Mostrando postagens com marcador Eslováquia. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Eslováquia. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Mundial 2010: Dia 18


Holanda 2 – Eslováquia 1

Um jogo dominado pela Holanda, que não deu qualquer tipo de chances à Eslováquia do colocar em prática o seu futebol: colectivo, passa por sucessivas trocas de bola em constante progressão no terreno e uma eficácia acima da média no último terço do terreno.

Uma Holanda que fica diferente, com outro toque de magia, com a simples entrada em cena de Robben, que presume-se ainda estar debilitado fisicamente, tal a precocidade com que regressou ao activo, em recuperação recorde, e que mesmo assim foi o melhor em campo, com as suas habituais diagonais, indo para cima do adversário e puxando a bola para o centro, saindo depois o remate. Assim foi o golo marcado por si, que deu o 1-0 e assim teve mais, pelo menos, um remate de golo iminente, com Mucha a defender e a bola a passar ainda assim a rasar o poste.

Sneijder, autor do passe longo soberbo a lançar Robben na frente, foi também ele protagonista de exibição completamente extasiante, com uma leitura e visão de jogo uma capacidade de passe, ao nível de poucos, muito poucos mesmo.

Diria mesmo que a esta selecção só falta um verdadeiro matador na frente. Já tinha aqui falado que, com a sua insistência, os golos de Van Persie acabariam por aparecer, como apareceram, como é natural, mas não como deviam. Deveriam aparecer em muito mais quantidade. É que jogadores tecnicistas, a Holanda tem muitos no seu meio-campo ofensivo, mas na frente o fantasma de Nistelrooy subsiste, pois da maneira como a Holanda joga, valeria mais 2 ou 3 golos por jogo. Poderia ser Huntelaar, mas está com a confiança em baixo e, no pouco tempo que entra, torna-se difícil impor-se como esse jogador.

Hamsik voltou a jogar muito bem, dentro das limitações impostas pela Holanda à sua selecção, empurrando o jogo, fazendo a sua leitura correcta. Trata-se de um jogador que combina força, técnica e visão de jogo, o que nem sempre é fácil de encontrar. Vittek, a outra grande figura da equipa, tentou mais, mas hoje era muito difícil e ter dado para marcar através da marcação de grande penalidade já foi positivo.

Stoch e Weiss, os homens das alas, dois jogadores baixos e habilidosos, foram aposta que não se pode recriminar, antes pelo contrário, pois bem tentaram, e têm essa capacidade, abanar com o jogo, abrir e desorganizar a defesa holandesa, mas sempre com pouco sucesso.

Uma palavra para Mucha que evitou ainda alguns golos, numa exibição de grande nível. Muito seguro entre os postes.

Brasil 3 – Chile 0

O Chile não esteve tão forte como contra a Espanha, é um facto, não jogou de peito aberto como contra os nossos vizinhos, foi uma equipa menos corajosa e menos agressiva.

Mas que não se pense que não se estava a bater bem. Até ao minuto 35 bateu-se muito bem, com um predomínio do Brasil no jogo, com mais bola e maior pendor ofensivo, tentando o Chile aproveitar o contra-golpe.

O jogo ficou diferente, para pior, no caso chileno, depois desse minuto, em que os sul-americanos marcaram de bola parada e logo 3 minutos depois, numa jogada rápida em que 3 grandes individualidades fizeram a diferença com apenas 4 toques na bola desde que esta saiu dos pés de Robinho, passando depois pelos de Kaká e Fabiano.

Podia ter adoptado a táctiva adoptada por Portugal contra os brasileiros e puxar Sánchez e Beausejour para o meio-campo, adoptando, assim, um 4-1-4-1 que bem funcionou com Portugal e que poderia ter funcionado com o Chile. Mas já se percebeu que não é esse o estilo de Bielsa, que inclusive adoptou uma táctica ainda mais ofensiva contra Espanha (4-2-3-1) e este não lhe mexeu, trocou apenas alguns jogadores, essencialmente por problemas físicos. Entrou Suazo, saiu Valdívia e não há dúvidas de que Suazo não está em forma, e optou por, face à indisponibilidade de Estrada para o jogo, colocar Mark González a meio-campo, numa medida que penso que teria sido melhor se tivesse sido Matías Fernández a entrar, pelas suas características que se adaptam muito melhor ao corredor central do que as de González, ou até mesmo Millar, que acabou por entrar…

