Criei este post, porque não poderia deixar guardada no blog uma opinião que não é a minha. Foi, mas, após voltar a ver o lance vezes sem conta e trocar algumas opiniões já não é. Assim, escrevi, na crónica ao jogo FC Porto – Benfica, que, apesar de levantar bastantes dúvidas o lance do penalty, e apesar de Yebda não tocar sequer com a perna em Lisandro, o meu veredicto final ia dar razão a Pedro Proença, não pela perna, mas sim pela mão de Yebda que nada estava lá a fazer e ser essa a razão da grande penalidade. O que é facto é que, como também já ouvi muita gente dizer, a mão do francês não é qualquer causa da queda, pois caso tivesse sido, Lisandro não caia para a frente, mas sim para trás. Outra prova que não é penalty baseia-se no facto de Lisandro levantar os pés do chão, com o intuito de simular o penalty, muito antes de Yebda estender o braço. Não quero com isto dizer que o resultado não tenha sido justo, antes pelo contrário. O FC Porto foi bastante superior no plano ofensivo na primeira meia-hora de jogo, com o Benfica sempre a saber como anular a equipa nortenha muito bem (e com Moreira a exibir-se ao mais alto nível!). No resto da partida foi melhor o Benfica, dando continuidade ao controlo do jogo e subindo de rendimento. O penalty que deveria ter sido assinalado não foi o de Yebda sobre Licha mas sim o de Reyes sobre Lucho. Muitas pessoas invocam o argumento completamente inválido de Lucho ter-se levantado e ter dado seguimento à jogada, para tentarem explicar o “porquê” do “não-penalty”, explicação que só privilegia a mentira no futebol, pois é o mesmo que afirmar que o jogador, se quer ganhar penalty tem de se atirar para o chão, o que, como é óbvio, em nada privilegia este grande espectáculo que é o futebol. Continou, é penalty – não há lei da vantagem nos penalties. Referir que, pela complexidade do futebol, as opiniões dividem-se muitas vezes e as pessoas assumem, por vezes, uma posição que não é a correcta, como o fiz nesta questão. Gostaria, por isso, de deixar aqui escrito que sempre que entender ter-me enganado nalguma opinião, ter escrito algo baseado em factos falsos, não hesitarei em emitir novos comunicados para rectificar essa situação. Quanto menos vezes, melhor.
A primeira oportunidade da partida ocorreu logo aos 9’. Lançamento efectuado na esquerda por Cissokho, que dá a bola a Raúl Meireles. O médio portista faz um passe de bradar aos céus nas costas da defesa benfiquista, onde aparece Lucho sem qualquer tipo de marcação na área, a rodar bem a cabeça e a ver, contudo, a bola a embater na parte de cima das redes, do lado de fora. Não havia qualquer tipo de fora-de-jogo. Aos 27’ houve livre para a favor do FC Porto, para Raúl Meireles bater, Sídnei pisou Lucho. Raúl Meireles bate bem o livre, surgindo Lisandro em frente a Moreira e a cabecear para a o chão, com o intuito de enganar o guarda-redes do Benfica, porém este estava atento e, apesar de ter saído à figura, Moreira esteve muito seguro na defesa como, aliás, em todo o jogo. Aos 31’, Fucile tira muito bem Reyes do caminho, ao fintá-lo duas vezes e, de seguida, cruza para a área onde Lisandro, já no ar, cabeceia bem de lado, mas por cima da baliza. Aos 37’, grande oportunidade para o Benfica: Aimar pega na bola a meio-campo, dá para David Suazo que a leva com ele, porém, face ao cerco de 4 jogadores do FC Porto ao hondurenho, este espera a entrada de Reyes na esquerda e coloca-lhe bem a bola, rasteira, para este tirar um chuto forte à entrada da área, à figura do guarda-redes. Bem Hélton a mandar para canto. Mesmo ao cair do pano o Benfica chega ao golo, naquela que foi a melhor altura de o fazer, da maneira que o jogo corria. O FC Porto dominou os primeiros 30’ de jogo e o Benfica vinha, aos poucos, ganhando confiança através de um ou outro lance, como o ilustra o remate de Reyes, aos 37’. É então que, aos 45+1’, Reyes bate bem o canto na direita e Yebda, completamente sem marcação, se eleva e cabeceia para o fundo das redes portistas. Culpa para toda a equipa portista que deixou um dos homens da águia mais perigosos neste tipo de lances, incluindo Hélton, que deixou a ideia de não ter feito tudo aquilo que podia e lhe competia, apesar de ter a consciência que o francês apareceu muito em cima da baliza. Aos 50’, Pedro Proença assinala falta a favor do Benfica: Fernando entrou com tudo sobre Katsouranis e, logo de seguida, voltou a fazê-lo com Reyes. Dupla-falta. Livre que Reyes bateu da esquerda, em direcção à área adversária e que encontrou a cabeça