Um jogo dominado pela Holanda, que não deu qualquer tipo de chances à Eslováquia do colocar em prática o seu futebol: colectivo, passa por sucessivas trocas de bola em constante progressão no terreno e uma eficácia acima da média no último terço do terreno.
Uma Holanda que fica diferente, com outro toque de magia, com a simples entrada em cena de Robben, que presume-se ainda estar debilitado fisicamente, tal a precocidade com que regressou ao activo, em recuperação recorde, e que mesmo assim foi o melhor em campo, com as suas habituais diagonais, indo para cima do adversário e puxando a bola para o centro, saindo depois o remate. Assim foi o golo marcado por si, que deu o 1-0 e assim teve mais, pelo menos, um remate de golo iminente, com Mucha a defender e a bola a passar ainda assim a rasar o poste.
Sneijder, autor do passe longo soberbo a lançar Robben na frente, foi também ele protagonista de exibição completamente extasiante, com uma leitura e visão de jogo uma capacidade de passe, ao nível de poucos, muito poucos mesmo.
Diria mesmo que a esta selecção só falta um verdadeiro matador na frente. Já tinha aqui falado que, com a sua insistência, os golos de Van Persie acabariam por aparecer, como apareceram, como é natural, mas não como deviam. Deveriam aparecer em muito mais quantidade. É que jogadores tecnicistas, a Holanda tem muitos no seu meio-campo ofensivo, mas na frente o fantasma de Nistelrooy subsiste, pois da maneira como a Holanda joga, valeria mais 2 ou 3 golos por jogo. Poderia ser Huntelaar, mas está com a confiança em baixo e, no pouco tempo que entra, torna-se difícil impor-se como esse jogador.
Hamsik voltou a jogar muito bem, dentro das limitações impostas pela Holanda à sua selecção, empurrando o jogo, fazendo a sua leitura correcta. Trata-se de um jogador que combina força, técnica e visão de jogo, o que nem sempre é fácil de encontrar. Vittek, a outra grande figura da equipa, tentou mais, mas hoje era muito difícil e ter dado para marcar através da marcação de grande penalidade já foi positivo.
Stoch e Weiss, os homens das alas, dois jogadores baixos e habilidosos, foram aposta que não se pode recriminar, antes pelo contrário, pois bem tentaram, e têm essa capacidade, abanar com o jogo, abrir e desorganizar a defesa holandesa, mas sempre com pouco sucesso.
Uma palavra para Mucha que evitou ainda alguns golos, numa exibição de grande nível. Muito seguro entre os postes.
Brasil 3 – Chile 0
O Chile não esteve tão forte como contra a Espanha, é um facto, não jogou de peito aberto como contra os nossos vizinhos, foi uma equipa menos corajosa e menos agressiva.
Mas que não se pense que não se estava a bater bem. Até ao minuto 35 bateu-se muito bem, com um predomínio do Brasil no jogo, com mais bola e maior pendor ofensivo, tentando o Chile aproveitar o contra-golpe.
O jogo ficou diferente, para pior, no caso chileno, depois desse minuto, em que os sul-americanos marcaram de bola parada e logo 3 minutos depois, numa jogada rápida em que 3 grandes individualidades fizeram a diferença com apenas 4 toques na bola desde que esta saiu dos pés de Robinho, passando depois pelos de Kaká e Fabiano.
Podia ter adoptado a táctiva adoptada por Portugal contra os brasileiros e puxar Sánchez e Beausejour para o meio-campo, adoptando, assim, um 4-1-4-1 que bem funcionou com Portugal e que poderia ter funcionado com o Chile. Mas já se percebeu que não é esse o estilo de Bielsa, que inclusive adoptou uma táctica ainda mais ofensiva contra Espanha (4-2-3-1) e este não lhe mexeu, trocou apenas alguns jogadores, essencialmente por problemas físicos. Entrou Suazo, saiu Valdívia e não há dúvidas de que Suazo não está em forma, e optou por, face à indisponibilidade de Estrada para o jogo, colocar Mark González a meio-campo, numa medida que penso que teria sido melhor se tivesse sido Matías Fernández a entrar, pelas suas características que se adaptam muito melhor ao corredor central do que as de González, ou até mesmo Millar, que acabou por entrar…
Pena ver o Chile ficar pelo caminho, depois de ter demonstrado ser das selecções que melhor futebol pratica mas, ao mesmo tempo, praticamente inevitável. Mas também não tenho dúvidas nenhumas que, na sua máxima força, o Chile obteria um resultado bastante mais equilibrado, e daria muito mais luta, como o fez frente a Espanha, que não fica nada a perder ao Brasil.
