Mundial 2010: Dia 13


Eslovénia 0 – Inglaterra 1

A Inglaterra jogou bem, trocou bem a bola e criou perigo em várias jogadas de ataque, como para além do golo verificamos no remate de Rooney ao poste.

Manteve o seu sistema predilecto, 4-4-2 clássico, com uma alteração a merecer especial atenção pela sua importância, a troca de Defoe por Heskey, que tornou o ataque inglês ainda mais perigoso, ainda mais rápido e móvel, dando ainda mais dificuldades à defensiva eslovena.

Milner fez um jogo muito bom, joga bem com os dois pés, cruza bem, tem um jogo colectivo muito positivo e não é por acaso que tem o Man City atrás. Como já disse, Defoe imprimiu ainda mais velocidade ao ataque e constitui sempre um perigo no ataque, sendo inteligente na hora de finalizar e movimentando-se muito bem, como o comprova o golo, onde se antecipou muito bem ao defesa, necessitando depois “apenas” de pôr o pé à bola.

Rooney continua em baixo, não por jogar mal, pois fez muito bom jogo também, mas porque os golos não aparecem, numa situação muito semelhante à de Ronaldo até ao jogo com a Coreia. Para além de bons passes e diversas tentativas de remate interceptadas, Rooney mandou uma bola ao poste e só não digo que o golo há de aparecer porque não sei quantos jogos mais fará a selecção dos 3 leões.

A Eslovénia tentou ainda o empate, que lhe chegava para se apurar para os oitavos, mas nunca teve oportunidades de golo iminente, a melhor foi um conjunto de 3 remates seguidos interceptados, dentro da área. Apresentou-se em 4-4-2, com 1 ponta-de-lança fixo na frente (Ljubijankic) e Novakovic a fazer de segundo-avançado.

Um ponto forte da equipa é mesmo a dupla de centrais, bem como toda a defesa, que conferem uma boa segurança à mesma (teria sido grande contratação para o Nacional, ter ido buscar Jokic).

Já Birsa não esteve inspirado, pois apesar de ter jogado bem não foi eficaz nas oportunidades que teve para criar algo – golo ou perigo.

De realçar a boa exibição de Novakovic, a passar para os companheiros e tentar criar linhas de passe, sem ponta de egoísmo.

EUA 1 – Argélia 0

Bom jogo, entre 2 equipas interessantíssimas em levar a vitória consigo.

Apesar da bola à barra enviada por Djebbour mesmo no início do jogo e do bom jogo da sua equipa, foram os EUA quem mais oportunidades criou, acabando o jogo com cerca de 5 oportunidades de golo iminente, das quais uma ao poste, isto arredondando por baixo.

Bradley demonstra de jogo para jogo que é grande jogador, sabendo defender e atacar com qualidade, Dempsey confirma o que dele já se conhecia, também muito bom jogador, que sabe aparecer vindo de trás a criar perigo e, claro, Donovan que tem um dom de resolver jogos, foi ele que levou a equipa às costas no 2º jogo dos americanos e também neste resolveu, iniciando uma jogada e terminando-a ao colocar a bola no fundo das redes já em tempo de prolongamento, quando apenas 3 minutos faltavam para terminar o jogo, já a contar com os descontos.

Altidore é sempre muito útil, fazendo uso do seu invejável porte físico para incomodar os defesas e da sua velocidade para tentar chegar à finalização das jogadas.

Bocanegra, capitão da equipa, esteve impecável, ficando na retina um corte in extremis que quase de certeza dava golo se o experiente central (também pode actuar a lateral-esquerdo) não tivesse intervido.

Mantenho o que digo em relação à Argélia, muito potencial, mas pouca eficácia – não falo deste jogo, mas em geral. Jogadores de grande qualidade como Ziani não têm o rendimento que deles justamente se espera, pela sua evidente qualidade. Já Belhadj, desde o início digo tratar-se de grande ala-esquerdo, com um pulmão, capacidade técnica, de cruzamento, tudo, muito acima da média. Para mim o melhor jogador da equipa em prova, certamente que o torneio lhe valeu um vale para um grande clube, ou pelo menos, de maior dimensão.

