Mostrando postagens com marcador Itália. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Itália. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Mundial 2010: Dia 14


Paraguai 0 – Nova Zelândia 0

Jogo muito fraco, protagonizado pelas duas selecções, com o Paraguai a procurar mais o golo, pela natural diferença de qualidades de uma selecção para a outra, e apesar de ser a Nova Zelândia quem tinha mesmo de ganhar para seguir em frente.

Apostou em Cardozo, Martino, mas mais uma vez deve ter jurada para nunca mais, assim desta maneira (titular), até porque só o fez por ser o último jogo do grupo. Exibição fraquíssima de Takuara, que não encaixa nas ideias que o seleccionador tem para a equipa, contrariamente a Lucas, Valdez e Santa Cruz, que trabalham para a equipa, são móveis, vêm buscar atrás, correm, enfim, tudo aquilo que Cardozo faz em muito menores quantidades.

Vera foi para a frente dos médios-centro, para funções que nem se podem considerar como sendo de um 10. Perdeu brilho.

De frisar, isso sim, o grande jogo, para mim o melhor em campo, aquele que mais procurou o golo, apesar da sua posição em campo, que juntou melhor a vontade de vencer com a qualidade exibicional, foi mesmo o avô Caniza, lateral-direito, capitão de equipa com 35 anos, que entrou para a posição normalmente ocupada por Bonet. Vários remates perigosos a passar rente à barra e muito boas investidas pelo flanco direito acima, chamaram a atenção que está ali opção muito boa, numa mescla de experiência e frescura física, por que a tem, para a ala direita da equipa.

A Nova Zelândia termina com a proeza de fazer melhor do que a campeã mundial, Itália, ficando com 3 empates em 3 jogos, feito importante para a selecção e futebol do país.

A estratégia de Herbert era simples: tentar evitar o golo do Paraguai, que bem podia ter acontecido por diversas vezes e tentar surpreender num contra-ataque qualquer, sendo por isso mesmo a prioridade não sofrer, pois só assim a equipa poderia sonhar com algo.

Reid fez muito bom campeonato, demonstrando qualidade a defender, ele que é central de origem, mas que actuou sempre à direita da defesa. Vê-se que tem qualidade que destoa da maioria da equipa, não devendo ser factor exógeno a esse facto, o de jogar na Dinamarca desde os 11 anos e presença assídua nas camadas jovens do país.

Quem também jogou muito bem foi Bertos, sempre descaído na direita do meio-campo, constituindo uma lufada de ar fresco na selecção pela qualidade técnica que apresenta e por um perfume de futebol habilidoso que tenta imprimir ao futebol da equipa. Já o trio de ataque também esteve a bom nível, assim como a aposta do treinado na jovem promessa Chris Woods, que se revelou em muito bom plano.

Já tinha referido, mais do que uma vez, a importância do avozinho Elliot, que é imensa. Ele é o marcador dos pontapés de livre longos, constituindo quase sempre perigo para o adversário este tipo de lances, graças à experiência da marcação deste tipo de lances por parte do veterano de 36 anos.

Nelsen, velho conhecido do público em geral, pela visibilidade que o campeonato inglês confere aos seus protagonistas, esteve sempre intransponível, sendo cruel pedir-lhe mais do que aquilo que deu à equipa.

Eslováquia 3 – Itália 2

Já tinha tido oportunidade, por mais do que uma vez, de elogiar a selecção eslovaca, pela sua qualidade e pelo seu jogo colectivo, com a equipa a demonstrar sempre um bom fio de jogo.

Apenas dois nomes sonantes na equipa, Hamsik e Skrtel. De resto, o que mais se aproxima disso é Vittek. Mas o que é certo é que Weiss escolheu um modelo de jogo e dele não abdica, com curtas variações de jogo para jogo, como a deste jogo, em que o normal 4-2-3-1, sofria apenas uma pequena alteração, estando Hamsik a jogar um pouco mais avançado, deixando a posição e função de 10, para passar a fazer a ponte entre um 10 e um segundo-avançado.

