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segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Os problemas precoces da 2ª Era-Galáctica...


Eis que depois de vermos chegar a Madrid nomes como Cristiano, Kaká e Benzema, vemos agora partir Robben (Bayern de Munique), Sneijder (Inter de Milão), Huntelaar (Milan), entre outros. Como todos se recordarão, Perez incumbiu o director-geral do clube, Jorge Valdano, de arranjar 100 milhões de euros, para fazer face aos 257,4 gastos e que tantas críticas provocaram, com os cépticos do costume a questionar onde é que o engenheiro civil ia buscar tanto dinheiro, quando toda a gente fala em crise e tendo a certeza que o dinheiro não veio da sua vasta fortuna. Já deu para perceber que o Real teria de vender para cobrir parte dos gastos em contratações, nem que esta parte apenas cobrisse a transferência de Ronaldo, como foi o caso (88,5 milhões face aos 94 que envolveram a maior transferência de sempre até ao momento). Contudo, o que não se percebe é, por exemplo, a venda de Arjen Robben. Já todos sabemos que o Real é um clube especializado em fazer maus negócios (compra o Robben – grandíssimo jogador, dos melhores extremos do Mundo – por 36 milhões e, ao fim de 2 épocas, vende-o por 25, compra o Sneijder por 27 e, ao fim de 2 épocas vende-o por 15 milhões – os quais podem acrescer para 18, consoante os objectivos sejam, ou não, cumpridos), porém, se a venda de Sneijder é aceitável, tendo o clube realizado duas magníficas compras para a linha média – a saber: Kaká e Xabi Alonso – e contando nos seus quadros com jogadores como Lass (herdeiro do 10 de Sneijder, que outrora já pertenceu a Figo), não descurando nunca a recompra de Esteban Granero ao Getafe, já o mesmo não se pode dizer da venda de Robben. Dir-me-ão que, para servir os intentos de Perez, para reunir os 100 milhões exigidos por este (que também são agora a cláusula de rescisão de Hulk), o principal clube de Madrid, campeão europeu por 9 vezes (recorde), tinha de se ver livre de Arjen, uma vez que a venda do esquerdino holandês representa logo 1/4 dos 100 milhões. E agora eu pergunto: quanto é que custará a vinda de Ribery? 60? 70? 80? Pois é, é que esta história de se desfazer de um jogador como Robben por 25 milhões, quando este foi comprado por 11 milhões a mais, o que, a juntar ao salário que este auferia no Bernabéu (4.5 milhões de euros/ano) elevam a despesa das 2 temporadas para 45 milhões (36 pela compra ao Chelsea, somados aos 9 de 2 anos de salário) e apontam para um prejuízo financeiro de 20 milhões. A vinda de Ribery sairá sempre muito cara e nunca se fará por menos de 50 milhões, tendo em conta a qualidade do (ainda) bávaro, pelo que a viajem de Arjen para Munique terá com certeza a mãozinha de Perez. Prosseguindo o meu raciocínio, imaginemos que Ribery se transfere para o Real na próxima temporada (o que se está mesmo a ver, uma novela tirada a papel químico da protagonizada com Cristiano quando este ainda era CR7) pelo preço de 65 milhões e que passará a auferir um salário anual na ordem dos 8 milhões (Cristiano Ronaldo é neste momento o jogador mais bem pago – sem contar com Beckham –, recebendo 13 milhões anuais, seguido de Ibrahimovic com 9,5 e Kaká com 9), num contrato que contempla a ligação de 5 temporadas de ligação entre o atleta e o clube. Toda esta mistela resulta numa operação de 105 milhões de euros! Sem questionar a capacidade de Ribery, que é enorme, tratando-se o francês de um jogador que muito aprecio e que gostaria de ter visto a jogar de blanco já esta temporada, apenas pretendo desmistificar esta operação da venda de Arjen Robben para o Bayern, operação esta que a MARCA (jornal conotado com o clube madrileno) quis passar aos adeptos do Real como sendo uma grande operação, mas que não caiu lá muito bem por entre a massa adepta do clube e que rapidamente arrancou inúmeras críticas por entre os cronistas do jornal, ignorando as inúmeras lesões que afectaram o homem de cristal ao longo do seu percurso merengue e que apenas o permitiram estar presente em 3357 minutos de jogo, correspondentes a 44,7% dos 6480 possíveis.

