quinta-feira, 13 de maio de 2010

Benfica 09/10, O retrato de um justo Campeão

Na baliza, esteve Quim (2700min), único totalista na Liga, a proteger as redes encarnadas, a permitir que estas fossem, a par das do Braga as redes menos ousadas pelos avançados adversários. Guardião destemido, experiente e com 6 anos de casa e mais de 370 jogos na 1ªLiga. Sempre se fala de reforços para a baliza, falando-se dela como elo mais fraco, tem estado sempre lá Joaquim da Silva fazendo ver que se calhar não é bem assim como tanto se diz e escreve.

Júlio César, guarda-redes de confiança de Jorge Jesus, ficou encarregue de manter a baliza inviolável na Liga Europa, sendo um dos protagonistas da equipa – estou-me a recordar de uma defesa contra o Marselha, em casa, importantíssima na resolução dessa eliminatória – oitavos-de-final – a dois tempos, voando para trás e atirando a bola para longe.

Missão mais ingrata teve Moreira, querido entre as hostes benfiquistas, não tanto como deveria mas ainda assim muito querido, ao ficar com a função de defender a baliza na Taça de Portugal. Missão que se tornou ingrata pois um cabeceamento fatal de Lazaretti ditou o afastamento precoce da equipa cuja casa dá pelo nome de Estádio da Luz.

Contudo o mérito de manter a baliza tantas vezes inviolável – com média de 0,(6) golos sofridos por jogo – não toca apenas a Quim. A verdade é que à sua frente estavam Fábio Coentrão (1807min), principal revelação da Liga, que cedo ganhou o lugar a Shaffer, ao início intercalando com César Peixoto, depois, com o passar do tempo, a ganhar o lugar (ficou totalmente ganho aquando da lesão de Peixoto, na rota final do campeonato. Com o seu lugar de raiz – extremo-esquerdo – a pertencer a Di María, Jesus arranjou uma boa maneira de dar tempo de jogo a um esquerdino que fez as delícias dos adeptos, colmatando as suas lacunas defensivas, próprias de quem não está rotinado à posição, com a sua garra e velocidade. Muito mérito de Coentrão que foi sempre muito cumpridor, que percebeu em todos os momentos que não se poderia comportar como Amorim quando este joga na direita, uma vez que este sabe que pode, de quando em quando, subir no flanco, tendo em Ramires um colega para fechar atrás. Contudo, toda a gente sabe que o forte de Di María está mesmo em atacar, descurando quase na sua totalidade, em jogo corrido, as missões ofensivas.

Uma palavra para César Peixoto (912min) que, sempre o disse, apesar de destoar dos demais jogadores do Benfica, da grande maioria deles, foi sempre um jogador extremamente cumpridor, que com as suas limitações, pouco comprometeu e deu um contributo valioso à equipa.

Na outra faixa, está Maxi Pereira (1964min), o uruguaio endiabrado, daqueles que dá tudo o que tem ao longo dos 90 minutos, e o que não tem. Na minha opinião, tendo em conta as últimas 3 épocas, Maxi encontra-se entre os melhores e mais regulares jogadores do Benfica. Trata-se daqueles jogadores raçudos com quem se podem contar ao longo do jogo e raramente compromete, subindo bem na faixa.

Na sombra, temos Ruben Amorim (1361min), o mais polivalente da equipa, tendo já actuado à direita e ao centro do meio-campo e passando esta época, quase na sua totalidade, à direita da defensiva. Jogador extremamente cumpridor que tem o mérito de fazer esquecer (penso que até mais que Coentrão, neste aspecto) os adeptos, que se trata de um médio puro. E penso que é o melhor elogio que lhe posso fazer. É um jogador extremamente útil. E a simples prova disso é que nunca se queixa por jogar a lateral-direito, apesar de ser, como o próprio já deixou transparecer nas suas palavras, médio. E todas as suas características apontam nesse sentido: jogador raçudo, com leitura de jogo, excelente passe e boa meia-distância. Encontra-se no leque de jogadores que agradam, e muito a Jesus, juntamente com Peixoto, Júlio César e Weldon, jogadores contratados a pedido do treinador.

No eixo da defensiva, uma dupla de centrais como há muito não se via na Luz, a dar continuidade à tradição benfiquista de ter grandes centrais brasileiros. Luisão (2520min), vai já na 7ª temporada de águia ao peito, começando-se já a colocar a hipótese de terminar a carreira no clube onde chegou em pleno Verão de 2003. A verdade é que Luisão é dos elementos deste Benfica mais influentes, pois se é verdade que Cardozo ou Di María, por exemplo, fazem a equipa ressentir-se, e muito, quando não estão presentes, pela sua capacidade ofensiva tremenda, não é menos verdade que faltando Luisão a equipa se vê muito desamparada, uma vez que o Girafa, como é carinhosamente apelidado pela imprensa, é a voz de comando da equipa. Sub-capitão, o central foi o capitão da equipa dentro de campo ao longo de toda a época, uma vez que a sua titularidade e a não-titularidade do capitão Nuno Gomes, assim o ditaram. A voz de comando de Luisão e o seu excelente posicionamento em campo, passando o jogo a organizar a equipa de trás para a frente, dão-lhe com toda a naturalidade o estatuto de imprescindível da equipa.