de Suazo. A bola passou muito perto do poste da baliza defendida por Hélton. Aos 55’, Lucho pega na bola a meio-campo, transporta-a para a direita e dá para Hulk que se encontra, também na direita, mas mais para o centro do terreno. Este, mal pega na bola, ameaça logo que chuta, enganando Yebda e, mesmo no centro com o corpo virado para a baliza, antes que Luisão conseguisse o que queria ao fazer um carrinho em direcção à bola, chuta rasteiro, forte e colocado, para mais uma grande intervenção de Moreira. Aos 57’, Suazo pega na bola a meio-campo leva-a por pouco tempo, visto que rapidamente a transfere para os pés de Katso, que faz de ponta-delança nesta jogada. O grego dá para a direita, para Rubén Amorim, que mal pega na bola vai em direcção a Cissokho, foge ligeiramente para fora e chuta cruzado. Valeu Hélton, que mandou para canto, numa jogada que, se não tivesse o carimbo do guardião, seria o 0-2. Aos 71’, o lance da polémica: Lisandro está a entrar na área, pela direita, foge de Maxi, encontrando Yebda no caminh e vendo um pé e um braço esticados, faz-se ao penalty. O que é certo é que com os pés, Yebda não lhe toca, com o braço há um ligeiro toque que não devia ter existido, mas que não é suficiente para o argentino cair. Repito que não deveria ter existido aquela mão, numa atitude previsível de Yebda, jogador que comete muitas faltas necessárias, mas, por outro lado, outras completamente desnecessárias (se calhar Lisandro aproveitou-se disso mesmo) e, como tal, a decisão do árbitro é bastante discutível. Ainda assim, creio que a decisão é correcta. Para quem não a acha correcta, os portistas têm sempre um argumento, que é o de lembrar aos benfiquistas aquele toque na área de Reyes a Lucho, quando ainda estava 0-0, esse sim, era penalty, porém Lucho viu Fucile a vir de trás e decidiu levantar-se rápido e passar a bola ao uruguaio, numa opção que se provaria errada, mas boa atitude do argentino. Voltando ao lance do minuto 71’, nada mais resta dizer, senão que o penalty foi convertido em golo por El Comandante, que atirou a bola rasteiro para o meio da baliza defendida por Moreira, quando este se atirou para o lado esquerdo da baliza. Bem convertida a grande penalidade que quase tocava nos pés do português. Aos 78’, mais uma jogada para elogiar Moreira: Hulk recebe a bola na direita, finta David Luiz, vindo com a bola para dentro e chuta forte, rasteiro, para defesa de Moreira. O guardião não consegue, no entanto segurar o esférico e vê Mariano González ir à recarga chutar contra o corpo do português. Mais uma vez, excelente intervenção de Moreira, a fazer muito bem a mancha. Ele que, quanto a mim, foi o melhor em campo.
Tenho vindo a defender que este Benfica tem potencial para grandes feitos e nesta semana a equipa da Luz correspondeu às minhas expectativas ao realizar duas grandes exibições (contra Sporting e Nápoles, os dois em casa, a contar para a Liga e para a Taça UEFA, respectivamente; em ambos os jogos venceu por 2-0). Primeira grande aquisição para a época 2008/09 e que foi responsável por todas as restantes: Rui Costa. Se ainda restavam dúvidas quanto à capacidade do antigo maestro e agora director-desportivo e administrador da SAD em tomar as rédeas do glorioso, estas já se terão dissipado pois, afinal de contas, o Benfica precisava (e continua a precisar) de estabilidade e boas soluções dentro do plantel e, ao que tudo indica, o antigo número 10 dos lampiões veio rectificar ambas as necessidades da águia. E vai ser pelas boas soluções encontradas pelo Benfica para fazer frente à longa época que tem pela frente que eu vou começar a escrever. Questionava-se se o facto de Rui Costa ter sido um antigo jogador de futebol (de classe mundial) poderia ter uma relação directa com as suas habilidades na função que agora desempenha. O que é facto é que, e por isso serem importantes os parêntises que eu coloquei para elevar Rui Costa a um nível superior ao da grande maioria dos jogadores: um ex-jogador de classe mundial, Rui Costa percebe os jogadores, compreende-os e sabe o que é ser como eles, possui uma lista de contactos infindável e, para somar a todas estas virtudes e vantagens, trata-se de um homem muito respeitado no Mundo do Futebol, não só por ter sido o jogador que foi, dos melhores que já passaram pelos relvados, como também pela sua postura e atitude. Por tudo isto, arrisco-me a afirmar que Rui Costa será mais importante no Benfica como director-desportivo do que o foi enquanto jogador. O tempo me dará razão.