De referir ainda que a culpa não foi do sistema utilizado por Saadane, bem interpretado pelos jogadores, sistema que penso ter aproveitado bem as potencialidades dos jogadores, em particular de Belhadj e Kadir.

Austrália 2 – Sérvia 1

O jogo divide-se, quanto a mim, em 3 partes.

A primeira parte vai desde o apito inicial até aos golos australianos, que foram muito pouco espaçados. Nessa 1ª parte, a Sérvia jogou sempre melhor: apesar de a Austrália estar a jogar bem, foi a Sérvia quem, durante esse período criou mais lances de perigo, mais ataques, se bem que poucos ou nenhum tenham sido de golo iminente.

A 2ª parte vai desde os golos australianos até ao golo sérvio. Período em que a Sérvia se encolheu um pouco, inconscientemente, nitidamente fragilizada com os golos que não contava sofrer.

A Sérvia foi à procura do golo, embora sem a confiança existente na equipa há poucos minutos atrás, como disse. Contudo, aparece o 1º golo sérvio. Aí, a Sérvia lembra-se que esteve por cima durante a grande maioria do jogo, retira a pressão de estar a perder por 2 a não muitos minutos do fim e vai para cima.

E nestes 2º e 3º momentos foram fundamentais 2 jogadores: Pantelic e Tosic. A qualidade de Pantelic não difere muito de Zigic, pelo que a sua adição deu resultado por ser sangue fresco a entrar na equipa numa altura em que ela bem precisava. Já Tosic foi absolutamente elementar na exibição que a equipa foi fazendo daí para a frente. Rápido, explosivo e tecnicista entrou para rasgar os defesas (e a equipa) adversários. Utilizou também muito, e bem, a sua meia distância para tentar chegar ao golo, sendo que num dos chutos, Pantelic aproveitou o facto de Schwarzer não ter agarrado a bola para fazer o golo. Das várias investidas que fez destacam-se ainda um cruzamento para golo bem invalidado de Pantelic e, mesmo a terminar o jogo, no último folgo, um cruzamento para Pantelic falhar o golo à boca da baliza, quando estava fora-de-jogo e o árbitro nada assinalou.

Por isso digo, nesse folgo final, a Sérvia poderia ter passado e muito, mas mesmo muito, desse mérito pertencia a Tosic.

Agora, claro, não se poderá esquecer exibições como Stankovic, que actuou hoje mais atrás, a pivot, a organizar o jogo desde mais de trás, Kuzmanovic que também actuou a muito bom nível, não gostei de Vidic, como já várias vezes vem acontecendo (vezes demais).

Da parte da Austrália, fica a dever muito do resultado a Cahill, que demonstrou muita classe no cabeceamento e a Holman, recém-entrado, que voltou a fazer o gosto ao pé, desta vez num remate muito bom de fora da área. Com iniciativas dessas, a Austrália pôde sonhar, durante uns momentos.

Gana 0 – Alemanha 1

Não era um adversário nada fácil para a Alemanha e a prova disso mesmo é que a vitória foi alcançada por um lance de inspiração individual, um grande remate de Ozil – e aqui é que entram as individualidades…

O Gana apresentou-se na sua forma habitual, tendo Jonathan ganho aparentemente a titularidade no eixo da defensiva e retornando o experiente Mensah, capitão de equipa, ao 11, em substituição com Addy.

De resto, se é verdade que a Alemanha tem individualidades para fazer a diferença, o Gana também as tem. Nomes como Ayew, Kwadwo Asamoah e Asamoah Gyan demonstram que esta selecção não só tem presente como futuro, e esse é o melhor elogio que se lhes pode fazer. Eu, admito, adoro ver Ayew jogar, não tenho dúvidas nenhumas que está ali um portento de um jogador, dos melhores em competição.