Como atrás referia, o eixo é constituído por dois e não por um jogador, pelo que, num complemento como há muito não se via na Liga Portuguesa, a voz de comando e experiência de Luisão, encontrou esta época em David Luiz (2610min) a velocidade e a irreverência que faltam ao internacional brasileiro (40 internacionalizações A). Tendo mesmo sido esta a época da consagração de um jogador que desde que chegou à Luz cedo se mostrou como detentor de um grande talento. O certo é que, por uma situação e por outra. Ao início tapado por jogadores mais experientes e já para o fim actuando fora da sua posição, na lateral, esta época acabou com a sua consagração como menino bonito da massa adepta. Todos aqueles que ficavam indiferentes ao internacional pelas camadas jovens canarinhas, se é que havia alguém, foram obrigados a dar o braço a torcer. David Luiz, para além da sua classe em campo, a desarmar adversários com facilidade tremenda, impressiona com a sua serenidade com que parte à aventura com a bola colada ao pé, numa investida pelo corredor central desde a defensiva até ao meio-campo, driblando os adversários que lhe aparecerem pelo caminho e só então, quando vê que é muito arriscado continuar, escolhendo com a maior das calmas qual o colega em melhor posição de receber a bola. Ou então, quando se encontra cá atrás e faz um passe, com qualquer um dos pés, para um jogador que se encontra a 40 ou 50 metros, ou ainda quando desmarca um colega com passe a rasgar. Sim….tudo qualidades espectaculares e raríssimas de encontrar num central. Para juntar à sua evidente qualidade, tem uma característica não menos importante, sabe conquistar os sócios como nunca vi um jogador fazer.

Na posição 6, um estreante na Liga, o 1º até agora, Javi Garcia (2225min) de seu nome. Muitas foram as vozes que duvidaram do seu potencial. “Dispensado do Real Madrid…”, diziam com ar desconfiado, muitos desses não levantavam tanto o sobrolho a Saviola que apesar de dispensado do Real Madrid desde há muito é um jogador consagrado no Mundo do Futebol. Contudo, como mais tarde se veio provar, os 7 milhões foram muito bem entregues e, como toda a gente sabe, ser dispensado do Real Madrid não é, nem pouco mais ou menos, sinónimo de má qualidade (vide Robben e Sneijder, dois finalistas da Champions). Jogador forte posicional e fisicamente, confere ao meio-campo da equipa uma segurança acima da média. Com ele em campo não há qualquer dúvida que a equipa ganha um dos seus esteios, uma vez que se trata do jogador que, a meu ver, lhe confere o equilíbrio que ela necessita. Javi é aquele jogador que garante o equilíbrio entre o sector defensivo e ofensivo.

Se é verdade que Javi foi uma aposta mais que ganha, não é menos verdade que o Benfica começou a época com uma lacuna para aquela posição: “quem será o jogador talhado para o substituir em caso de castigo, lesão, ou pura opção?”. Uma questão totalmente legítima, pois, como atrás já referi, Amorim pode actuar no centro do meio-campo, quer mais recuado, quer mais avançado, mas não deixa de ser uma adaptação colocá-lo a trinco, pelas suas características, que são de médio-centro puro, repito. Foi então que, na reabertura de mercado, Jesus, confesso admirador do jogador sul-americano e espectador atento dos principais campeonatos do país, argentino e brasileiro, desencantou da cartola um coelho chamado Airton, jogador que, apesar dos escassos 235min repartidos por 4 jogos, para a Liga, entre os quais o último, onde foi titular em virtude do castigo de Javi, demonstrou já, na minha opinião ser um grande jogador, não tenho qualquer tipo de problemas em afirmá-lo e em elegê-lo como uma excelente contratação. Os 20 anos e o metro e 80 que usa no B.I. podem servir para enganar muitos adversários, mas não os espectadores mais atentos, que depressa verão nele uma maturidade e uma capacidade grandes para a sua idade.

