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quinta-feira, 24 de junho de 2010

Mundial 2010: Dia 14


Paraguai 0 – Nova Zelândia 0

Jogo muito fraco, protagonizado pelas duas selecções, com o Paraguai a procurar mais o golo, pela natural diferença de qualidades de uma selecção para a outra, e apesar de ser a Nova Zelândia quem tinha mesmo de ganhar para seguir em frente.

Apostou em Cardozo, Martino, mas mais uma vez deve ter jurada para nunca mais, assim desta maneira (titular), até porque só o fez por ser o último jogo do grupo. Exibição fraquíssima de Takuara, que não encaixa nas ideias que o seleccionador tem para a equipa, contrariamente a Lucas, Valdez e Santa Cruz, que trabalham para a equipa, são móveis, vêm buscar atrás, correm, enfim, tudo aquilo que Cardozo faz em muito menores quantidades.

Vera foi para a frente dos médios-centro, para funções que nem se podem considerar como sendo de um 10. Perdeu brilho.

De frisar, isso sim, o grande jogo, para mim o melhor em campo, aquele que mais procurou o golo, apesar da sua posição em campo, que juntou melhor a vontade de vencer com a qualidade exibicional, foi mesmo o avô Caniza, lateral-direito, capitão de equipa com 35 anos, que entrou para a posição normalmente ocupada por Bonet. Vários remates perigosos a passar rente à barra e muito boas investidas pelo flanco direito acima, chamaram a atenção que está ali opção muito boa, numa mescla de experiência e frescura física, por que a tem, para a ala direita da equipa.

A Nova Zelândia termina com a proeza de fazer melhor do que a campeã mundial, Itália, ficando com 3 empates em 3 jogos, feito importante para a selecção e futebol do país.

A estratégia de Herbert era simples: tentar evitar o golo do Paraguai, que bem podia ter acontecido por diversas vezes e tentar surpreender num contra-ataque qualquer, sendo por isso mesmo a prioridade não sofrer, pois só assim a equipa poderia sonhar com algo.

Reid fez muito bom campeonato, demonstrando qualidade a defender, ele que é central de origem, mas que actuou sempre à direita da defesa. Vê-se que tem qualidade que destoa da maioria da equipa, não devendo ser factor exógeno a esse facto, o de jogar na Dinamarca desde os 11 anos e presença assídua nas camadas jovens do país.

Quem também jogou muito bem foi Bertos, sempre descaído na direita do meio-campo, constituindo uma lufada de ar fresco na selecção pela qualidade técnica que apresenta e por um perfume de futebol habilidoso que tenta imprimir ao futebol da equipa. Já o trio de ataque também esteve a bom nível, assim como a aposta do treinado na jovem promessa Chris Woods, que se revelou em muito bom plano.

Já tinha referido, mais do que uma vez, a importância do avozinho Elliot, que é imensa. Ele é o marcador dos pontapés de livre longos, constituindo quase sempre perigo para o adversário este tipo de lances, graças à experiência da marcação deste tipo de lances por parte do veterano de 36 anos.

Nelsen, velho conhecido do público em geral, pela visibilidade que o campeonato inglês confere aos seus protagonistas, esteve sempre intransponível, sendo cruel pedir-lhe mais do que aquilo que deu à equipa.

Eslováquia 3 – Itália 2

Já tinha tido oportunidade, por mais do que uma vez, de elogiar a selecção eslovaca, pela sua qualidade e pelo seu jogo colectivo, com a equipa a demonstrar sempre um bom fio de jogo.

Apenas dois nomes sonantes na equipa, Hamsik e Skrtel. De resto, o que mais se aproxima disso é Vittek. Mas o que é certo é que Weiss escolheu um modelo de jogo e dele não abdica, com curtas variações de jogo para jogo, como a deste jogo, em que o normal 4-2-3-1, sofria apenas uma pequena alteração, estando Hamsik a jogar um pouco mais avançado, deixando a posição e função de 10, para passar a fazer a ponte entre um 10 e um segundo-avançado.

Hamsik fez um jogão, encheu o campo: pressionou em cima do adversário, ganhou muitas bolas, cruzou para a área, à procura de perigo, descaiu para os flancos como se lhe pede, …enfim melhor era difícil. Já Vittek continua a revelar-se, também ele, fundamental na manobra ofensiva da equipa, constituindo uma referência na frente de ataque e fazendo uso do seu porte físico para chegar ao golo e da sua inteligência de movimentações.