Primeira parte do Brasil, completamente, sem qualquer margem para dúvidas. Já a segunda parte, e apesar de nunca com o domínio como o que teve a canarinha na 1ª parte, a selecção lusa foi superior, trocando muito bem a bola e fazendo o Brasil ficar a cheirá-la, isto é, a vê-la passar sem que muito pudesse fazer, ou pelo menos, sem a facilidade que gostaria de interceptar jogadas. Queiroz montou a equipa num 4-1-4-1, com Pepe a entrar no onze desde o apito inicial, a trinco. No fundo, numa variação do 4-3-3, baixando os extremos para o meio-campo, para o lado dos médios-centro e colocando Cristiano a 9.
E o que é certo é que a dupla Tiago-Meireles tem resultado na perfeição, com ambos a fazerem grandes exibições, penso que Tiago até tem tido exibições mais conseguidas, mesmo com um jogo a menos de observação.
Coentrão está também em todas, sempre em grande forma, cometendo apenas um erro grave no jogo que poderia ter custado mesmo muito caro. Com a função de não deixar Maicon subir à vontade pelo flanco direito, Coentrão cumpriu a missão exemplarmente, excepto numa jogada em que teve medo de se fazer à bola, bem perto da bandeirola de canto, com medo de ser “papado”, de ser comido por Maicon e deixou cruzar com facilidade. Por sorte, para Portugal, Fabiano cabeceou ao lado. Mas foi mesmo muito pouco ao lado…
Na lateral-direita, a saída de Miguel era inevitável e só voltará a jogar mesmo em caso de necessidade, depois da exibição que fez contra a Coreia, que dispensa qualquer tipo de comentários, até porque já os fiz na altura. A escolha natural seria Paulo Ferreira, preferiu Queiroz optar por Ricardo Costa. Optaria por Paulo Ferreira, pelas rotinas de largos anos que tem na posição e regularidade exibicional, mas o que é certo é que Ricardo Costa cumpriu e, como tal, não há nada a apontar, não vale a pena especular qual dos dois teria actuado melhor.
Percebeu-se a ideia de Queiroz ao colocar Duda e Danny nas alas do meio-campo e Cristiano na frente. Contudo, como Danny não é jogador de características defensivas, teria antes optado por colocar na sua posição Ronaldo e na frente Liedson, devido às suas características, melhores para este jogo que as de Hugo Almeida, apesar do muito bom jogo conseguido pelo último frente à Coreia. Até porque não gosto de ver Ronaldo a 9, por pensar e estar bastante certo de que rende muitíssimo mais a extremo. E não é pelo facto de Danny ter jogado mal que digo isto. Duda também jogou mal, contudo, a opção natural seria Veloso para o seu lugar e Queiroz queria velocidade nas alas, o que penso que toda a gente compreenderá e apoiará.
Do lado do Brasil, penso mesmo que a 2ª parte traduz melhor a real valia da selecção sul-americana do que a 1ª. O Brasil não está a jogar nada, volto a frisar, ainda mais quando comparado a antigas selecções. É mesmo um exercício custoso, tais as diferenças.
Mérito para Dunga, que apesar de colocar Maicon a lateral-direito no papel, optou por fazer trocar de posição o jogador interista com Dani Alves, que começou a extremo-direito, numa clara tentativa de surpreender a equipa das Quinas com o poder físico e técnico de Maicon, fazendo-o utilizar muito o espaço entre-linhas entre a defesa e o meio-campo de Portugal, tendo Portugal tido muitas dificuldades, deixando-o muito sozinho, com muito espaço para receber, pensar e executar. Apenas um Coentrão em grande forma poderia anular tal estratégia. Já na 2ª parte, Queiroz corrigiu e colocou Danny, em constantes trocas com Duda, posicionado a cerca de 3 metros do brasileiro, deixando-o assim mais apertado para receber a bola e forçado a passá-la aos companheiros.
O Brasil esteve melhor no cômputo geral da partida, sem qualquer dúvida, com 3 ou 4 boas oportunidades de golo (e aqui há que dar mérito a Eduardo, protagonista de exibição muito segura), com uma delas levar a bola a embater no poste depois de defesa de Eduardo, mas Portugal fez o seu jogo, ponderado, com cabeça e terá de continuar assim, caso queira continuar a surpreender. E terá de ser já na próxima com a Espanha.