Pena ver o Chile ficar pelo caminho, depois de ter demonstrado ser das selecções que melhor futebol pratica mas, ao mesmo tempo, praticamente inevitável. Mas também não tenho dúvidas nenhumas que, na sua máxima força, o Chile obteria um resultado bastante mais equilibrado, e daria muito mais luta, como o fez frente a Espanha, que não fica nada a perder ao Brasil.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Mundial 2010: Dia 14


Paraguai 0 – Nova Zelândia 0

Jogo muito fraco, protagonizado pelas duas selecções, com o Paraguai a procurar mais o golo, pela natural diferença de qualidades de uma selecção para a outra, e apesar de ser a Nova Zelândia quem tinha mesmo de ganhar para seguir em frente.

Apostou em Cardozo, Martino, mas mais uma vez deve ter jurada para nunca mais, assim desta maneira (titular), até porque só o fez por ser o último jogo do grupo. Exibição fraquíssima de Takuara, que não encaixa nas ideias que o seleccionador tem para a equipa, contrariamente a Lucas, Valdez e Santa Cruz, que trabalham para a equipa, são móveis, vêm buscar atrás, correm, enfim, tudo aquilo que Cardozo faz em muito menores quantidades.

Vera foi para a frente dos médios-centro, para funções que nem se podem considerar como sendo de um 10. Perdeu brilho.

De frisar, isso sim, o grande jogo, para mim o melhor em campo, aquele que mais procurou o golo, apesar da sua posição em campo, que juntou melhor a vontade de vencer com a qualidade exibicional, foi mesmo o avô Caniza, lateral-direito, capitão de equipa com 35 anos, que entrou para a posição normalmente ocupada por Bonet. Vários remates perigosos a passar rente à barra e muito boas investidas pelo flanco direito acima, chamaram a atenção que está ali opção muito boa, numa mescla de experiência e frescura física, por que a tem, para a ala direita da equipa.

A Nova Zelândia termina com a proeza de fazer melhor do que a campeã mundial, Itália, ficando com 3 empates em 3 jogos, feito importante para a selecção e futebol do país.

A estratégia de Herbert era simples: tentar evitar o golo do Paraguai, que bem podia ter acontecido por diversas vezes e tentar surpreender num contra-ataque qualquer, sendo por isso mesmo a prioridade não sofrer, pois só assim a equipa poderia sonhar com algo.

Reid fez muito bom campeonato, demonstrando qualidade a defender, ele que é central de origem, mas que actuou sempre à direita da defesa. Vê-se que tem qualidade que destoa da maioria da equipa, não devendo ser factor exógeno a esse facto, o de jogar na Dinamarca desde os 11 anos e presença assídua nas camadas jovens do país.

Quem também jogou muito bem foi Bertos, sempre descaído na direita do meio-campo, constituindo uma lufada de ar fresco na selecção pela qualidade técnica que apresenta e por um perfume de futebol habilidoso que tenta imprimir ao futebol da equipa. Já o trio de ataque também esteve a bom nível, assim como a aposta do treinado na jovem promessa Chris Woods, que se revelou em muito bom plano.

Já tinha referido, mais do que uma vez, a importância do avozinho Elliot, que é imensa. Ele é o marcador dos pontapés de livre longos, constituindo quase sempre perigo para o adversário este tipo de lances, graças à experiência da marcação deste tipo de lances por parte do veterano de 36 anos.

Nelsen, velho conhecido do público em geral, pela visibilidade que o campeonato inglês confere aos seus protagonistas, esteve sempre intransponível, sendo cruel pedir-lhe mais do que aquilo que deu à equipa.

Eslováquia 3 – Itália 2

Já tinha tido oportunidade, por mais do que uma vez, de elogiar a selecção eslovaca, pela sua qualidade e pelo seu jogo colectivo, com a equipa a demonstrar sempre um bom fio de jogo.

Apenas dois nomes sonantes na equipa, Hamsik e Skrtel. De resto, o que mais se aproxima disso é Vittek. Mas o que é certo é que Weiss escolheu um modelo de jogo e dele não abdica, com curtas variações de jogo para jogo, como a deste jogo, em que o normal 4-2-3-1, sofria apenas uma pequena alteração, estando Hamsik a jogar um pouco mais avançado, deixando a posição e função de 10, para passar a fazer a ponte entre um 10 e um segundo-avançado.