É o custo de se querer ver livre de jogadores de classe mundial, menino Perez!

Estabelecimento de prioridades e baixa de peso

Começando pela primeira parte da frase. O Real, como todos os clubes, não escapa ao Estabelecimento de Prioridades. Assim, quero com isto afirmar que, tendo no plantel um extremo com a qualidade de Robben, e sabendo o prejuízo que irá trazer desfazer-se do jogador e contratar Ribery, o clube, ou melhor, os seus dirigentes, ou melhor ainda, Florentino Perez, pode tentar ludibriar os adeptos, dizendo-lhes que se trata de um grande negócio desfazer-se de Robben por 25 milhões (quando no entanto, o clube já gastou 45 milhões com o jogador) e contratar Ribery que, por muito que seja superior a Robben (e aqui as opiniões dividem-se – mesmo sendo superior é sempre discutível se é superior o suficiente para os gastos que irá acarretar esta troca) irá trazer um custo brutal, quer a nível da transferência em si, quer a nível do seu salário, com Robben a receber 4,5 milhões/ano, o francês não se ficará, claro está, abaixo dos 7/8 milhões.

Perez, Valdano e Pellegrini: quem manda?

Aqui reside o problema à partida para o Real continuar atrás do Barcelona e para o segundo mandato galáctico de Perez não resultar. Já aqui defendi (volto a repetir: muito antes do anúncio oficial da segunda candidatura de Perez à presidência) a mentalidade galáctica, mentalidade esta que tem de ser acompanhada por uma boa política desportiva e não só financeira, pois é da primeira que se parte para a segunda e o acto de pôr a carroça à frente dos bois já teve resultados que não foram os desejados no primeiro mandato de Perez (6 anos), com o Real a sair-se bem na primeira metade e mal na segunda. O que vimos a assistir é uma pessoa a querer mandar (e a poder), Perez, outra a discordar em algumas coisas mas a ter que acarretar com ordens superiores, Valdano, e o último a comer do que lhe dão, Pellegrini, que não se pode dizer que seja mau (Ronaldo, Benzema e Kaká), mas pode sempre ser melhor, ainda para mais se tivermos em conta a revolução na equipa, que é sempre difícil de controlar. Exemplo mais gritante: Pellegrini afirmou que contava com Wesley Sneijder e Arjen Robben, Valdano partilhava da opinião do treinador, pelo menos em relação a Robben (e quem lia as crónicas de Valdano no jornal A Bola percebia rapidamente que Valdano era um confesso admirador de Arjen Robben, defendendo sempre o jogador, quando este era acusado de ser individualista em demasia, afirmando que um jogador como Robben tem de ser assim), contudo Perez tinha uma opinião diferente, fazendo sair os 2 jogadores. Recordo-me, com todo este episódio, duma entrevista recente de Figo que afirmava torcer pelo Barça pois, apesar dos vários anos em que vestiu a camisola que agora pertence a Lassana Diarra, tinha deixado muitos amigos na Catalunha, pelo que estes tinham a sua prioridade. Quando questionado sobre o porquê da sua saída/do falhanço dos galácticos (de relembrar que Figo foi o primeiro galáctico de Perez, mas que, já no fim da sua estadia, com o clube a ser treinado por Wanderley Luxemburgo, Perez cortou as pernas ao português, entrando no domínio do treinador e dando ordens a Wanderley para não colocar o antigo 7 da selecção a jogar), Figo afirmou que quando o presidente se intromete nas opções do treinador está tudo estragado. Parece-me que é um pouco isso que se está a passar: Perez vai comprando os seus brinquedos, tal e qual fez com Figo, Zidane, Ronaldo, Beckham, Owen e, mais recentemente, com Cristiano, Kaká, Benzema e Xabi Alonso e esquece-se daquilo que é mais importante, escolher um grande treinador e dar-lhe a liberdade necessária para gerir a equipa. Com a sua vontade de criar ilusión na afición, Perez relega as opções do treinador para segundo plano, achando, por ventura, que está a fazer o melhor para o clube, não se apercebendo, com isso, que o está a sufocar á partida.