Coreia do Norte 0 – Costa do Marfim 3
Foi o que já se previa: a Coreia do Norte a defender como pode, com o seu clarinho 5-3-2 e a Costa do Marfim ciente de que teria mesmo de golear, pois esperar por uma goleada do Brasil a Portugal seria pura ingenuidade.
Entrou muito forte a Costa do Marfim no jogo, criando muitas oportunidades, com Drogba, Yaya Touré e Boka muito fortes e Gervinho e Keita que, apesar de estarem a perder muitas bolas, trabalhar bem e estiveram sempre muito activos na frente.
E a verdade é que a Costa do Marfim esteve sempre muito segura também a defender, mantendo os intocáveis Kolo Touré e Zokora no eixo da defesa e Tioté a trinco, para além de Romaric e Yaya Touré, jogadores que apesar de estarem muito participativos no ataque (a táctica coreana assim o permite e obriga), estiveram sempre seguros a defender. Destaque também para os homens das laterais, Boka e Eboué, dois jogadores que não tiveram grandes trabalhos defensivos, mas estiveram muito bem a atacar, a subir pelo flanco, com especial incidência para Boka, autor de uma assistência e de um grande jogo. Só se estrearam neste jogo, porque Eriksson quis colocar Demel e Tioté contra Portugal e Brasil pelo seu porte físico, bastando olhar para o feito de Demel logo no início do jogo contra Portugal: fez falta sobre Cristiano, não assinalada pelo árbitro, provocou-o e sacou o amarelo do bolso do árbitro, baixando a actividade de Cristiano em jogo. Penso que este é o exemplo perfeito, que demonstra bem o porquê de Eriksson ter optado por estes jogadores, não pensando apenas nos atributos técnicos, mas também psicológicos. Por outra razão não se perceberia o porquê de não fazer a equipa actuar com Eboué e Boka nas laterais…
Certinho também é que a Costa do Marfim era, a par do Gana (não me peçam para escolher, não quero) a selecção africana mais forte em prova, a mais forte tacticamente, estando a esse nível a par de muitas das europeias, pela experiência que 6 ou 7 jogadores conferem à equipa, com a experiência natural adquirida nos melhores clubes europeus, experiência essa que muitos jogadores europeus não têm.
E não haja dúvidas que selecções africanas como a Costa do Marfim jogam muito melhor, empenham-se muito mais no Mundial do que no Campeonato Africano das Nações, onde, por jogarem onde jogam, se sentem mais que os outros, se sentem as estrelas da competição, coisa que não acontece, obviamente, no Mundial, o que os leva a querer fazer muito melhor, a ser mais humildes e não tenho dúvidas nenhumas que em qualquer outro grupo a probabilidade desta selecção passar à fase seguinte seria sempre muito alta.
Mas o futebol é isto, tivessem eles marcado uma das oportunidades de golo que tiveram contra Portugal, nos últimos minutos e as contas seriam outras nesta altura. Tiveram também o calendário mais difícil, juntamente com a Coreia.
Resumidamente, tiveram o azar de calhar no grupo da morte…
Chile 1 – Espanha 2
Grande Chile, sempre a jogar de cabeça levantada, colocando a Espanha em sentido desde o 1º minuto, sempre muito agressivo a pressionar o seu opositor, mal estes recebiam a bola, não dando qualquer hipótese de troca de bola à mestre da posse.
Contudo, volto a frisar que a Espanha desceu de rendimento do 1º jogo, onde fez o seu jogo e só por acaso não ganhou, terminando com 63% de posse de bola, fazendo aquilo que sabe, no fundo, com os jogadores a interpretarem a sua filosofia de jogo na perfeição, em relação a estes dois últimos. No 2º jogo, jogou bem, referindo eu que difícil nesta equipa é jogar mal, contudo neste último jogo contra o Chile, por demérito seu e mérito do Chile, como sempre nestas situações, jogou mal, não jogou nada e desceu ao nível do que equipas como o Brasil e a Alemanha já jogaram neste Campeonato, equipas que apenas se fazem valer pela capacidade individual dos seus jogadores.
Se repararmos, ambos os golos da Espanha foram obtidos através de jogadas soltas, que se fizeram valer à custa das capacidades individuais dos seus protagonistas, lances de inspiração. No 1º, Bravo sai-se, entrega mal e Villa, de primeira e com o pé mais fraco, faz o golo. No 2º, toque de Iniesta para Villa, este devolve e Iniesta remata de 1ª para o golo.