Hamsik fez um jogão, encheu o campo: pressionou em cima do adversário, ganhou muitas bolas, cruzou para a área, à procura de perigo, descaiu para os flancos como se lhe pede, …enfim melhor era difícil. Já Vittek continua a revelar-se, também ele, fundamental na manobra ofensiva da equipa, constituindo uma referência na frente de ataque e fazendo uso do seu porte físico para chegar ao golo e da sua inteligência de movimentações.

Gli Azzurri não jogaram nada. Equipa muito solta, sem ideias e jogadas colectivas, primando na selecção o individualismo e a desunião.

Apesar da média de idades da equipa ser elevada, o que é facto é que muitos erros infantis foram cometidos durante a partida, nomeadamente por Cannavaro, que se esperava ser um elemento chave neste Campeonato do Mundo e acabou por ser dos piores, se não mesmo o pior, desta selecção.

Penso ainda que o 3º golo da Eslováquia – golo obtido através de um lançamento de linha lateral ao pé da área da Itália – espelha bem a partida e as selecções em si: de um lado, uma Eslováquia muito prática, solidária e colectiva e do outro, uma Itália desunida, apática, com jogadores supostamente experientes a darem a entender que estão a fazer o seu 1º jogo num Mundial.

Merecidíssima, portanto, a passagem da Eslováquia aos oitavos e a não passagem da Itália.

Gostaria apenas de referir que, se o 2-2 feito por Quagliarella, depois de um 1º golo excepcional, tem sido validado como deveria ter sido, a Itália dava mais um exemplo da sua “sacanice”, isto é, a pouquíssimos minutos do fim colocava-se toda à defesa e provavelmente não sofria mais golos, passando sem jogar nada, como diversas vezes tem feito, ao longo da sua história.

Dinamarca 1 – Japão 3

Mais uma grande prova dada pelo Japão, de que veio a África para ficar mais alguns dias e não apenas de passagem.

E não tenho quaisquer problemas em afirmar que esta selecção do Oriente é a selecção mais solidária e que melhor funciona em conjunto, em competição.

Identifico apenas 2 jogadores que poderão ter, aqui e ali, opções individualistas, em situações onde deveriam optar por colectivas: Honda e Okubo. Contudo, não nos enganemos, na grande maioria das vezes, mesmo estes jogadores trabalham muitíssimo em prol do colectivo e na maioria dos casos optam por jogadas colectivas, existindo até o exemplo do 3º golo nipónico, que mais não vem do que confirmar isso mesmo, com Honda a fintar o adversário, tirando-o do caminho e, frente a Sorensen, a optar pelo passe para Okazaki, numa situação em que apenas não fazer golo, tornaria a jogada bizarra.

Sem surpresas tácticas quer por uma quer outra selecção, o Japão demonstra grande facilidade de interpretação do seu sistema de jogo.

Num claro 4-2-3-1 com bola, é o 4-5-1 que é utilizado quando a equipa não tem a bola em sua posse, com Okubo e Matsui a baixarem para a linha do meio-campo, Endo a formar um duplo-pivot com Hasebe e ficando Abe atrás desse duo, com responsabilidades de descer ainda mais, para 5º central, quando a equipa sente essa necessidade, como nos cruzamentos bombeados para a sua área.

A Dinamarca vai para casa, apesar de ter demonstrado que sabe praticar bom futebol, um futebol positivo, também ele apoiado, com Agger, Poulsen, Rommedahl e Bendtner a constituírem os principais pilares da equipa, nos seus diversos sectores.

De frisar as boas perspectivas futuras desta selecção, que tem em Agger, Kjaer, Bendtner e Eriksen muito boas perspectivas para o futuro.

Já Rommedahl demonstrou ser o mais jovem de todos, pela frescura física que fazem com que pareça ter 21 anos e não 31! Espectacular, adorei vê-lo a jogar, grande jogador!