Hamsik fez um jogão, encheu o campo: pressionou em cima do adversário, ganhou muitas bolas, cruzou para a área, à procura de perigo, descaiu para os flancos como se lhe pede, …enfim melhor era difícil. Já Vittek continua a revelar-se, também ele, fundamental na manobra ofensiva da equipa, constituindo uma referência na frente de ataque e fazendo uso do seu porte físico para chegar ao golo e da sua inteligência de movimentações.

Gli Azzurri não jogaram nada. Equipa muito solta, sem ideias e jogadas colectivas, primando na selecção o individualismo e a desunião.

Apesar da média de idades da equipa ser elevada, o que é facto é que muitos erros infantis foram cometidos durante a partida, nomeadamente por Cannavaro, que se esperava ser um elemento chave neste Campeonato do Mundo e acabou por ser dos piores, se não mesmo o pior, desta selecção.

Penso ainda que o 3º golo da Eslováquia – golo obtido através de um lançamento de linha lateral ao pé da área da Itália – espelha bem a partida e as selecções em si: de um lado, uma Eslováquia muito prática, solidária e colectiva e do outro, uma Itália desunida, apática, com jogadores supostamente experientes a darem a entender que estão a fazer o seu 1º jogo num Mundial.

Merecidíssima, portanto, a passagem da Eslováquia aos oitavos e a não passagem da Itália.

Gostaria apenas de referir que, se o 2-2 feito por Quagliarella, depois de um 1º golo excepcional, tem sido validado como deveria ter sido, a Itália dava mais um exemplo da sua “sacanice”, isto é, a pouquíssimos minutos do fim colocava-se toda à defesa e provavelmente não sofria mais golos, passando sem jogar nada, como diversas vezes tem feito, ao longo da sua história.

Dinamarca 1 – Japão 3

Mais uma grande prova dada pelo Japão, de que veio a África para ficar mais alguns dias e não apenas de passagem.

E não tenho quaisquer problemas em afirmar que esta selecção do Oriente é a selecção mais solidária e que melhor funciona em conjunto, em competição.

Identifico apenas 2 jogadores que poderão ter, aqui e ali, opções individualistas, em situações onde deveriam optar por colectivas: Honda e Okubo. Contudo, não nos enganemos, na grande maioria das vezes, mesmo estes jogadores trabalham muitíssimo em prol do colectivo e na maioria dos casos optam por jogadas colectivas, existindo até o exemplo do 3º golo nipónico, que mais não vem do que confirmar isso mesmo, com Honda a fintar o adversário, tirando-o do caminho e, frente a Sorensen, a optar pelo passe para Okazaki, numa situação em que apenas não fazer golo, tornaria a jogada bizarra.

Sem surpresas tácticas quer por uma quer outra selecção, o Japão demonstra grande facilidade de interpretação do seu sistema de jogo.

Num claro 4-2-3-1 com bola, é o 4-5-1 que é utilizado quando a equipa não tem a bola em sua posse, com Okubo e Matsui a baixarem para a linha do meio-campo, Endo a formar um duplo-pivot com Hasebe e ficando Abe atrás desse duo, com responsabilidades de descer ainda mais, para 5º central, quando a equipa sente essa necessidade, como nos cruzamentos bombeados para a sua área.

A Dinamarca vai para casa, apesar de ter demonstrado que sabe praticar bom futebol, um futebol positivo, também ele apoiado, com Agger, Poulsen, Rommedahl e Bendtner a constituírem os principais pilares da equipa, nos seus diversos sectores.

De frisar as boas perspectivas futuras desta selecção, que tem em Agger, Kjaer, Bendtner e Eriksen muito boas perspectivas para o futuro.

Já Rommedahl demonstrou ser o mais jovem de todos, pela frescura física que fazem com que pareça ter 21 anos e não 31! Espectacular, adorei vê-lo a jogar, grande jogador!