No seguimento do lance do 2º golo, o árbitro deu ordem de expulsão a Estrada e aí esperava-se que a Espanha viesse para cima, esperava o público em geral e ainda mais esperavam os suíços, que tinham a sua passagem à fase seguinte condicionada por esse resultado.
Contudo, e tendo em linha de conta que o 2º golo surgiu já perto do intervalo, Bielsa aguardou pela ida aos balneários para alertar a equipa de que iriam haver mudanças. Saiu Valdívia para dar lugar a Paredes, muito boa opção, uma vez que Valdívia não se estava a dar bem no jogo e era preciso tentar o golo, colocando-se para isso um verdadeiro ponta-de-lança, e saiu Mark González (extremo-esquerdo), que estava a passar um pouco ao lado do jogo, para entrar um médio-centro. Este acabou por fazer o gosto ao pé, sendo impressionante a maneira como o Chile iniciou a 2ª parte, superiorizando-se à Espanha apesar de ter em campo menos um jogador. Contudo, como o resultado estava do agrado do Chile e não convinha arriscar, estando também do agrado de Espanha, o objectivo foi apenas manter de ambos os lados.
Suíça 0 – Honduras 0
Jogo muito equilibrado, com uma Suíça que desilude ver jogar e umas Honduras que sabem aproveitar o jogo suíço.
Assim, a Suíça causou grande impacto logo no 1º jogo contra a Espanha, uma vez que as características do seu jogo foram das melhores que se poderiam ter utilizado para tentar anular a Espanha e, com sorte e engenho, assim o fizeram. Contudo, contra o Chile, selecção agressiva a pressionar e muito ofensiva, também por culpa da expulsão precoce de Behrami, a Suíça não conseguiu pôr o seu jogo em prática e acabou mesmo por perder.
Hoje, jogaram com onze e não foram além de um empate a 0, tendo ainda em conta que as Honduras dispuseram das melhores oportunidades de golo, tendo os últimos tido um fora-de-jogo mal assinalado, que se não tem sido marcado, provavelmente teria feito com que o jogo tivesse acabado com uma derrota suíça por 1-0.
As Honduras, onde desde o início afirmo que Suazo tem lugar indiscutível no onze, assim como Alvarez, pela qualidade de ambos e características que encaixam muito bem no jogo da equipa que tenta ser ofensiva (consegue-o contra a Suíça), mas a jogar contra selecções fortes tem de apostar mais no contra-ataque (como contra Chile e Espanha).
Parece-me mesmo que a selecção hondurenha ganhou muito com a saída de Guevara e entrada de Hendry Thomas, para o lado de Wilson Palacios, aumentando a capacidade defensiva, de reter as bolas a meio-campo e tentar evitar a entrada do adversário no último terço do campo. Apostou também em Jerry Palacios para 10. Apesar de não ter jogado mal, e percebe-se a ideia de colocar alguns jogadores que ainda não tenham jogado na prova, o melhor para a equipa parece-me mesmo Nuñez (jogou na esquerda) assumir essa posição e ficar Alvarez e Martinez, que só depois entrou, nas faixas.
Do lado suíço, tudo normal: Senderos lesionado deu lugar a Von Bergen e Derdiyok regressou à posição que lhe pertence, a apoiar Nkufo.
Disse que esta selecção suíça desiludia pois, apesar de desde o início da competição ter deixado bem patente qual iria ser o seu estilo de jogo, estivessem bem os seus intervenientes e a equipa teria muito mais potencialidades, mas a verdade nua e crua é que Inler, o capitão, e o próprio Barnetta, por exemplo, dois jogadores influentes que faziam toda a diferença, nunca estiveram ao seu nível.
Se há jogo que fica para a história, este é um deles.
Primeira parte difícil para Portugal, ainda assim, não tão difícil como para o Brasil, onde os coreanos se apresentaram concentrados a 101% e extremamente defensivos, não só no papel, mas também na dinâmica do seu jogo.
Já contra Portugal, e isto sem querer de maneira nenhuma desvalorizar a equipa das quinas, parece-me que a Coreia não esteve tão concentrada, pelo peso que existe quando se joga contra o Brasil, direi que esteve com a concentração nos 99/100%, isto é, e obviamente que estas são características muito subjectivas, esteve muitíssimo concentrada – a isso obriga o peso de jogar uma fase final de um Mundial – mas não esteve tanto como contra o Brasil.