A Alemanha foi forçada a fazer sair Klose do 11, por castigo e Low optou por colocar no seu lugar Cacau, depois de já ter dado a entender que Cacau é a alternativa principal ao brasileiro naturalizado alemão. De resto, tirou Badstuber e colocou Jerome Boateng, numa jogada claramente psicológica, depois do diferendo que teve, através da imprensa, com o seu irmão Kevin-Prince Boateng, que se encontrava do outro lado da barricada, titularíssimo do meio-campo ganês. Parece atacar melhor que Badstuber, contudo poderá não defender tão bem. É, no entanto, muito boa solução dentro dos 23.

Jogo equilibrado, como disse, que pendeu para a Alemanha, não deixando de existir oportunidades para ambos os lados, penso que até mais para o lado dos africanos.

Seguiram para a próxima fase as 2 melhores selecções do grupo.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Mundial 2010: Dia 8


Alemanha 0 – Sérvia 1

A selecção que melhor imagem deixou na 1ª jornada da fase de grupos, aquela de quem já todos diziam maravilhas, começou o jogo com a mesma táctica, seguindo a máxima que diz que em equipa vencedora não se mexe. Assim fez Low.

A verdade é que desde muito cedo, apesar de não estar a jogar, se viu que esta Alemanha não era a mesma que tinha entrado em campo há dias atrás. O jovem quarteto do ataque alemão estava muito perdulário, perdulário demais para os costumes da mannschaft.

Podolski tentou com uns 2 remates fortes, vendo a bola a passar ao lado, Ozil estava apagado (assim aconteceu durante os 90’) e Muller tentava, mas era daqueles dias que leva a engrenar.

Se estava a levar a engrenar, a expulsão de Klose foi um rombo completo na equipa. Perdeu a sua referência ofensiva, a máquina de golos. Teve de deslocar o criativo Ozil para a frente e mudar para um óbvio menos ousado 4-4-1. Para além de perder o 9, perdeu também o 10, ficando com um 9,5, isto é, com Ozil a ter a missão de ocupar as zonas centrais do ataque que pertencem por norma a Klose, mas a vir atrás, ao seu lugar, quando assim é necessário, ocupando o espaço entre as 2 posições.

A Sérvia jogou melhor do que contra a Gana, estava mais concentrada e consciente de que este jogou teria mesmo que correr bem, para que as esperanças da passagem à fase seguinte dessem frutos.

Fiquei contente por ver que Jovanovic, o homem do golo, esteve em bom plano, olhando menos para o seu umbigo e preocupando-se em trabalhar para a equipa. Não é que não o tivesse feito, ou tentado fazer, mas foi o que referi no jogo contra o Gana, queria brilhar, acabava por perder muitas bolas sozinho, quando já é um jogador feito e deve ter a consciência de que tem uma grande capacidade, podendo por isso ser fundamental para a sua equipa.

Krasic aumentou também o seu rendimento. Manteve-o Stankovic.

E, quanto a mim, este aumentou não se deveu só ao facto da Sérvia saber que tinha de ter um bom resultado, mas sim à mudança táctica. Tinha referido que o 4-4-2 da Sérvia, contra o Gana, tinha falhado por um grande motivo: a escolha de Zigic para segundo avançado para apoiar Pantelic. Ora, como é óbvio e não necessita de quaisquer experiências, Zigic é claramente ponta-de-lança, nunca segundo-avançado! Também assim concordou Antic, que optou por colocar em campo Nikovic, como novidade, a 10, e Zigic, sozinho na frente. Substancial aumento de qualidade.

Resolveu também Antic dar confiança a Kuzmanovic, que também esteve em bom plano durante os 90’, colocando-o desde início, a substituir Mjlias.

Escusado será comentar a infantilidade de Vidic que poderia ter custado caro à sua selecção. Valeu Stoj.