Camarões 1 – Holanda 2

O melhor jogo dos Camarões nesta fase de grupos, melhor jogo dos africanos neste Mundial 2010. Com Le Guen a trocar o 4-2-3-1 pelo 4-4-2 clássico e optar por Geremi para ocupar a lateral direita da defesa, os Camarões retiraram a pressão e mesmo sem Eto’o em grande forma (jogou bem mas nada daquilo a que nos tem habituado) conseguiram fazer do jogo um jogo equilibrado até 20 minutos do fim, altura em que Robben entrou em acção e estragou a possível festa aos leões indomáveis. Um minuto depois da chegada de Arjen, Le Guen colocou Rigobert Song e retirou de campo N’Koulou, central com menos 13 anos que o 1º, apostando, pois na experiência para travar Robben!

“Mas não é que o endiabrado extremo holandês não pára de criar perigo”? Esta era uma das questões possíveis que podia ir na cabeça dos jogadores, depois de tanto tempo a baterem-se de igual para igual com a Holanda e tudo mudar de um momento para o outro, não tanto pelas entradas de Huntelaar e Elia, mas sim pela de Robben, que só agora recuperou de uma lesão e que foi fundamental para Huntelaar marcar, na recarga de um grande remate em jeito de Arjen ao poste.

Tivessem as entradas de Idrissou e Vincent Aboubakar tido o mesmo efeito que tiveram contra a Dinamarca e o resultado poderia sofrer alterações, em abono dos africanos. Mas não era o seu dia, nem de um nem do outro.

Tinha dito que os golos de Van Persie haveriam de chegar, pela persistência do ponta-de-lança e assim foi, depois de uma grande combinação do jogador do Arsenal com Van der Vaart.

domingo, 20 de junho de 2010

Mundial 2010: Dia 10


Eslováquia 0 – Paraguai 2

Apesar de, tacticamente, a Eslováquia arriscar mais, no papel, à partida para este jogo, com a passagem do 4-2-3-1 para o 4-1-4-1, substituindo o duplo-pivot por apenas um pivot, na prática, tal arriscanço não teve complicações práticas para o Paraguai, que dominou completamente durante todo o encontro, sendo mais esperto na gestão do jogo, muito mais eficaz, com muitos remates perigosos.

A Eslováquia bem tentou entrar bem no jogo, isto é, fazer um golo cedo, mostrar que entrava forte e confiante, mas a adição de Santa Cruz à equipa, em troca com Torres, e a consequente passagem de 4-4-2 clássico para 4-3-3, com um Vera sempre muito activo a meio-campo e um Lucas endiabrado, fizeram com que a Eslováquia não tivesse sorte nenhuma.

Enquanto que Santa Cruz baixa no terreno quando a equipa não tem bola, Lucas está encarregue de estar sempre muito presente ao pé da grande área, apesar de muito móvel, ficando Valdez encarregue de vir também mais atrás, mas à esquerda e, como já afirmei, Vera é o mais activo ofensivamente, uma vez que é aquele que menos preocupações defensivas tem, ficando encarregue de surpreender o adversário com investidas esporádicas, combinado com Lucas na frente normalmente. Posto isto, Cáceres e Riveros ficam com a tarefa de cobrir tais investidas, mantendo-se próximos do centro do terreno.

Está de parabéns o Paraguai, que soube anular completamente as linhas ofensivas eslovacas, que perigo praticamente nenhum causaram a Villar. Quando Weiss apanhava a bola, caíam-lhe logo 2 ou 3 em cima para que o jovem talentoso não criasse perigo, com a sua rapidez e habilidade e Hamsik esteve também sempre bem controladinho para não usar o seu dom de fazer a diferença e o peso que tem na equipa.



Itália 1 – Nova Zelândia 1

Para ser sincero, esperava uma vitória da Itália, assim como a grande maioria dos espectadores.

Bem sei que está a atravessar um muitíssimo mau momento, mas, volto a repetir, penso que esta Nova Zelândia, apesar de hoje não ter ficado muito bem patente, apesar de ter contrariado essa tese mesmo, é muito fraca, das selecções mais fracas em prova a par das Honduras, quanto a mim.

O que é certo é que, através de um lance de bola parada, fizeram a Itália ir a correr atrás de um resultado, tendo apenas igualado através de grande penalidade, por Iaquinta.