Gli Azzurri não jogaram nada. Equipa muito solta, sem ideias e jogadas colectivas, primando na selecção o individualismo e a desunião.

Apesar da média de idades da equipa ser elevada, o que é facto é que muitos erros infantis foram cometidos durante a partida, nomeadamente por Cannavaro, que se esperava ser um elemento chave neste Campeonato do Mundo e acabou por ser dos piores, se não mesmo o pior, desta selecção.

Penso ainda que o 3º golo da Eslováquia – golo obtido através de um lançamento de linha lateral ao pé da área da Itália – espelha bem a partida e as selecções em si: de um lado, uma Eslováquia muito prática, solidária e colectiva e do outro, uma Itália desunida, apática, com jogadores supostamente experientes a darem a entender que estão a fazer o seu 1º jogo num Mundial.

Merecidíssima, portanto, a passagem da Eslováquia aos oitavos e a não passagem da Itália.

Gostaria apenas de referir que, se o 2-2 feito por Quagliarella, depois de um 1º golo excepcional, tem sido validado como deveria ter sido, a Itália dava mais um exemplo da sua “sacanice”, isto é, a pouquíssimos minutos do fim colocava-se toda à defesa e provavelmente não sofria mais golos, passando sem jogar nada, como diversas vezes tem feito, ao longo da sua história.

Dinamarca 1 – Japão 3

Mais uma grande prova dada pelo Japão, de que veio a África para ficar mais alguns dias e não apenas de passagem.

E não tenho quaisquer problemas em afirmar que esta selecção do Oriente é a selecção mais solidária e que melhor funciona em conjunto, em competição.

Identifico apenas 2 jogadores que poderão ter, aqui e ali, opções individualistas, em situações onde deveriam optar por colectivas: Honda e Okubo. Contudo, não nos enganemos, na grande maioria das vezes, mesmo estes jogadores trabalham muitíssimo em prol do colectivo e na maioria dos casos optam por jogadas colectivas, existindo até o exemplo do 3º golo nipónico, que mais não vem do que confirmar isso mesmo, com Honda a fintar o adversário, tirando-o do caminho e, frente a Sorensen, a optar pelo passe para Okazaki, numa situação em que apenas não fazer golo, tornaria a jogada bizarra.

Sem surpresas tácticas quer por uma quer outra selecção, o Japão demonstra grande facilidade de interpretação do seu sistema de jogo.

Num claro 4-2-3-1 com bola, é o 4-5-1 que é utilizado quando a equipa não tem a bola em sua posse, com Okubo e Matsui a baixarem para a linha do meio-campo, Endo a formar um duplo-pivot com Hasebe e ficando Abe atrás desse duo, com responsabilidades de descer ainda mais, para 5º central, quando a equipa sente essa necessidade, como nos cruzamentos bombeados para a sua área.

A Dinamarca vai para casa, apesar de ter demonstrado que sabe praticar bom futebol, um futebol positivo, também ele apoiado, com Agger, Poulsen, Rommedahl e Bendtner a constituírem os principais pilares da equipa, nos seus diversos sectores.

De frisar as boas perspectivas futuras desta selecção, que tem em Agger, Kjaer, Bendtner e Eriksen muito boas perspectivas para o futuro.

Já Rommedahl demonstrou ser o mais jovem de todos, pela frescura física que fazem com que pareça ter 21 anos e não 31! Espectacular, adorei vê-lo a jogar, grande jogador!

Camarões 1 – Holanda 2

O melhor jogo dos Camarões nesta fase de grupos, melhor jogo dos africanos neste Mundial 2010. Com Le Guen a trocar o 4-2-3-1 pelo 4-4-2 clássico e optar por Geremi para ocupar a lateral direita da defesa, os Camarões retiraram a pressão e mesmo sem Eto’o em grande forma (jogou bem mas nada daquilo a que nos tem habituado) conseguiram fazer do jogo um jogo equilibrado até 20 minutos do fim, altura em que Robben entrou em acção e estragou a possível festa aos leões indomáveis. Um minuto depois da chegada de Arjen, Le Guen colocou Rigobert Song e retirou de campo N’Koulou, central com menos 13 anos que o 1º, apostando, pois na experiência para travar Robben!

