
Ora aqui está um tema que convém abordar. E que altura melhor senão o próprio mercado de transferências? Ismael Matar Al-Junaibi é um jogador de 25 anos (7.4.1983), proveniente dos Emirados Árabes Unidos. Nº 10, baixinho (1.67 m), 66 kg, joga no Al-Wahda - até agora o único clube que já representou - e, diz quem o conhece, destaca-se pela sua técnica, inteligência aquando da recepção de bola e uma abilidade de finta fora do normal que o permite confundir a defesa.
Matar foi premiado com a bola de ouro no Campeonato do Mundo sub-20, em 2003, após ser nomeado melhor jogador do torneio, apesar dos EAU se terem ficado pelos quartos-de-final. Ele é mais conhecido ainda por ter levado os EAU à conquista do seu primeiro troféu de sempre, a Taça do Golfo 2007, a qual foi conseguida em Abu Dhabi. Matar facturou 5 golos em 5 jogos, juntando o troféu de melhor marcador da taça com o de melhor jogador, atingindo um estatuto de herói nos Emirados.
Ora bem...estamos em 2008 e o título de melhor jogador do Campeonato do Mundo de sub-20 já foi há 5 anos. A pergunta é "não deveria ter sido esta jovem promessa logo contratada quando tinha 20 anos de idade?". Uma pergunta simples, visto que, entre uma elite de selecções, entre as quais se destacavam Brasil, Argentina, Espanha, Colômbia, EUA, Canadá, Japão, etc, quem foi eleito o melhor jogador do torneio foi o jovem Matar cuja selecção terminou a prova nos quartos-de-final. Poderão dizer-me que o título deveu muito ao facto do campeonato estar a ocorrer no seu país natal. Até pode ter sido, se formos a ver que no Mundial de 2006, o melhor jogador jovem foi Podolski e não Cristiano Ronaldo. Agora também temos de ver que o facto do prémio ter sido atribuído a Podolski dever-se-à certamente também ao facto de este ser um bom jogador, mesmo não sendo melhor que Ronaldo. Com isto não quero dizer que concordo com este tipo de atribuição de prémios, antes pelo contrário, mas sim que acho que, mesmo havendo jogadores de qualidade superior, Matar devia ter sido um daqueles a dar o salto: ainda para mais estando nos EAU - num campeonato de reduzidíssima visibilidade, ou seja, sem grandes oportunidades, ficaria certamente uma autêntica "pechincha" financeiramente, visto que, enquanto que campeonatos como Brasil e Argentina vão podendo impor o seu preço de venda dos jogadores, cada vez mais elevado, não vai ser o Al-Wahda que irá impor um preço elevado, ainda para mais de um jovem de 20 anos.
Matar está à beira de terminar contrato (termina em 2008) e, com um bocado de sorte, algum clube poderá sentir-se tentado a arriscar neste médio-ofensivo do Al-Wahda. Relembro que ainda esta época (para Portugal, no Brasileirão foi já na época passada), em Outubro de 2007, o presidente do Vasco, Eurico Miranda demonstrou interesse na aquisição do seu passe, mesmo não sendo em definitivo, e demosntrou ainda o desejo de Matar actuar na partida em que Romário marcou o "golo mil" (nas suas contas). Pelos vistos o interesse acabou por esfriar.
Para terminar, gostaria de exprimir a minha tristeza face a este cenário de vai-não vai-vai não vai (indecisão), visto tratar-se de um jogador cheio de potencial (recordo-me que há uns 2 anos era o único jogador asiático premiado para ganhar o prémio de melhor jogador do ano, se não estou em erro), pelo que o video dá a entender e pelo seu palmarés pessoal (mesmo não jogando ao mais alto nível) e mesmo até dos elogios tecidos ao médio-ofensivo. É por estas e por outras que se sente que os jogadores de África e da Ásia (principalmente estes últimos) não são bem aproveitados. Temos o caso de Aboutreika, jogador do Al-Ahly (equipa treinada pelo português Manuel José), por exemplo, que após a CAN 2008, afirmou que gostaria de jogar na Europa, porém, é triste dizê-lo mas o jogador egípcio já tem 29 anos de idade (vai fazer 30 em Novembro), dado que dificulta enormemente a sua aquisição, se formos a contar o tempo de adaptação ao futebol europeu, a barreira linguística, etc - apesar que este último tópico não é, na minha opinião o principal factor, visto poder ser facilmente ultrapassado através da vontade do jogador, creio que o principal obstáculo é mesmo o da adaptação ao futebol europeu. A mesma questão se coloca: "porque não o foram buscar anteriormente ao Egipto?", pergunta completamente justificada se tivermos em conta o seu palmarés: jogador do ano da liga egípcia em 2004, 2005 e 2006, melhor marcador da liga egípcia, da liga dos campeões africanos e ainda do Campeonato do Mundo de clubes, todos em 2006 e, ainda, jogador do ano de competições africanas de clubes, também em 2006. Poderá justificar-se com o seu atrasado sucesso, tendo em conta que a maior parte do seu palmarés individual ocorreu todo em 2006, altura em que tinha 27 anos (a fazer 28), primeira que se adaptasse ao futebol europeu 28,29 anos...justificação: é um investimento arriscado e não é rentável para futuras vendas.
Agora gostaria de apelar a todos os clubes que metam os olhos em Matar (ainda para mais em final de contrato) para que não tenha uma história semelhante à de tantos outros jogadores espelhados no "exemplo Aboutreika" utilizado neste post. Matar ainda tem um tempo de adaptação razoável até chegar à idade teoricamente/normalmente auge para um jogador da sua posição: normalmente 27 anos. Caso fosse transferido neste defeso e caso levasse dois anos a adaptar-se, dando um desconto enorme, Matar estaria já adaptado à realidade europeia com 27 anos, ou seja, na sua idade auge, pronto para começar a pôr a cabeça dos defesas contrários em água.
ATENÇÃO: O seu nome é Khalfan Ibrahim (20 anos, 1,69 m) e foi o jogador que venceu o prémio de jogador asiático do ano, em 2006, tendo na altura apenas 18 anos - na altura encontrava-se ao serviço do Al-Arabi. Aquando da recepção do prémio, deu o "salto" para o Al-Saad, mantendo-se dentro do Qatar. Hoje, e passados dois anos, continua no seu país de origem, ao serviço do Al-Saad. Para seu azar e sorte dos defesas adversários, o nº 14 lesionou-se até ao final da época. Porém, porque não pensar pelo lado positivo e não o deixar valorizar, dar provas. A prova dada foi o prémio que recebeu em 2006, a obrigação agora (já o devia ter sido em 2006) é trazê-lo para a Europa. Nas suas primeiras 15 internacionalizações facturou 13 golos. Não o querem levar em conjunto com Ismael Matar?