Depois de feita uma pequena introdução aos muitos benefícios que acredito que Rui Costa ainda pode trazer e está já a trazer para "sua casa" , vou então passar a dar a minha opinião relativamente aos reforços encarnados para encarar com garra a época que começou há quatro jornadas. Começando por Quique Flores. Boa aposta de Rui Costa: treinador jovem, ambicioso, disciplinador que, apesar da pouca experiência como treinador (treinou as camadas jovens do Real Madrid, onde apanhou jogadores muito desejados por si para o seu novo projecto com o Benfica, esta época, tais como Javier Balboa, Luís García e Jordi Codina - apenas as negociações pelo primeiro chegaram a bom porto -, seguiu-se o Getafe, cargo que ocupou de 2003 a 2005 e, antes de assinar pelo Benfica, o Valência, entre 2005 e 2007), já tem realizado bons trabalhos pelos clubes por onde passou. Para além dos seus atributos enquanto treinador, Quique impressiona com as frequentes declarações positivas, humildes e perspicazes que profere e que encaixam que nem uma luva naquilo que se pretende para o "Novo Benfica", tais como "90 % de suor e 10 % de sorte", e com as substituições eficazes que efectua. Relativamente a jogadores, é de notar que o Benfica parece ter acertado em todas as suas contratações, factor fundamental para o sucesso de uma equipa e que tem permitido ao FC Porto manter-se no topo da Liga nos últimos três anos. Começando pelos reforços sonantes, os nomes de Pablo Aimar, José António Reyes e David Suazo falam por si: jogadores de classe mundial e que têm como denominador comum o facto de falarem todos a mesma língua, o castelhano. Aimar foi a grande contratação da época, o grande nome arranjado pelo Homo-mercato do Benfica para o suceder, sendo a sua responsabilidade a de fazer, não digo esquecer Rui Costa, pois isso será impossível, mas sim tentar "tapar" ao máximo o buraco da sua ausência. Porém, até aos dias que correm, ainda não conseguimos ver jogar o "verdadeiro Aimar", pois o que chegou tem estado permanentemente lesionado e limitado fisicamente, todavia, quando pega na bola, vê-se logo que se trata de um jogador com uma técnica bastante acima da média e que, se recuperar a sua forma física de outrora, constituirá certamente uma grande mais-valia para o Benfica. David Suazo demonstrou toda a sua classe ao facturar na sua estreia pelo Benfica, fora, contra o Nápoles e, apesar de se ter lesionado, teremos ainda muito tempo para observar a sua capacidade de explosão durante várias jornadas, nacionais e europeias. Por fim, ainda no campo dos reforços sonantes, Reyes tem sido o reforço que mais rápido se tem adaptado à realidade do clube da Luz, tendo esta semana marcado dois golos decisivos, que deram o mote a duas vitórias importantíssimas e que mais rápido tem caído na graça dos adeptos. É de relembrar que apenas Aimar foi adquirido na totalidade, por 6,5 milhões de euros, ao passo que o Benfica ainda só adquiriu 25% do passe de Reyes por 2,65 milhões de euros, que vem por empréstimo de uma época, com uma cláusula de compra avaliada em 8 milhões de euros e David Suazo que, apesar de em Itália afirmarem que o empréstimo de um ano contempla cláusula de compra, tudo indica para o contrário. A boa política de contratações do Benfica para a temporada 2008/09 não se limitou a reforços sonantes (nem devia, devido ao elevado preço dos mesmos, não só a nível da transferência, como também dos salários), mas também a duas jovens promessas internacionais, a jogadores em fim de contrato e, como tal, adquiridos sem qualquer custo envolto na transferência e ainda a jogadores que não se incluem nem num grupo nem no outro, como são os casos de Carlos Martins e Javier Balboa. Assim, o Benfica apostou em Urreta, extremo-esquerdo/ponta-de-lança uruguaio, que veio do River Plate do Uruguai. Tido como uma das grandes promessas do seu país, Urreta transferiu-se para o Benfica a troco de 1,25 milhões de euros estando na altura a realizar um início de campeonato promissor com 8 golos em 14 jogos e a sua aquisição a ser disputada por algumas equipas europeias, com especial destaque para Chelsea, Real Madrid e Ajax. Apesar de alguma imaturidade