Camarões 1 – Holanda 2

O melhor jogo dos Camarões nesta fase de grupos, melhor jogo dos africanos neste Mundial 2010. Com Le Guen a trocar o 4-2-3-1 pelo 4-4-2 clássico e optar por Geremi para ocupar a lateral direita da defesa, os Camarões retiraram a pressão e mesmo sem Eto’o em grande forma (jogou bem mas nada daquilo a que nos tem habituado) conseguiram fazer do jogo um jogo equilibrado até 20 minutos do fim, altura em que Robben entrou em acção e estragou a possível festa aos leões indomáveis. Um minuto depois da chegada de Arjen, Le Guen colocou Rigobert Song e retirou de campo N’Koulou, central com menos 13 anos que o 1º, apostando, pois na experiência para travar Robben!

“Mas não é que o endiabrado extremo holandês não pára de criar perigo”? Esta era uma das questões possíveis que podia ir na cabeça dos jogadores, depois de tanto tempo a baterem-se de igual para igual com a Holanda e tudo mudar de um momento para o outro, não tanto pelas entradas de Huntelaar e Elia, mas sim pela de Robben, que só agora recuperou de uma lesão e que foi fundamental para Huntelaar marcar, na recarga de um grande remate em jeito de Arjen ao poste.

Tivessem as entradas de Idrissou e Vincent Aboubakar tido o mesmo efeito que tiveram contra a Dinamarca e o resultado poderia sofrer alterações, em abono dos africanos. Mas não era o seu dia, nem de um nem do outro.

Tinha dito que os golos de Van Persie haveriam de chegar, pela persistência do ponta-de-lança e assim foi, depois de uma grande combinação do jogador do Arsenal com Van der Vaart.

domingo, 20 de junho de 2010

Mundial 2010: Dia 10


Eslováquia 0 – Paraguai 2

Apesar de, tacticamente, a Eslováquia arriscar mais, no papel, à partida para este jogo, com a passagem do 4-2-3-1 para o 4-1-4-1, substituindo o duplo-pivot por apenas um pivot, na prática, tal arriscanço não teve complicações práticas para o Paraguai, que dominou completamente durante todo o encontro, sendo mais esperto na gestão do jogo, muito mais eficaz, com muitos remates perigosos.

A Eslováquia bem tentou entrar bem no jogo, isto é, fazer um golo cedo, mostrar que entrava forte e confiante, mas a adição de Santa Cruz à equipa, em troca com Torres, e a consequente passagem de 4-4-2 clássico para 4-3-3, com um Vera sempre muito activo a meio-campo e um Lucas endiabrado, fizeram com que a Eslováquia não tivesse sorte nenhuma.

Enquanto que Santa Cruz baixa no terreno quando a equipa não tem bola, Lucas está encarregue de estar sempre muito presente ao pé da grande área, apesar de muito móvel, ficando Valdez encarregue de vir também mais atrás, mas à esquerda e, como já afirmei, Vera é o mais activo ofensivamente, uma vez que é aquele que menos preocupações defensivas tem, ficando encarregue de surpreender o adversário com investidas esporádicas, combinado com Lucas na frente normalmente. Posto isto, Cáceres e Riveros ficam com a tarefa de cobrir tais investidas, mantendo-se próximos do centro do terreno.

Está de parabéns o Paraguai, que soube anular completamente as linhas ofensivas eslovacas, que perigo praticamente nenhum causaram a Villar. Quando Weiss apanhava a bola, caíam-lhe logo 2 ou 3 em cima para que o jovem talentoso não criasse perigo, com a sua rapidez e habilidade e Hamsik esteve também sempre bem controladinho para não usar o seu dom de fazer a diferença e o peso que tem na equipa.



Itália 1 – Nova Zelândia 1

Para ser sincero, esperava uma vitória da Itália, assim como a grande maioria dos espectadores.