Isto foi o que me pareceu, daquilo que observei num jogo e noutro, com a equipa a ser mais disciplinada tacticamente e unida dentro de campo, também por ter sido o primeiro e, claro está, contra o Brasil.
Para além deste factor, parece-me que a Coreia do Norte, apesar de ter apresentado o mesmo 5-3-2, fê-lo como não o tinha feito no 1º jogo, contra a canarinha. Assim, se contra o Brasil a linha de 5 defesas era mesmo composta por 5 defesas, que fizeram os possíveis e impossíveis para anular Robinho e companhia, contra Portugal os laterais fizeram de alas, colocando-se mais à frente no terreno, relativamente aos centrais.
Ainda para além de tudo isto, e este factor prende-se com a disciplina táctica, parece-me, não tenho grandes dúvidas que a passagem do Brasil para Portugal, levou a que a selecção coreano subestimasse, mesmo que inconscientemente, o valor de Portugal. Ou seja, a passagem de um pentacampeão, expoente máximo de selecções para uma selecção que embora muito forte nada venceu a nível mundial pesou, no sentido em que a equipa asiática colocou sempre os 5 homens do meio-campo para a frente na segunda metade do meio-campo, a menos, claro, quando estava sem bola. E não quer dizer que não o tenha feito aqui e ali contra a selecção brasileira. Contudo, como os jogadores estavam mais do que avisados que no Brasil quase todos os homens do ataque são Cristianos Ronaldos, a transição defesa-ataque fazia-se com menos homens, para que não houvesse nenhuma surpresa na mesma (no contra-ataque).
Sem com isto, como disse, querer desvalorizar Portugal, que teve uma primeira parte complicada, apesar de ter sido sempre muito superior à Coreia. Na segunda parte, a eficácia reinou e fez com que o jogo acabasse com 26 remates de Portugal, dos quais 13 foram à baliza, tendo destes 13 resultado 7 golos.
Trata-se daqueles jogos em que “cada tiro, cada melro”, mas isto nunca acontece por acaso e uma equipa que joga mal nunca dá 7-0 a outra (isto em futebol de alto nível, obviamente), pelo que há que atribuir (muito) mérito a quem o teve e destacar algumas exibições individuais como a de Fábio Coentrão, que fez um jogo esplêndido, conseguindo estar muito mais activo e perigoso no flanco esquerdo do que Cristiano Ronaldo, Raúl Meireles, que começou mal, a tentar acções verticais, atacar a baliza vindo de trás, mas nada lhe saia bem, mas que acabou o jogo em bom plano, com diversos lances perigosos consigo como protagonista, Tiago, que se revelou excelente opção a meio-campo, sendo um elemento que dá muita consistência à equipa a meio-campo e revela-se extremamente importante, tacticamente falando, tendo vários anos de escola de alguns dos maiores clubes europeus. Ricardo Carvalho esteve também ele sublime, absolutamente imperial a cortar, antecipar-se e sair a jogar entregando a bola limpinha ao meio-campo. Já Ronaldo esteve muito mal, mas lá conseguiu voltar aos golos, o que animicamente será muito importante para os próximos jogos e poderá trazer mais, agora que já passou o fantasma dos golos. Uma última palavra ainda para Miguel, que esteve péssimo e começa a demonstrar a falta de frescura física de outrora, perdendo (quase) todas as bolas que lhe pertenciam, todos os duelos individuais, enfim…não acertou uma! – e volte Paulo Ferreira (urgente: lateral-direito para a selecção, que seria João Pereira…).
Chile 1 – Suíça 0
A Suíça manteve a sua estrutura táctica, fazendo apenas 3 alterações: Von Bergen por Senderos, por lesão, Frei por Derdiyok, penso que por ter saído cansado/aleijado do último jogo e Behrami por Barnetta, por opção. Mas a expulsão precoce de Behrami fez com que Frei ocupasse a sua direita do meio-campo temporariamente, ficando apenas Nkufo na frente, até que, inevitavelmente, entrou Barnetta para o lugar de Frei. Foi este o filme das incidências suíças: tentou Hittzfeld fazer o seu jogo e surpreender, da mesma maneira que o fez com a Espanha, o Chile, mas uma expulsão acabou por complicar o programa, fazendo com que os objectivos se mantivessem (apenas mais difíceis de alcançar), com menos recursos (menos um jogador).