Pepe, abono de família desta Itália, único pelo menos até à recuperação de Pirlo, esteve muito abaixo do nível a que se mostrou no 1º jogo, Iaquinta e Gilardino praticamente inexistentes. Inexistente voltou também a estar Marchisio, ainda pior que no último jogo, onde me parece ter actuado numa posição que se adapta melhor às suas características, a 10. E a equipa bem necessitava dele, pelas mesmas razões que o Brasil necessitava de um Kaká em grande forma, ou pelo menos, em boa forma. Criatividade, leitura de jogo, capacidade de passe, de pautar, são características importantíssimas no futebol actual e a jogar num 4-2-3-1, como a Itália jogou no primeiro jogo (neste jogou num 4-4-2, com Iaquinta a fazer de segundo-avançado) e o Brasil joga torna-se mesmo imprescindível e a ausência desse jogador torna-se gritante.

Montolivo foi mesmo o melhor italiano, tendo feito uma boa exibição culminada com grande remate de longe ao poste, e eu apostaria mesmo em colocá-lo a 10 com Pirlo a fazer dupla com De Rossi.

Arrisco, contudo, a afirmar que este jogo terá sido o melhor dos All Whites nos últimos tempos e dos que virão a seguir, neste caso, o próximo e último do grupo. Bertos jogou muito bem, com excelentes iniciativas ofensivas, passando com técnica pelos adversários, metendo a bola por um dos lados e indo pelo outro, Elliot voltou a estar muito bem (dele foi a marcação da bola parada que originou o golo) e volto a frisar a sua importância na equipa, assim como Vicelich, o restante elemento do trio que compõe o meio-campo, também esteve a grande nível.

Smeltz voltou mostrar bom rendimento, contribuindo decisivamente para o desfecho da partida com um golo, assim como Nelsen e Reid se apresentaram a muitíssimo bom nível.

Um dos pilares da equipa assenta na colocação de um 9 com porte físico considerável, daí ter lá estado neste jogo desde início Fallon (1,88m) e a meia-hora do fim ter entrado (típica substituição) Wood, 1,91m, com 18 anos mas já capaz de fazer estragos nas defesas adversárias, fazendo uso essencialmente do seu porte físico.


Brasil 3 – Costa do Marfim 1

A primeira parte do Brasil demonstra bem qual o estado da equipa. O Brasil é daquelas equipas que dificilmente se poderá dizer “vai perder”, pelas suas individualidades, ou que “não dá uma para a caixa”, pois para cada posição tem jogadores de craveira mundial e não é um, mas 3 ou 4 para cada um dos 11 lugares, todos eles titulares dos maiores clubes do Mundo.

Mas clarinho como a água é o Brasil estar uma sombra do que já foi.

Enfim, na defesa não há muito a apontar, os 5 têm cumprido com o que é pedido/exigível e todos eles são grandes jogadores. A posição da defesa que os adeptos poderiam ter maior receio pela ausência de nomes sonantes era mesmo a lateral-esquerda, contudo Michel Bastos revelou-se boa adaptação (não é costume o Brasil precisar delas!), sendo já indicado como o sucessor do Roberto Carlos, pelo seu potente remate e subidas pelo flanco esquerdo vindo de trás. A alternativa chama-se Gilberto, 34 anos, pouco conhecido do público menos atento.

Maicon dispensa apresentações, assim como Lúcio, Juan e Júlio César.

Mas, apesar de Fabiano não estar na melhor forma (sim, eu sei que bisou), o grande problema reside mesmo no meio-campo: Kaká está um fantasma em campo, em 5 bolas ganha 2 e perde 3, é vê-lo a cair e a errar passes, a perder a bola e a mostrar ansiedade, própria de quem quer fazer as coisas bem e elas não saem – se fosse a Dunga, colocaria Júlio Baptista contra Portugal independentemente do Kaká ter sido expulso (pior, muito pior, para Portugal, quanto a mim) e Felipe Melo e Gilberto Silva demonstram não servir para formar dupla daquela que é a melhor selecção mundial de futebol, a mais consagrada, pentacampeã mundial, quanto mais não seja, por nada de relevante acrescentarem à equipa, ou pelo menos, por não acrescentarem aquilo que a equipa pedia. Já Robinho e Elano destacam-se pela positiva.

Mas, para ser sincero, confesso que estou mesmo muito desiludido (já o venho a estar desde há alguns anos) com a selecção brasileira, com jogadores todos muito “europeizados”, sem verdadeiro espírito brasileiro, sem o perfume do futebol brasileiro, selecção que está muito envelhecida, olha-se para o banco e para o onze e saltam à vista os 30, 32, 33 anos no BI. E uma coisa era serem grandes jogadores, outra é já terem sido ou, simplesmente, não serem.