Bem sei que está a atravessar um muitíssimo mau momento, mas, volto a repetir, penso que esta Nova Zelândia, apesar de hoje não ter ficado muito bem patente, apesar de ter contrariado essa tese mesmo, é muito fraca, das selecções mais fracas em prova a par das Honduras, quanto a mim.

O que é certo é que, através de um lance de bola parada, fizeram a Itália ir a correr atrás de um resultado, tendo apenas igualado através de grande penalidade, por Iaquinta.

Pepe, abono de família desta Itália, único pelo menos até à recuperação de Pirlo, esteve muito abaixo do nível a que se mostrou no 1º jogo, Iaquinta e Gilardino praticamente inexistentes. Inexistente voltou também a estar Marchisio, ainda pior que no último jogo, onde me parece ter actuado numa posição que se adapta melhor às suas características, a 10. E a equipa bem necessitava dele, pelas mesmas razões que o Brasil necessitava de um Kaká em grande forma, ou pelo menos, em boa forma. Criatividade, leitura de jogo, capacidade de passe, de pautar, são características importantíssimas no futebol actual e a jogar num 4-2-3-1, como a Itália jogou no primeiro jogo (neste jogou num 4-4-2, com Iaquinta a fazer de segundo-avançado) e o Brasil joga torna-se mesmo imprescindível e a ausência desse jogador torna-se gritante.

Montolivo foi mesmo o melhor italiano, tendo feito uma boa exibição culminada com grande remate de longe ao poste, e eu apostaria mesmo em colocá-lo a 10 com Pirlo a fazer dupla com De Rossi.

Arrisco, contudo, a afirmar que este jogo terá sido o melhor dos All Whites nos últimos tempos e dos que virão a seguir, neste caso, o próximo e último do grupo. Bertos jogou muito bem, com excelentes iniciativas ofensivas, passando com técnica pelos adversários, metendo a bola por um dos lados e indo pelo outro, Elliot voltou a estar muito bem (dele foi a marcação da bola parada que originou o golo) e volto a frisar a sua importância na equipa, assim como Vicelich, o restante elemento do trio que compõe o meio-campo, também esteve a grande nível.

Smeltz voltou mostrar bom rendimento, contribuindo decisivamente para o desfecho da partida com um golo, assim como Nelsen e Reid se apresentaram a muitíssimo bom nível.

Um dos pilares da equipa assenta na colocação de um 9 com porte físico considerável, daí ter lá estado neste jogo desde início Fallon (1,88m) e a meia-hora do fim ter entrado (típica substituição) Wood, 1,91m, com 18 anos mas já capaz de fazer estragos nas defesas adversárias, fazendo uso essencialmente do seu porte físico.


Brasil 3 – Costa do Marfim 1

A primeira parte do Brasil demonstra bem qual o estado da equipa. O Brasil é daquelas equipas que dificilmente se poderá dizer “vai perder”, pelas suas individualidades, ou que “não dá uma para a caixa”, pois para cada posição tem jogadores de craveira mundial e não é um, mas 3 ou 4 para cada um dos 11 lugares, todos eles titulares dos maiores clubes do Mundo.

Mas clarinho como a água é o Brasil estar uma sombra do que já foi.

Enfim, na defesa não há muito a apontar, os 5 têm cumprido com o que é pedido/exigível e todos eles são grandes jogadores. A posição da defesa que os adeptos poderiam ter maior receio pela ausência de nomes sonantes era mesmo a lateral-esquerda, contudo Michel Bastos revelou-se boa adaptação (não é costume o Brasil precisar delas!), sendo já indicado como o sucessor do Roberto Carlos, pelo seu potente remate e subidas pelo flanco esquerdo vindo de trás. A alternativa chama-se Gilberto, 34 anos, pouco conhecido do público menos atento.

Maicon dispensa apresentações, assim como Lúcio, Juan e Júlio César.