“Mas não é que o endiabrado extremo holandês não pára de criar perigo”? Esta era uma das questões possíveis que podia ir na cabeça dos jogadores, depois de tanto tempo a baterem-se de igual para igual com a Holanda e tudo mudar de um momento para o outro, não tanto pelas entradas de Huntelaar e Elia, mas sim pela de Robben, que só agora recuperou de uma lesão e que foi fundamental para Huntelaar marcar, na recarga de um grande remate em jeito de Arjen ao poste.

Tivessem as entradas de Idrissou e Vincent Aboubakar tido o mesmo efeito que tiveram contra a Dinamarca e o resultado poderia sofrer alterações, em abono dos africanos. Mas não era o seu dia, nem de um nem do outro.

Tinha dito que os golos de Van Persie haveriam de chegar, pela persistência do ponta-de-lança e assim foi, depois de uma grande combinação do jogador do Arsenal com Van der Vaart.

sábado, 19 de junho de 2010

Mundial 2010: Dia 9


Holanda 1 – Japão 0

Boa primeira parte, muito disputada de parte a parte, com a Holanda a ter muito mais bola, por mérito seu e estratégia do Japão, com remates para golo para ambas as equipas.

Manteve a mesma táctica e jogadores a Holanda, mudou o Japão, que manteve um pouco a matriz da táctica, adoptando contudo uma postura muito mais defensiva, passando de um 4-2-3-1 para um 4-5-1, com Endo a encostar-se mais ao centro do terreno, a par de Hasebe, que lá se manteve e Abe a fazer o papel de trinco. Contudo, destes 3, Endo foi aquele que ficou com o papel mais móvel: por vezes quando a Holanda estava no ataque, a equipa nipónica colocava um duplo-pivot, formado pelo capitão Hasebe e Abe, deixando Endo mais livre, à sua frente. Matsui manteve-se à direita e Honda trocou com Okubo, que neste jogo se manteve na ala-esquerda, ficando o criativo do CSKA na frente.

Bateu-se bem o Japão, fazendo uso dos jogadores de grande qualidade que possui, todos eles juntam capacidade guerreira a uma técnica elevada.

Apesar do esforço, a selecção holandesa teve mais posse e foi mais eficaz. O que apesar de tudo leva a pensar no que seria o marcador, no final do encontro, se o guarda-redes do Japão, não tem dado aquele frango…

A Holanda manteve-se igual a si mesma, com os mesmos jogadores para a mesma táctica e, apesar de as boas estatísticas da equipa neste início de Mundial lhe serem favoráveis (2 jogos, 2 vitórias), acredito piamente que apesar da sua boa equipa, esta selecção está muito longe de ser imbatível: fria na hora de finalizar como devia e o seu duplo-pivot, apesar de ter 2 bons jogadores, está longe de combinar da melhor maneira.



Gana 1 – Austrália 1

Oportunidade de ouro para ambas as equipas, com objectivos diferentes no horizonte: quase garantir o apuramento para a fase seguinte (Gana) e continuar na luta pelo mesmo (Austrália).

A Austrália entrou muito bem no jogo, com os objectivos bem traçados, confiante e concentrada na obtenção do mesmo, confirmando as expectativas com que dela fiquei desde o jogo com os alemães.

Depressa conseguiu um golo de bola parada, numa recarga e Kewell era a escolha acertada para render Cahill, até deveria, quanto a mim, estar no onze base da selecção, a par de Cahill, pela sua óbvia qualidade.

A táctica era a mesma e só mudaram mesmo alguns jogadores devido ao castigo do australiano e à lesão de Grella.

Pena foi a expulsão de Kewell que fez com que a vitória se tornasse dificílima de conseguir, até porque a expulsão foi causa de um penalty e Gyan voltou a não perdoar e fez o gosto ao pé.

A partir daqui o surpreendente não foi obviamente a obtenção ou não dos socceroos mas sim a não-vitória do Gana, que agora sim tinha uma oportunidade das raras para levar o seu adversário de vencida.

Boas investidas ofensivas, nomeadamente através de Ayew, para mim o melhor em campo, mas eficácia em níveis reduzidos, fizeram com que o Gana procurasse o golo em vão e terminasse o jogo a sofrer um pouco, pois dos 5 remates que a Austrália fez à baliza (eficácia muito superior de remates à baliza, do que o seu opositor), cerca de 3 foram feitos nos últimos 20 minutos.