Para encerrar, deixo agora aqui a mesma pergunta que Roberto Gómez, colunista espanhol do jornal MARCA, colocou no passado sábado, dia 29, após lançar uma questão retórica para o ar, onde reflectia sobre a cara com que Pellegrini podia encarar os seus jogadores após afirmar que conta com uns que, ao fim de uns dias vêem a porta de saída do clube, onde este lançava uma pergunta extremamente perspicaz: faria o mesmo Perez a Capello, Ferguson ou Mourinho? Uma excelente questão que só tem uma resposta, todos sabemos qual é, incluindo os jogadores, os primeiros a senti-lo na pele e os primeiros a sofrer as consequências.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

E não é que resistem...!


Hoje joga-se a final da Taça do Rei, entre Barcelona e Atlético de Bilbau, às 9 horas da noite (não será transmitido em nenhum dos canais portugueses). Não haja dúvidas, o Athletic é um clube único, não só porque mantém as suas camisolas ausentes de publicidade (atitude acompanhada pelo Barcelona que apenas modificou o seu comportamento para fazer publicidade a uma instituição de caridade – UNICEF – há dois anos), mas, este sim é o motivo de grande orgulho para os adeptos bascos: só admite jogadores bascos na equipa. Pois bem, até aqui “nada de mais”, não fosse o Athletic um dos mais históricos e prestigiados clubes de Espanha: 4º clube com mais títulos do Campeonato Espanhol – 8 vezes campeão e 7 vice-campeão –, apenas superado por Real Madrid, Barcelona e Atlético Madrid; 24 vezes campeão da Taça do Rei; 1 vez vencedor da Supertaça Espanhola (nesse ano, 1984, venceu a Liga, a Taça do Rei e a Supertaça) e finalista vencido da Taça UEFA no ano de 1977. Relembro: tudo isto (só) com jogadores bascos! É certo que, há medida que os anos foram passando, os títulos foram diminuindo (já não ganha uma Liga há 25 anos), muito por culpa da globalização, que passou a levar grandes nomes para o resto dos clubes e, por conseguinte, a política seguida pelo clube não deixa de ser, no mínimo, discutível – valerá mesmo a pena? Não deixa contudo, de ser uma conquista e um orgulho enormes o simples facto de todos pertencerem àquela região de Espanha, facto que, porventura, encherá os seus adeptos muito mais orgulhosos do que se fosse um clube que vencesse regularmente a La Liga e reunisse no seu plantel jogadores oriundos de diversos países. Para falar do clube, arranjei como pretexto o jogo de logo à noite: no treino de há quatro dias atrás, mais de 18 (!) mil adeptos juntaram-se para assistir ao treino dos leões, como são conhecidos por nuestros hermanos, em S. Mamés (local onde a equipa treina), após garantida a permanência na 1ª divisão (encontram-se em 11º lugar) e perante ambiente de euforia face à final de hoje frente a um dos clubes mais poderosos do momento e…de sempre! Feito nunca visto em Espanha e, muito provavelmente, no Mundo, se formos a investigar se alguma vez aconteceu e qual a data do acontecimento tenho mesmo dúvidas que levemos a investigação a bom porto. Recordo agora o texto escrito por Valdano, aquando da confirmação da passagem à final da Taça por parte do Athletic, homem que conseguiu dar continuidade à sua classe nos relvados na escrita e, provavelmente, o escritor desportivo que mais aprecio actualmente: os seus textos são verdadeiras pérolas! Aqui fica o excerto da sua crónica que, todos os sábados, é publicada no jornal A Bola, intitulado “Athleeeeeeee-ti” (7 de Março de 2009):

O Athletic Bilbao validou a sua política e desafiou o novo futebol esmagando o Sevilha e alcançando a final da Taça do rei. Jogar só com jogadores locais é como meter-se numa batalha com espadas de madeira. Mas não é só a arma que conta, é também o orgulho que lhe dá vida, a paixão que a faz afiada, a identidade que envolve todos em redor de um projecto único. O Athletic Bilbao opõe o próprio ao diverso e esses valores promovem uma fantástica emoção. Tudo isso, quarta-feira, alcançou quotas incríveis. Os 11 futebolistas do Sevilha nada conseguiram fazer porque jogaram contra milhares. O heróico é que esses milhares jogam contra milhões que crêem na globalização do futebol. E resistem.

Palavras para quê?