A Costa do Marfim, entrou muito bem no jogo, ganhando o meio-campo ao Brasil e, com isso, o jogo. Via-se uma Costa do Marfim por cima, com jogadores capazes de, mais momento, menos momento, dar o golpe aos canarinhos, eis se não quando um lance (penso que o primeiro, não só do jogo, mas de há largos dias) de Kaká a isolar Fabiano, vira o jogo: 1-0, assim se manteve o marcador até ao intervalo.

Conseguiu depois o Brasil melhorar um pouco e inverter a tendência do jogo, mas não foi nada fácil e, lá está o porquê de uma selecção como a brasileira ser sempre perigosa, um lance entre 2 predestinados e golo. O jogo vai-se invertendo naturalmente, os costa-marfinenses começam a ficar um pouco cansados e o jogo vai ficando cada vez mais partido, apesar da Costa do Marfim ser das selecções mais disciplinadas tacticamente deste Mundial, sobressaindo depois a qualidade técnica individual dos jogadores em campo. Aí ganha claramente o Brasil, quanto mais não seja por respeito à história do futebol mundial!

Yaya Touré voltou a estar absolutamente espectacular no jogo, tendo sido dele o passe para o golo. Dindane não esteve tão activo no ataque como contra Portugal. Tioté revela-se muito importante naquele meio-campo e Zokora demonstra saber sair a jogar, podendo-se até fazer um paralelismo com Piqué, na maneira como ambos se impõe como o primeiro homem da construção ofensiva das respectivas equipas, tendo papel importante na equipa, assim como Kolo Touré, obviamente.

terça-feira, 15 de junho de 2010

Mundial 2010: Dia 5



Nova Zelândia 1 – Eslováquia 1

O primeiro confronto do dia 5 deste primeiro Mundial em África opôs a Nova Zelândia à Eslováquia.

Devo confessar que olhava, e ainda olho, esta Nova Zelândia de lado. Via jogar na Taça das Confederações e não me conseguiram fazer hoje mudar de opinião. Selecção fraca, que apenas dispõe de dois elementos que competem realmente ao mais alto nível, Nelsen e Killen, ambos na Premier League e, se quisermos, Reid, que actua no Midtjylland, da Dinamarca. Para além deste trio, tem dois jogadores a actuar no Championship (2ª divisão inglesa) e três nos EUA. Destes três destaco um veterano: Simon Elliot. Jogador experiente (36 anos) deixou o mais alto nível competitivo em 2007-08, ano em que realizou a sua 3ª temporada consecutiva no Fulham.

Trata-se de um jogador tão importante quanto o capitão Nelsen e o 10 Killen, quanto a mim, e são estes três os patrões dos seus respectivos sectores.

A táctica utilizada por Ricki Herbert faz, quanto a mim, com que o futebol dos All Whites não seja tão maçador quanto poderia ser. Mas, ainda assim, está muitos furos abaixo daquilo que se exige para se passar a fase de grupos…

Gostaria ainda de destacar o 9, Smeltz, fundamental no golo (foi dele a assistência), melhor marcador da Liga Australiana, com 19 golos. Bom jogador, possante e com boa técnica.

Da parte da Eslováquia, existem umas quantas individualidades que prometem apimentar um pouco qualquer desafio. Penso em Hamsik, capitão, Vittek e no talentoso Weiss.

Começo mesmo pelo último. Filho do seleccionador, Vladimir Weiss apresenta-se a si próprio como um extremo rápido, tecnicista, que abana muito com o jogo, sempre muito mexido e que se revela já peça fundamental na manobra ofensiva da equipa. Joga na esquerda, tem o 7 nas costas, 20 anos e actua no Manchester City.

Hamsik dispensa apresentações, uma vez que são poucos os que ainda dele não ouviram falar. Joga e faz jogar, transporta a bola e encarrega-se de a entregar em condições aos colegas.

Já Vittek é um jogador alto (1,87m), autor do primeiro golo da equipa em fases finais de competições internacionais – nunca tinha estado presente em qualquer fase final de Europeu ou Mundial! É um jogador possante, que joga atrás do também perigoso Sestak, na frente de ataque. Tem finalização apurada.