Apesar deste último cenário, perante as condições – 66’ a jogar contra uma Austrália com um a menos, que teve de ter em Holman, o jogador 9,5, que ocupou desde a expulsão os terrenos que vão desde a posição 10 à 9 –, o Gana terminou o jogo com a consciência de que tinha a obrigação de levar de vencida a Austrália, até, como referi, pelas boas iniciativas do quarteto Kwadwo Asamoah, Ayew, Tagoe e Gyan.

Volto a referir a importância extrema que Prince Boateng tem nesta equipa, nos equilíbrios da mesma e no papel que tem nas transições da defesa para o ataque.



Camarões – Dinamarca

Entraram também muito bem no jogo os Camarões, desde já pela alteração táctica.

Le Guen apercebeu-se que melhor do que o 4-3-3 que empurrava Eto’o para a direita do ataque, era utilizar um 4-1-3-2, com Song a trinco, a segurar a equipa e a permitir a utilização de 3 médios-ofensivos: Enoh, à esquerda, e o veterano Geremi, que fez um grande jogo, à direita e, no centro, a 10, Emana, que, em conjunto com Geremi, constitui grande novidade, por aquilo que pode dar à equipa. Emana é um jogador forte fisicamente, com uma grande meia distância, ideal para jogos combativos e para uma equipa como a dos Camarões, onde reina a emotividade.

Emotividade essa que os trai muitas das vezes, como hoje foi disso exemplo. Apanhados a ganhar por 1-0, os africanos deixaram-se surpreender pela organizada Dinamarca, deixando que esta virasse completamente o rumo dos acontecimentos, deixando-a, como sempre nestas situações por mérito deles e demérito seu, ficar por cima e controlar o jogo até chegar ao golo.

Assim foi até ao 2º e só nos últimos 20/15 minutos, os Camarões voltaram a ficar por cima, numa clara tendência de querer chegar ao golo e lutar por um resultado positivo – daí as entradas de Idrissou e Vincent Aboubakar, que vieram, ambos, trazer actividade ao ataque e oportunidades flagrantes de golo.

Eto’o, autor do golo, melhorou substancialmente com esta alteração táctica, como era de prever, mas, como toda a equipa, eclipsou-se desde poucos minutos depois de ter feito o primeiro golo do jogo até aos tais 20/15 minutos finais.

Ekotto e Mbia também não estiveram a um nível tão elevado quanto o fizeram no primeiro jogo – baixa enorme! Song foi muito boa solução, como já tinha referido que seria na escrita do primeiro jogo dos Camarões.

Da parte dos nórdicos, futebol muito eficaz na frente – importantíssima a eficácia, rapidez e qualidade técnica de Rommedahl –, com uma táctica propícia ao seu estilo de jogo, em que um dos pilares reside numa torre lá na frente como referência (Bendtner) e 2 médios-ala rápidos e fortes no um-para-um.

Martin Olsen trocou Enevoldsen por Gronkjaer, dando primazia à experiência em detrimento da irreverência da juventude, apesar do bom jogo que o nº20 tinha feito. Não jogou mal, mas parece-me que também não jogou o esperado.

Acabou por ser substituído também o veterano Jorgensen (assim aconteceu no 1º jogo e verá acontecer em todos os jogos) e os dois jovens centrais garantem segurança à defesa.

Para mim, e para terminar, o 1º golo dos dinamarqueses traduz bem a filosofia de jogo da selecção, saltando apenas a fase da transição a meio-campo, feita normalmente por Poulsen: passe longo de Agger, muito preciso, para Rommedahl, rápido que nem uma seta, apanhar e cruzar rasteiro para a finalização fria de Bendtner. Aqui está presente a eficácia e a frieza que esta selecção muito bem é capaz de cometer mais do que uma vez, pois tem jogadores para isso.

Dizer também apenas que Rommedahl, sem quaisquer dúvidas, o melhor em campo, tem um papel vital na equipa, como já se percebeu, perigosíssimo no um-para-um. Perigo nº1 da selecção, tem de ser muito bem vigiado, aquele que tem lugar cativo no onze, por quem tiver intenções de levar a Dinamarca de vencida.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Mundial 2010: Dia 4


Holanda 2 – Dinamarca 0


Mais uma vez (a fé é inabalável…) as minhas esperanças de bom futebol estavam centradas no conjunto laranja. Mas a verdade é que a Holanda esteve longe de surpreender, ainda para mais quando tinha como cartão-de-visita o último particular disputado diante da Hungria, equipa que complicou as contas a Portugal na fase de apuramento e ainda mais à Suécia e que foi levada de vencida por 6 bolas a 1.