Mas, apesar de Fabiano não estar na melhor forma (sim, eu sei que bisou), o grande problema reside mesmo no meio-campo: Kaká está um fantasma em campo, em 5 bolas ganha 2 e perde 3, é vê-lo a cair e a errar passes, a perder a bola e a mostrar ansiedade, própria de quem quer fazer as coisas bem e elas não saem – se fosse a Dunga, colocaria Júlio Baptista contra Portugal independentemente do Kaká ter sido expulso (pior, muito pior, para Portugal, quanto a mim) e Felipe Melo e Gilberto Silva demonstram não servir para formar dupla daquela que é a melhor selecção mundial de futebol, a mais consagrada, pentacampeã mundial, quanto mais não seja, por nada de relevante acrescentarem à equipa, ou pelo menos, por não acrescentarem aquilo que a equipa pedia. Já Robinho e Elano destacam-se pela positiva.

Mas, para ser sincero, confesso que estou mesmo muito desiludido (já o venho a estar desde há alguns anos) com a selecção brasileira, com jogadores todos muito “europeizados”, sem verdadeiro espírito brasileiro, sem o perfume do futebol brasileiro, selecção que está muito envelhecida, olha-se para o banco e para o onze e saltam à vista os 30, 32, 33 anos no BI. E uma coisa era serem grandes jogadores, outra é já terem sido ou, simplesmente, não serem.

A Costa do Marfim, entrou muito bem no jogo, ganhando o meio-campo ao Brasil e, com isso, o jogo. Via-se uma Costa do Marfim por cima, com jogadores capazes de, mais momento, menos momento, dar o golpe aos canarinhos, eis se não quando um lance (penso que o primeiro, não só do jogo, mas de há largos dias) de Kaká a isolar Fabiano, vira o jogo: 1-0, assim se manteve o marcador até ao intervalo.

Conseguiu depois o Brasil melhorar um pouco e inverter a tendência do jogo, mas não foi nada fácil e, lá está o porquê de uma selecção como a brasileira ser sempre perigosa, um lance entre 2 predestinados e golo. O jogo vai-se invertendo naturalmente, os costa-marfinenses começam a ficar um pouco cansados e o jogo vai ficando cada vez mais partido, apesar da Costa do Marfim ser das selecções mais disciplinadas tacticamente deste Mundial, sobressaindo depois a qualidade técnica individual dos jogadores em campo. Aí ganha claramente o Brasil, quanto mais não seja por respeito à história do futebol mundial!

Yaya Touré voltou a estar absolutamente espectacular no jogo, tendo sido dele o passe para o golo. Dindane não esteve tão activo no ataque como contra Portugal. Tioté revela-se muito importante naquele meio-campo e Zokora demonstra saber sair a jogar, podendo-se até fazer um paralelismo com Piqué, na maneira como ambos se impõe como o primeiro homem da construção ofensiva das respectivas equipas, tendo papel importante na equipa, assim como Kolo Touré, obviamente.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Mundial 2010: Dia 4


Holanda 2 – Dinamarca 0


Mais uma vez (a fé é inabalável…) as minhas esperanças de bom futebol estavam centradas no conjunto laranja. Mas a verdade é que a Holanda esteve longe de surpreender, ainda para mais quando tinha como cartão-de-visita o último particular disputado diante da Hungria, equipa que complicou as contas a Portugal na fase de apuramento e ainda mais à Suécia e que foi levada de vencida por 6 bolas a 1.

Enfim, boas jogadas com um tridente temível no meio campo ofensivo: Van der Vaart, Sneijder e Kuyt, sendo que quando Robben estiver apto ainda mais temível será com a presumível troca com Van der Vaart. Boas jogadas essas que se tornam inofensivas quando a equipa entra na área, uma vez que eficácia foi palavra proibida pela Dinamarca. Se não tem sido o auto-golo, podia-se esperar mais um 0-0 ou, com sorte, um 1-0.

De Jong é muito bom jogador mas recorre muito à falta e só não foi expulso porque nestas coisas prima quase sempre o bom senso da protecção ao espectáculo, exigido pelos faltosos e criticado por aqueles que em nada beneficiam de tais opções dos juízes.