Depois de passar quase toda a 2ª parte a ganhar, passavam já 3 minutos dos 90 quando um erro de marcação, em conjunto com boa movimentação de Reid e grande jogada de Smeltz permitiram à Nova Zelândia empatar o jogo.

Costa do Marfim 0 – Portugal 0


Portugal inteirou parou, das 3 às 5 da tarde para ver em acção os seus heróis, com a ilusão de que pudessem surpreender e fazer muito mais do que as supostas grandes selecções têm feito até ao momento.

Desenganem-se os enganados: Portugal começou muito bem, com uma jogada de Cristiano, que levou a bola a embater no poste da baliza de Barry, que ia com selo de golo.

A Costa do Marfim começou receosa perante este começo de Portugal e tinha um plano de jogo bem definido: todos atrás da linha da bola e toca a jogar no contra-ataque.

Portugal foi perdendo aos poucos supremacia e tudo começou num livre claro à entrada da área sobre Cristiano. Foi Demel, que só não escapou impune porque começou a provocar Ronaldo e lá cavou um amarelo ao ás português, levando à desmoralização e inibição do mesmo.

Danny esteve bastante abaixo do esperado. Ele que tinha sido a figura contra Moçambique.

Raúl Meireles manteve o bom nível que sempre tem vindo a demonstrar na selecção e Coentrão soube aniquilar o irrequieto Dindane.

O certo é que a Costa do Marfim acabou o jogo por cima, com 3 ou 4 oportunidades de golo verdadeiras na última meia-hora, e Portugal a rezar para conseguir pelo menos um pontinho. Não pelo ponto em si, mas para que a Costa do Marfim não se destacasse com os 3.

O que não se percebe é o porquê da entrada de Amorim, numa altura em que Portugal estava supostamente a lutar pelo golo e Rubén é o 24º jogador. Supostamente deveria ter pelo menos um jogador à sua frente para entrar para aquela posição. Neste caso Veloso…Penso que esta é mais uma decisão que demonstra falta de coerência pela parte do seleccionador…

Eu pergunto-me: se Nani não se tivesse lesionado, como é que Queiroz faria se quisesse tirar Meireles? Colocava Veloso, que considerou superior a Amorim, uma vez que Veloso veio para ser médio e não lateral esquerdo. Então qual o porquê da entrada do médio benfiquista?

Brasil 2 – Coreia do Norte 1

Ao início da noite vimos uma Coreia do Norte acima das expectativas. Penso que esta será uma opinião consensual. Assim, os Chollima têm uma táctica defensiva, como já se sabia e, portanto, esperava, actuando os norte-coreanos num claro 5-3-2, e apostando, no contra-ataque, em Tae-Se e no capitão Yong-Jo, 2 dos 3 jogadores que jogam fora, para fazerem a diferença, pela sua técnica e velocidade. Depois, atrás, é fechar até mais não poder. E a verdade é que esta equipa me surpreendeu pela positiva pois, para além de jogarem olhos nos olhos com o Brasil (apenas o expoente máximo das selecções, independentemente do actual momento), vê-se perfeitamente que todos eles têm boa técnica e sabem trocar bem a bola entre si.

Da parte do Brasil, um Kaká que continua muito em baixo de forma. E tão importante que era que estivesse no ponto! Lúcio é o patrão de sempre, organizando a equipa de trás para a frente, Júlio César fará a diferença, pois é um grande guarda-redes, daqueles que fazem defesas de ficar boquiaberto.

Penso que o duplo-pivot brasileiro, composto por Melo e Silva está longe de ser inultrapassável e os restantes elementos da frente de ataque, desde Robinho a Fabiano, passando por Elano, são, todos eles, perigosos. E Robinho que está com muita vontade de fazer um grande Mundial, para se lhe abrirem portas que recentemente foram fechadas com o empréstimo ao Santos. Falo de clubes como o Barcelona.

Maicon é um lateral fenomenal e é consensual que se não é o melhor anda lá muito perto – só podia, para deixar Dani Alves no banco. No outro flanco, Michel Bastos tenta fazer renascer Roberto Carlos com o seu remate fortíssimo e subidas pelo flanco.

Longe de surpreender esteve mais um, o Brasil que acabou a sofrer um grande golo do seu opositor, num excelente pormenor de Tae-Sae.