Enfim, boas jogadas com um tridente temível no meio campo ofensivo: Van der Vaart, Sneijder e Kuyt, sendo que quando Robben estiver apto ainda mais temível será com a presumível troca com Van der Vaart. Boas jogadas essas que se tornam inofensivas quando a equipa entra na área, uma vez que eficácia foi palavra proibida pela Dinamarca. Se não tem sido o auto-golo, podia-se esperar mais um 0-0 ou, com sorte, um 1-0.

De Jong é muito bom jogador mas recorre muito à falta e só não foi expulso porque nestas coisas prima quase sempre o bom senso da protecção ao espectáculo, exigido pelos faltosos e criticado por aqueles que em nada beneficiam de tais opções dos juízes.

Chave desta equipa é também Van der Wiel (estive para escrever sobre ele este ano, acabei por não o fazer mas ainda vou a tempo), lateral-direito de apenas 22 anos com carimbo Ajax. Para mim, já se encontra no top 5 dos melhores na sua posição, sendo que não tenho dúvidas nenhumas que continuará a subir na escala se der continuação ao seu trabalho, potenciando todos os seus atributos: lateral ágil, veloz, rápido, com boa capacidade atlética, sobe muito bem pelo flanco, apoiando o meio-campo e integrando-se em acções ofensivas. Cruza ainda de maneira superior e tem boa técnica.

Não falei ainda de Van Persie, mas dispensa apresentações: jogador de fino recorte técnico, com um pé esquerdo ao alcance de poucos. Não será, no entanto, uma mais-valia para a selecção se não melhorar a sua eficácia de finalização, uma vez que neste momento, na selecção, não tem ninguém a seu lado para lhe dar o apoio de que por certo gostaria. Acredito que melhorará este aspecto daqui para a frente, pois trata-se de um grande jogador e a entrada de Robben, elemente muito ofensivo, trará mais opções ofensivas à equipa, que resultarão em mais oportunidades de golo.

No lado da Dinamarca, foi um companheiro de Dirk Kuyt a fazer a diferença. Daniel Agger, central esquerdino do Liverpool, que teve o mérito de impedir umas quantas acções ofensivas da Holanda, com o seu desarme superior.

Já na frente, o já veterano Rommedahl (31 anos, pensava que tinha mais, tal a idade com que apareceu na ribalta…) continua a fazer as delícias. Quase não perdeu velocidade (se perdeu, continua com muita!) e tem técnica para colocar a defesa holandesa em ordem, tendo um pormenor – um slalom – delicioso. Assim dá gosto!

Por falar em companheiros, os homens-golo de ambas as selecções são colegas no Arsenal (Bendtner e Van Persie). Nicklas Bendter tentou a sua sorte, nomeadamente através de um cabeceamento, mas também não estava nos seus dias.

Nota positiva também para Enevoldsen, jovem médio do Groningen que sabe que este Campeonato é uma grande montra e mostra vontade de contribuir para a vitória, tendo várias iniciativas ofensivas interessantes.

Japão 1 – Camarões 0


No início da tarde foi a vez do Japão defrontar os Camarões de Eto’o.

E a verdade é que o Japão se portou muito bem, jogando sempre de peito aberto, numa equipa formada por apenas 3 “estrangeiros”: Honda (CSKA Moscovo), Matsui (Grenoble) e Hasebe, o capitão (Wolfsburg). Quem mais me impressionou neste jogo foi mesmo Matsui. Excelente jogador, muito consistente, o 8 japonês tem já 29 anos mas pode ainda fazer 4 ou 5 anos ao mais alto nível: joga bem com os dois pés, tem técnica e com o seu metro e 70 faz a cabeça em água aos adversários.

Papel importante nesta equipa oriental tem naturalmente Honda, dos mais experientes da equipa (o talentoso médio joga fora desde os 21 anos – 3 época no VVV-Venlo e desde Janeiro por terras russas), alterando entre as alas, trocando com Matsui e com Okubo, ficando momentaneamente na posição 9.

De relembrar que o golo da vitória e único do jogo foi feito pelos dois – grande jogada de Matsui, simulando o centro com o pé direito e cruzando eximiamente para a cabeça de Keisuke com o esquerdo.