Eslovénia 2 – EUA 2

Bom jogo durante a tarde de hoje foi também o Eslovénia – EUA, não tanto pela qualidade do jogo, em si, mas pela emotividade do mesmo. Assim, viu-se a 1ª equipa claramente superior, em todos os aspectos à 2ª e o contrário na 2ª parte.

E se no comentário ao Dia 3 do Mundial, disse que Birsa, apesar de ter um bom pé esquerdo, maneira metafórica de lhe reconhecer qualidade técnica, me pareceu não ter capacidade para galvanizar a equipa, como ela tanto precisava e dele necessitava, neste jogo, o jovem médio fez um grande golo com o seu pé predilecto, jogou e fez jogar durante a primeira parte.

Mas não foi só ele. Os restantes elementos do meio-campo também estiveram a grande nível e o 9 Ljubijankic, autor do 2º, idem.

Referência para Jokic que, quanto a mim, foi o melhor da equipa, no plano global do jogo, aquele que mais regular foi durante os 90’, actuando sempre a um bom nível, defendendo e acompanhando a equipa sempre com qualidade.

Sim, senhor. Parecia outra equipa esta Eslovénia, quando comparada à que esteve em campo perante a Argélia.

Chegou entretanto o intervalo e com ele chegou um abanão de Bradley, que não teve com meias medidas e tirou Torres e Findley para colocar Edu e Feilhaber. Independentemente da exibição de ambos e dos que saíram, Findley era jogar que eu nunca tiraria, pela sua rapidez, que poderá ser letal no contra-ataque e pela sua acção sempre muito irrequieta no ataque.

Donovan, jogador de qualidade superior, com lugar em muitas das selecções em prova, numa investida logo no início da 2ª parte faz golo, fuzilando Handanovic. A equipa empolgava-se. A Eslovénia caia, até talvez inevitavelmente adormecida pela confortável vantagem de 2 golos que levava e que lhe garantiam os 6 pontos no final do dia.

Mas os EUA tinham outros planos para o jogo, com Edu a ser uma boa adição à equipa e com Bradley, muito importante na equipa, ora vindo atrás buscar a bola à defesa, ora estando no meio-campo a fazer passes de desmarcação aos avançados, a equipa crescia. E com ela crescia o resultado.

Apostado em meter a carne toda no assador, Bradley lançou a última cartada e mexeu na táctica: entrou o 9 Gomez, saiu o central Onyewu: passando a equipa a jogar com 3 centrais até ao golo que chegou 2’ depois, a partir desse momento, Edu adaptou-se a central e já com 4 defesas a equipa procurou atacar o 3º que chegou e foi mal anulado.

Inglaterra 0 – Argélia 0

No último jogo do dia, um dos interesses seria ver como é que se iria comportar a Inglaterra: iria desiludir, desperdiçar pontos, ou pelo contrário, surpreender pela positiva, confirmando-se a sua sólida candidatura ao título?

A primeira hipótese dói a “escolhida” pelos britânicos, que se deixaram surpreender pela Argélia que, como referi após a derrota com a Eslovénia, é para mim uma selecção com muito potencial e melhor que a Eslovénia.

A Argélia mexeu, passou de um 4-2-3-1 para um 5-4-1, que se desdobra num 3-4-3, passando Kadir de extremo-direito para ala-direito, Matmour de 10 para 9 e a entrada fulgurante (grande cartada) do 7 Boudebouz, que fez um grande jogo.

Poderá ser difícil de acreditar, para quem tantas esperanças tinha nesta Inglaterra, mas a Argélia jogou melhor, foi mais aguerrida e mais equipa, não me lembro de nenhuma oportunidade de golo iminente, nem para um lado nem para outro.

Rooney, jogador de quem muito se esperava, nunca mais foi o mesmo depois da lesão e tem estado apagadíssimo (ele e Ribery), Lampard mal se vê e nota em campo, para o que é costume, Gerrard parece um jogador novo que, de tanto querer mostrar, nada acaba por mostrar e nenhum jogador de Inglaterra esteve em bom plano, digno desse desígnio.