Chave desta equipa é também Van der Wiel (estive para escrever sobre ele este ano, acabei por não o fazer mas ainda vou a tempo), lateral-direito de apenas 22 anos com carimbo Ajax. Para mim, já se encontra no top 5 dos melhores na sua posição, sendo que não tenho dúvidas nenhumas que continuará a subir na escala se der continuação ao seu trabalho, potenciando todos os seus atributos: lateral ágil, veloz, rápido, com boa capacidade atlética, sobe muito bem pelo flanco, apoiando o meio-campo e integrando-se em acções ofensivas. Cruza ainda de maneira superior e tem boa técnica.

Não falei ainda de Van Persie, mas dispensa apresentações: jogador de fino recorte técnico, com um pé esquerdo ao alcance de poucos. Não será, no entanto, uma mais-valia para a selecção se não melhorar a sua eficácia de finalização, uma vez que neste momento, na selecção, não tem ninguém a seu lado para lhe dar o apoio de que por certo gostaria. Acredito que melhorará este aspecto daqui para a frente, pois trata-se de um grande jogador e a entrada de Robben, elemente muito ofensivo, trará mais opções ofensivas à equipa, que resultarão em mais oportunidades de golo.

No lado da Dinamarca, foi um companheiro de Dirk Kuyt a fazer a diferença. Daniel Agger, central esquerdino do Liverpool, que teve o mérito de impedir umas quantas acções ofensivas da Holanda, com o seu desarme superior.

Já na frente, o já veterano Rommedahl (31 anos, pensava que tinha mais, tal a idade com que apareceu na ribalta…) continua a fazer as delícias. Quase não perdeu velocidade (se perdeu, continua com muita!) e tem técnica para colocar a defesa holandesa em ordem, tendo um pormenor – um slalom – delicioso. Assim dá gosto!

Por falar em companheiros, os homens-golo de ambas as selecções são colegas no Arsenal (Bendtner e Van Persie). Nicklas Bendter tentou a sua sorte, nomeadamente através de um cabeceamento, mas também não estava nos seus dias.

Nota positiva também para Enevoldsen, jovem médio do Groningen que sabe que este Campeonato é uma grande montra e mostra vontade de contribuir para a vitória, tendo várias iniciativas ofensivas interessantes.

Japão 1 – Camarões 0


No início da tarde foi a vez do Japão defrontar os Camarões de Eto’o.

E a verdade é que o Japão se portou muito bem, jogando sempre de peito aberto, numa equipa formada por apenas 3 “estrangeiros”: Honda (CSKA Moscovo), Matsui (Grenoble) e Hasebe, o capitão (Wolfsburg). Quem mais me impressionou neste jogo foi mesmo Matsui. Excelente jogador, muito consistente, o 8 japonês tem já 29 anos mas pode ainda fazer 4 ou 5 anos ao mais alto nível: joga bem com os dois pés, tem técnica e com o seu metro e 70 faz a cabeça em água aos adversários.

Papel importante nesta equipa oriental tem naturalmente Honda, dos mais experientes da equipa (o talentoso médio joga fora desde os 21 anos – 3 época no VVV-Venlo e desde Janeiro por terras russas), alterando entre as alas, trocando com Matsui e com Okubo, ficando momentaneamente na posição 9.

De relembrar que o golo da vitória e único do jogo foi feito pelos dois – grande jogada de Matsui, simulando o centro com o pé direito e cruzando eximiamente para a cabeça de Keisuke com o esquerdo.

Obviamente que também Hasebe, em conjunto com 2 centrais experientes, tem uma importância extrema, pois é ele quem tem a responsabilidade de equilibrar a equipa.

Do outro lado, uns muito frágeis Camarões, Le Guen apercebeu-se que poderia encostar Eto’o à faixa, sacrificando-o a exemplo do que faz no Inter, mesmo em maior escala, contudo, no Inter Eto’o tem condições que nunca terá actualmente na sua selecção, o que também ajudou a fazer com que mal se tenha feito sentir no jogo.