Obviamente que também Hasebe, em conjunto com 2 centrais experientes, tem uma importância extrema, pois é ele quem tem a responsabilidade de equilibrar a equipa.

Do outro lado, uns muito frágeis Camarões, Le Guen apercebeu-se que poderia encostar Eto’o à faixa, sacrificando-o a exemplo do que faz no Inter, mesmo em maior escala, contudo, no Inter Eto’o tem condições que nunca terá actualmente na sua selecção, o que também ajudou a fazer com que mal se tenha feito sentir no jogo.

Apresentando um 4-3-3, os Camarões não incomodaram, nem nada que se parecesse, o Japão como deviam e podiam.

Olhemos para o meio-campo: jogou Makoun e o jovem Matip, avançado um pouco no terreno estava Enoh.

Problemas que possam existir entre jogador e treinador à parte, Alexander Song, fica muito melhor do que o ainda desconhecido Matip. E Enoh joga no Ajax como tampão da equipa, lembrando um novo Makelele a surgir e na selecção joga, como referi, como o homem mais avançado do trio do meio-campo.

Mbia encontra-se a lateral-direito no papel, mas só lá vai em caso de necessidade, pois procura sempre atacar e incorporar-se no meio-campo, dando liberdade às subidas de Eto’o.

Um jogador que muito aprecio é Assou-Ekotto, jogador muito rápido, que gosta de atacar, mas é sempre seguro a defender, sendo também detentor de boa técnica. Penso que é uma mais-valia desta selecção.

O 9 Webo esteve também muitos furos abaixo do exigido.

Itália 1 – Paraguai 1


Primeiro Golias a ser derrubado pelo David Paraguai.

Tacticamente muito simples, jogando num 4-4-2 clássico, o Paraguai tenta surpreender através de 2 avançados muito móveis, Lucas Barrios e Nelson Valdez, dois centrais fortes (Paulo da Silva e Alcaraz, este último jogador do Beira-Mar durante 4 temporadas e meia) e restantes elementos, todos muito modestos, dando a impressão de que se trata de uma boa equipa não formada por 5 ou 6 nomes sonantes mas sim conjunto humilde que faz da entreajuda e vontade de causar sensação a sua grande arma, uma vez que se é verdade que tem muitas e boas opções na frente de ataque, todas elas conhecidas (Cardozo, Santa Cruz, Lucas, Valdez e, ainda, o injustamente castigado Salvador Cabañas, que a poucos meses do começo do campeonato levou um tiro e se encontra ainda em processo de recuperação), o mesmo não acontece nos restantes sectores.

Para tentar evitar surpresa desagradável, que acabou mesmo por acontecer, a Itália apostou num 4-2-3-1, com De Rossi como destruidor e Montolivo como um jogador mais criativo. Com Pirlo lesionado, a aposta recaiu sobre o médio da Fiorentina e para o lado esquerdo do tridente ofensivo, a meio-campo, Lippi apostou em Iaquinta. Péssima opção, quanto a mim, uma vez que as características de Vicenzo são de um matador. Tanto assim é que, já na segunda parte, Lippi mexeu na equipa, trocando Marchisio, a jogar a 10 por Camoranesi, encostando este último ao flanco esquerdo e puxando Iaquinta para o lado de Gilardino, transformando a squadra azzurra num 4-4-2. Opção bastante mais sensata. Percebo a tentativa falhada de render Marchisio, apostando na táctica inicial, mas Iaquinta naquela posição é que não. Camoranesi poderia muito bem ter lá alinhado de início. Muito bom jogo fez Simone Pepe (já contratado por empréstimo pela Juve), sem medo de partir para o um-para-um, realizando diagonais, tentando o remate e surgindo flanco oposto no início da segunda parte, para tentar surpreender o adversário (característica, aliás, muito notada neste Campeonato).

Cannavaro começa a perder muitos duelos individuais e Criscito teve uma má actuação.

De notar ainda que ambos os golos surgiram através da marcação de lances de bola parada, com erros defensivos a apontar a cada uma das equipas. No caso italiano, uma falha na marcação à zona, com a equipa a defender um pouco à frente do suposto, e permitindo a entrada fulminante de Alcaraz. No caso do Paraguai, uma marcação homem-a-homem mal feita foi fatal (e que raspanete tem de levar Lucas, de costas para a bola!!!).