Já da Argélia, viram-se boas exibições, apesar do empate: Boudebouz, Yebda, Belhadj, os 3 centrais, o novo guardião, e também o outro ala Kadir e Matmour bem tentou. Enfim, toda a equipa esteve em bom plano, sendo difícil sobressair-se um ou outro. Só mesmo Boudebouz se sobressaiu por se tratar de uma estreia muito bem conseguida, mas penso que os centrais não tão vistosos fizeram, todos eles, um jogo de grande nível.

sábado, 12 de junho de 2010

Mundial 2010: Dia 2




Primeiro jogo do segundo dia dita a abertura do Grupo B. A Coreia do Sul defronta os penúltimos campeões europeus, para insatisfação dos portugueses. A Grécia apresentou-se como uma equipa fraca, sem fio de jogo, completamente desprotegida. Tem bons jogadores que, postos a jogar pela própria Grécia se apagam, não têm ligação entre eles, qualquer um deles. Ainda tentou chegar ao golo através de passes longos para Charisteas e Gekas, mas cedo se percebeu que dificilmente iria lá assim.

Tentou também através da criatividade do já velhinho Karagounis, que quando se aventura em terrenos centrais obriga à subida no flanco de Seitaridis, ficando os gregos a jogar temporariamente numa defesa a três (3-5-2). Infrutífero, uma vez mais.

A Coreia do Sul demonstrou ter boa equipa, muito provavelmente a equipa mais anárquica deste Campeonato, sem nenhum jogador fixo, isto é, trata-se de uma equipa sempre em alterações posicionais, ora é Cha Du-Ri que sobe no flanco deixando a ala direita da defesa, ora é Park Chu-Young, homem mais avançado que recua ou descai sobre os flancos, preferencialmente o esquerdo pois no direito está Lee Chung-Young. Ora é ainda Park Ji-Sung, o mais anárquico de todos. No papel, uma espécie de 10, ou entre 10 e médio-centro, se quisermos, mas a verdade é que está em constantes trocas posicionais, aparecendo muito na direita e transportando a bola pelo centro.

Apesar de anárquica, vê-se que é uma boa equipa, com fio de jogo, mesmo que jogando mais com coração, uma vez que se trata de uma equipa raçuda, lutadora, características que nunca se conseguiram encontrar na selecção grega e que não me deixam outra visão que não a de vê-los no 4º lugar, quando for a altura de apurar 2 selecções para a fase seguinte.

Nota ainda para a colocação, por parte dos gregos do triste Samaras na esquerda do meio-campo. E chamo-lhe triste porque Samaras é claramente um ponta-de-lança e não qualquer outra posição, muito menos quando essa posição se encontra a meio campo. E é ver que, sempre que pode, sempre que vê um colega em boa posição de pontapear a bola para a grande área, depressa sai da sua posição para diagonalizar para a área, ficando Torossidis encarregue de fazer o mesmo que Seitaridis faz na direita com as incursões de Karagounis no centro do terreno, isto é, compensar a posição de médio-esquerdo.

Às 3 da tarde, o primeiro grande jogo, digno desse rótulo. Porque jogava a Argentina, ainda por cima contra uma das selecções africanas que mais problemas tem criado nos Campeonatos do Mundo, se não a que mais problemas tem criado.

A Argentina entrou forte, conseguindo um golo de canto, numa grandíssima falha dos africanos, ao deixarem Heinze sozinho a aparecer na grande área das Super Águias e a cabecear ao ângulo, tendo sido infrutífera a tentativa de interceptar a trajectória da bola antes de embater nas redes, por parte de Odiah.

A Argentina jogou naturalmente melhor, através de grandes individualidades. Valeu Enyeama, para mim Homem do Jogo, ao efectuar excelentes defesas (umas 4 ou 5, todas elas de grande calibre!) e ao impedir Messi de dar o melhor fim a excelentes jogadas do actual Melhor do Mundo pela FIFA.