Apresentando um 4-3-3, os Camarões não incomodaram, nem nada que se parecesse, o Japão como deviam e podiam.

Olhemos para o meio-campo: jogou Makoun e o jovem Matip, avançado um pouco no terreno estava Enoh.

Problemas que possam existir entre jogador e treinador à parte, Alexander Song, fica muito melhor do que o ainda desconhecido Matip. E Enoh joga no Ajax como tampão da equipa, lembrando um novo Makelele a surgir e na selecção joga, como referi, como o homem mais avançado do trio do meio-campo.

Mbia encontra-se a lateral-direito no papel, mas só lá vai em caso de necessidade, pois procura sempre atacar e incorporar-se no meio-campo, dando liberdade às subidas de Eto’o.

Um jogador que muito aprecio é Assou-Ekotto, jogador muito rápido, que gosta de atacar, mas é sempre seguro a defender, sendo também detentor de boa técnica. Penso que é uma mais-valia desta selecção.

O 9 Webo esteve também muitos furos abaixo do exigido.

Itália 1 – Paraguai 1


Primeiro Golias a ser derrubado pelo David Paraguai.

Tacticamente muito simples, jogando num 4-4-2 clássico, o Paraguai tenta surpreender através de 2 avançados muito móveis, Lucas Barrios e Nelson Valdez, dois centrais fortes (Paulo da Silva e Alcaraz, este último jogador do Beira-Mar durante 4 temporadas e meia) e restantes elementos, todos muito modestos, dando a impressão de que se trata de uma boa equipa não formada por 5 ou 6 nomes sonantes mas sim conjunto humilde que faz da entreajuda e vontade de causar sensação a sua grande arma, uma vez que se é verdade que tem muitas e boas opções na frente de ataque, todas elas conhecidas (Cardozo, Santa Cruz, Lucas, Valdez e, ainda, o injustamente castigado Salvador Cabañas, que a poucos meses do começo do campeonato levou um tiro e se encontra ainda em processo de recuperação), o mesmo não acontece nos restantes sectores.

Para tentar evitar surpresa desagradável, que acabou mesmo por acontecer, a Itália apostou num 4-2-3-1, com De Rossi como destruidor e Montolivo como um jogador mais criativo. Com Pirlo lesionado, a aposta recaiu sobre o médio da Fiorentina e para o lado esquerdo do tridente ofensivo, a meio-campo, Lippi apostou em Iaquinta. Péssima opção, quanto a mim, uma vez que as características de Vicenzo são de um matador. Tanto assim é que, já na segunda parte, Lippi mexeu na equipa, trocando Marchisio, a jogar a 10 por Camoranesi, encostando este último ao flanco esquerdo e puxando Iaquinta para o lado de Gilardino, transformando a squadra azzurra num 4-4-2. Opção bastante mais sensata. Percebo a tentativa falhada de render Marchisio, apostando na táctica inicial, mas Iaquinta naquela posição é que não. Camoranesi poderia muito bem ter lá alinhado de início. Muito bom jogo fez Simone Pepe (já contratado por empréstimo pela Juve), sem medo de partir para o um-para-um, realizando diagonais, tentando o remate e surgindo flanco oposto no início da segunda parte, para tentar surpreender o adversário (característica, aliás, muito notada neste Campeonato).

Cannavaro começa a perder muitos duelos individuais e Criscito teve uma má actuação.

De notar ainda que ambos os golos surgiram através da marcação de lances de bola parada, com erros defensivos a apontar a cada uma das equipas. No caso italiano, uma falha na marcação à zona, com a equipa a defender um pouco à frente do suposto, e permitindo a entrada fulminante de Alcaraz. No caso do Paraguai, uma marcação homem-a-homem mal feita foi fatal (e que raspanete tem de levar Lucas, de costas para a bola!!!).