própria da idade, este jovem mostra-se bastante bravo e raçudo a jogar, demonstrando possuir também boa velocidade. Sídnei, a outra jovem promessa internacional teve como cartão de visita os 5 milhões de euros dispendidos pelo Benfica por metade do seu passe, o que só demonstra a grande esperança que o clube da Luz deposita neste jovem brasileiro. Sídnei tem cumprido a sua missão com excelência, realizando grandes exibições, tendo inclusivé já marcado contra o Sporting, no jogo a contar para a quarta jornada da Liga, e contra o Nápoles na primeira-mão da eliminatória de acesso à fase de grupos da Taça UEFA. Destaca-se pela sua compleição física (185 cm e 80kg) e pelos bons índices de desarme que apresenta. Pegando nos jogadores contratados a custo zero, temos os portugueses Rúben Amorim, que abre uma excepção à regra, pois, apesar de estar em fim de contrato, "obrigou" o Benfica a pagar uma indemnização ao Belenenses de 900.000/1 milhão de euros, jogador que está a dar continuidade à sua qualidade já conhecida aquando dos tempos do Belenenses, agora num clube que já chegou a representar nos escalões de formação, clube esse com ambições e pressão maiores que o de Belém. Jorge Ribeiro, contratado ao Boavista, ele que também já tinha representado o clube da Luz: ao serviço do Bessa, facturou oito golos e realizou sete assistências em 26 encontros na época passada, que constituiu a sua primeira e última época de pantera ao peito. Outro jogador contratado a custo zero ao Boavista , foi Ivan Santos, internacional sub-20 também ele português, uma das maiores promessas nacionais disputado, entre outros, pelo Belenenses, que acabou por ingressar no clube da Luz, apesar de ter sido logo emprestado ao seu clube formador de onde tinha acabado de sair - Boavista - e pelo qual veste o número 10 nas costas e forma a dupla atacante com João Tomás (nº9, jogador que teve passagens, entre outros, pela Académica, Benfica, Bétis e Braga). No plano internacional, ainda a custo zero, encontra-se a situação de Hassan Yebda que, apesar de ter ganho o campeonato do Mundo de sub-17, em 2001, pela França, numa selecção em que figuravam, entre outros, os primos Sinama-Pongolle e Anthony Le Tallec, "ninguém" (e quando digo "ninguém", estou a incluir-me nesse "ninguém") dava nada por um médio do modesto Le Mans, que ficou em nono lugar na liga francesa no ano transacto, que jogou apenas 17 jogos a titular e neste momento é admirado por toda a gente, pelo excelente jogador que é: um trinco/interior muito útil e eficaz, com uma grande compleixão física (187cm e 77kg), muito alto, varre o meio-campo, bom no passe curto e que realiza muitas faltas inteligentes. Forma uma excelente dupla no meio-campo benfiqusita com Carlos Martins. Um jogador inteligente e bastante interessante (aqui fica uma grande contratação de que há uns meses falava, que os clubes têm, ou pelo menos deviam, de fazer: avaliar as capacidades dos jogadores e encaixá-los na equipa tendo em conta as suas capacidades e não o que fizeram nos últimos meses ou o facto de serem de renome). Para terminar esta curta análise aos reforços encarnados temos, entre os reforços sonantes e os que vieram a custo-zero, Javier Balboa, contratado ao Real Madrid por 4 milhões de euros, jogador que tarda bastante a impôr-se (é suplente) e o magnífico Carlos Martins, jogador de características que aprecio bastante, características estas que se baseiam na visão de jogo e na capacidade de passe (longo e curto), essencialmente, o que a juntar à sua garra, capacidade de marcar cantos, livres e rematar de longe, o tornam num dos melhores jogadores da Liga Portuguesa. Para além do mais, está com uma vontade muito grande de se impôr no futebol português, oportunidade que lhe foi dificultada em Alvalade, onde tinha fama de indisciplinado. Mais uma grande contratação do Benfica.
Como Rui Costa e Quique Flores têm tentado passar a mensagem: é preciso tempo para construir uma equipa e os adeptos precisam de ter paciência. Tem de haver humildade e esforço para catapultar o Benfica para os tempos gloriosos outrora sentidos com frequência na Luz. Mas uma coisa é certa, o Benfica está no bom caminho...