Bem tentou Messi, através de jogadas verticais, onde Léo combina com Higuaín ou, depois, Milito e entra na área perante o desamparado guarda-redes. Valeu Enyeama, nunca é demais relembrar.

Tevez fechava atrás, a meio-campo, ficando do outro lado Di María mais à frente, mais posicional, completamente apagado ao longo de todos os 84’, em que esteve em campo. Saiu ao fim desses minutos para dar lugar a Burdisso que trocou directamente com Jonás Gutierrez, passando este último a ocupar o terreno outrora ocupado pelo, ainda, benfiquista Di María.

Higuaín também não esteve ao seu nível, notando-se que Samuel não desiludiu e tentou inclusivamente por 2 vezes o golo de canto, tendo passado a bola por cima da trave.

Uma grande baixa, que pode ajudar (grande ajuda mesmo!) a matar uma boa selecção nigeriana que “só” pecou na finalização é mesmo a ausência por lesão de Obi Mikel, uma vez que seria uma ajuda preciosa para comandar a equipa no terreno, em conjunto com Yobo – coça a cabeça Lars Lagerback.

Volto a frisar, nem Haruna nem Etuhu fazem esquecer o médio do Chelsea.

Nas alas e na frente, a Nigéria aposta, como é tradição, em jogadores rápidos. São eles: Obasi na esquerda, Kaita na direita (não convenceu) e Yakubu e Obinna na frente. Ideal para o contra-ataque.

Contra-ataque esse que chegou a ser experimentado (falta lá Mikel para ligar a defesa com o ataque!) mas que não chegou dar frutos por perdulária finalização dos homens das águias que hoje não estavam inspirados.

Quem também não estava inspirado era Odemwingie que entrou aos 60’, a tempo, portanto, de demonstrar credenciais, que tem até em demasia. Contudo, nas 3 ou 4 jogadas em que podia ter colocado a bola em Martins (entrou 7 minutos antes) e dar a Obafemi a oportunidade de brilhar, o extremo do Lokomotiv de Moscovo, demonstrou estar sedento de golo, sede essa que lhe cegou em demasia.

No primeiro jogo do Grupo C, a Inglaterra deixou-se surpreender pelos EUA e permitiu que Dempsey, que muito bem conhece os jogadores que compõe a selecção dos 3 leões, por jogar no Fulham. Um autêntico pato de Green que só arranja refúgio na famosa (pela negativa) Jabulani.

Duas selecções apontadas como favoritas por muitos estiveram longe de impressionar – Argentina e Inglaterra, principalmente esta última. E os finalistas vencidos da Taça das Confederações, EUA, a manter o estatuto de boa selecção, prontíssima a surpreender e a intrometer-se na luta pela passagem aos oitavos (a luta deverá acontecer contra a Eslovénia).

E a verdade é que Tim Howard, Onyewu, Bradley, Dempsey e Donovan (tao depressa descai sobre a direita como sobre a esquerda) lhe dão outro toque, toque esse que a selecção nunca teve. Até porque todos eles têm experiência (uns mais que outros) de Europa e todos com excepção de Bradley estiveram presentes na Alemanha, há 4 anos atrás, significando isso que experiência não lhes falta!

A Inglaterra não encontrou em Rooney a explosão esperada, nem pouco mais ou menos, nem o mesmo achou em Lennon, o baixinho que tem o poder/dom de fazer a cabeça em água aos defesas adversários.

No eixo do meio-campo, a velha questão: Gerrard e Lampard são dos melhores do Mundo, não só na sua posição, mas, pelas suas parecenças não combinam como se poderia esperar ou exigir e a justa fama recaiu hoje em Gerrard pois este foi aquele que mais liberdade ofensiva teve, tendo ficado Lampard encarregue de equilibrar a equipa.

Para ser sincero, e isto é apenas um desabafo, só da Espanha não espero desilusões contra a Suíça, no que a grandes selecções diz respeito...