E se o Chile já estava por cima desde o início, facilmente se depreende que mais por cima ficou. A aposta de Suazo revelou-se muito infrutífera (é de estranhar, pois trata-se de um matador), o que levou a que entrasse Valdivia para a sua posição, posição que já tinha ocupado desde o apito inicial na 1ª jornada – e a verdade é que deu ‘show’, jogando muito melhor do que no primeiro jogo, ele que não é nenhum 9, mas sim um 10. Alexis Sánchez voltou a arrasar, jogador sempre explosivo e Vidal, agora a meio-campo, descaído para a esquerda do terreno acabou por ser substituído pelo homem do golo, Mark González.
Jogou também bem Matías Fernández, que deu contudo entrada a Paredes, ponta-de-lança que ainda fez uns 25 minutos a muito bom nível, com umas 2 oportunidades de golo iminente.
Continua no bom caminho este Chile, perfilando-se até ao momento como uma das selecções mais fortes em prova.
Relativamente à Suíça, está lá para complicar as contas aos outros. Com um jogo defensivo, esta selecção joga no erro do adversário, sempre muito serena, joga até um pouco na espera que o adversário perca um pouco a calma, mostre indícios de ansiedade pelo golo que não chega e aí sim, tenta imprimir contra-ataques venenosos. Selecção matreira, a ter muito em conta, pois apesar de o seu jogo não ser apelativo, é eficaz.
Espanha 2 – Honduras 0
Del Bosque mudou a táctica, fazendo também algumas alterações no onze: passou de 4-3-3 para 4-2-3-1, com Xavi a 10 e Xabi Alonso combinando com Busquets a duplo-pivot. À direita saiu Silva para dar lugar a Navas e à esquerda Iniesta para dar lugar a Villa, homem do jogo, marcador de 2 golos (o primeiro um golaço) e autor de um penalty falhado. A 9, Torres a substituir Villa. Continuo a dizer que Del Bosque, se quer juntar Villa e Torres na mesma táctica, podia muito bem manter a táctica usadapor Aragonés no Euro 2008, contudoa velha raposa espanhola não quer mesmo deitar mão do trio do meio-campo formado por Busquets, Xabi Alonso e Xavi.
A Espanha deixou-me um pouco triste, porque quando se trata de vê-la jogar, as minhas expectativas estão naturalmente sempre lá em cima, assim como a de mais uns quantos bons milhões de pessoas. Mas o que é facto é que, apesar de ter jogado bem (difícil é mesmo jogar mal), a Espanha não teve aquela qualidade de posse como de costume. Pois os 57% de posse de bola que teve não querem dizer tudo: quando falo em qualidade de posse refiro-me à fluidez com que a Espanha, por norma, troca a bola, com uma facilidade ao alcance de muito poucos. Fluidez essa que permite que nalguns jogos a posse de bola some números exorbitantes, de sessentas e muitos.
Villa fez um grande jogo, homem do jogo como já referi, muito activo na frente, e Sérgio Ramos seguiu-lhe as pisadas, sempre muito activo nas subidas pelo flanco direito com centros guiados para a área, como é seu (bom) hábito.
Contudo, estou convicto de que, apesar de equipa muito experiente, tal diminuição de qualidade, e estou ciente de que poderiam ter entrado 5 ou 6 na baliza das Honduras, à vontade, se fica a dever à situação em que a Espanha se encontrava à partida para o jogo: 1 jogo a menos que Chile (6 pontos) e Suíça (3 pontos), com 0 pontos somados, o que levou a alguma ansiedade em querer somá-los o mais rápido possível, sem se preocupar muito como e também com a alteração táctica.
Torres voltou a jogar mal – volto, por isso, a insistir que a táctica do Euro 2008 era das poucas soluções existentes para pôr Torres a render…já!
Uma palavra para as Honduras, ou melhor para o seu seleccionador: não percebi o porquê de Alvarez não jogar, pois parece-me dos poucos jogadores das Honduras que pode realmente fazer a diferença, até pela sua rapidez, que poderá ser letal nos contra-ataques e é um luxo prescindir de uma dupla de velocistas formada por Alvarez e Suazo na frente de ataque, numa selecção onde não reina a qualidade individual. Penso até que seria mais adequado um 4-4-2 com estes 2 jogadores na frente de ataque, tendo em conta a realidade desta selecção. Recorde-se que nunca chegaram a jogar juntos, pois no 1º jogou Alvarez e não jogou Suazo e agora aconteceu precisamente o contrário.
Agora é tarde, as Honduras estão com um pé e meio fora do Mundial…