No vértice esquerdo do losango encontra-se o endiabrado Di María (2255min). Há muito que venho defendendo o seu potencial. Entre ditos e escritos, tentei por diversas vezes sensibilizar amigos e familiares para o facto de um jovem cheio de talento como Angelito ter de usar e abusar da finta e, acima de tudo, ter de jogar, pois muito dificilmente será com escassos minutos por jogo que um jovem se impõe num plantel. É daqueles casos em que se pode dizer que o seu pé esquerdo tem capacidade para escrever um livro, tal é o dom que tem no mesmo. O próprio confessara, após o jogo com os gregos do AEK, para a Liga Europa: “Só uso o direito para andar!” – isto depois marcar um golo de letra e antes de tantas e tantas assistências também de letra. A facilidade com que ele, do nada, desmarca Cardozo quando, rodeado por vários jogadores do Olhanense, saca da cartola um passe de letra será uma imagem que provavelmente nunca mais me sairá da cabeça.

Do outro lado do losango encontra-se Ramires (1946min), um jogador soberbo. Daqueles que dificilmente será o mais adorado de todos, contudo aquele que faz tudo bem, quer a defender quer a atacar e detentor de um pulmão inesgotável, que lhe permite ser dos que mais corre na equipa, apesar de ter chegado ao clube sem férias, e depois de 10 jogos pela selecção e 15 pelo Cruzeiro, ter ainda capacidade para disputar 41 pelo Benfica, o que perfaz um total de 66 jogos, tendo ainda sido convocado para o Mundial 2010. Ramires, admito, encontra-se num lote de jogadores que pessoalmente tenho muita dificuldade em descrever tal a sua qualidade. Por ventura já disse tudo, quando afirmei que se trata daqueles jogadores que faz tudo bem – e neste ponto poderia enumerar inúmeras situações onde tem nota positiva o brasileiro, contudo não o vou fazer, pois tudo o que vier dizer a seguir apenas estragar o que já foi dito.

Na posição 10, encontra-se um mago, Pablo Aimar (1699min) de seu nome. Jogador que dispensa apresentações: relançou a carreira na Luz, onde foi recuperado física e animicamente. Onde voltaram a cantar o seu nome no estádio. Jogador de classe acima da média, fica-me na retina como imagem da época 2009-10 sua, o golo que marcou em casa com a Naval, representativo de toda a sua classe. Alguns dizem que já está velho, porém a sua classe, visão de jogo, técnica e passe são características difíceis de perder, pelo menos na próxima década!

Na sua sombra encontra-se também um jogador muito útil à equipa, aquele que, a par de Ruben Amorim, se perfila como «bombeiro de serviço». E não quero com isto subavaliar a capacidade de Carlos Martins (866min), que penso ser muita (pena as suas constantes lesões). Com isto quero apenas relembrar que, quando falta alguém, por motivos de suspensão ou lesão no meio-campo os nomes que surgem à baila são sempre os mesmos dois: Carlos Martins e Rubén Amorim, disputando por vezes um com o outro o lugar. Carlos encontrou no Benfica o reconhecimento da sua qualidade e irreverência que nunca teve no Sporting, e ele sabe disso. Daí os adeptos também gostarem tanto dele. Essencialmente, claro está, por ser um grande jogador, com uma meia distância temível e um passe e visão de jogo acima da média e a somar a isto tudo, claro está, por ter sido formado no Sporting e comportar-se como um verdadeiro benfiquista, que acredito que se tenha tornado, assim como Coentrão (que, apesar de não ter sido formado em Alvalade, quando estava ainda em Vila do Conde, admitiu o seu sportinguismo e dava primazia a uma ida para os leões).

Na frente está o perigoso Óscar Tacuara Cardozo (2411min). Nunca poderá ter a idolatração que o seu jogo merece. O homem responsável pelos golos do Benfica tem sempre missão ingrata – vide Nuno Gomes, o principal ídolo actual, pelo qual os adeptos têm uma autêntica relação Amor/Ódio, tanto ouve uma estrondosa ovação ao entrar, bem merecida por sinal, como um minuto depois está a ouvir palavrões das bancadas. Cardozo é temível na hora de fazer o gosto ao pé e possui um pé esquerdo só equiparado com o de Di María, cada um para a sua função, obviamente. Cardozo é dos melhores marcadores de bolas paradas que passou nos últimos largos anos pelo Benfica, encontrando apenas semelhante executante (na qualidade) em Simão. Está sempre no sítio e na hora certas para fazer o golo. Contudo, mesmo que marque 3 ou 4 golos, no final do jogo os adeptos contestarão o porquê de não ter marcado o 5º e o 6º – muitas vezes, Cardozo tem falhas imperceptíveis como ver a bola a passar-lhe à frente do nariz e não se atirar para o chão para tentar o golo, porém, o que é certo é que ele está lá, quando muitos não estariam. Eu até admito que muitos dos que dizem marcar golos desses, fáceis, o fariam. Contudo, muito provavelmente não estariam lá para verem a bola a passar-lhes à frente do nariz e, muitas vezes, mais difícil do que finalizar a jogada é estar no sítio certo à hora certa – característica que o paraguaio possui, própria de um finalizador nato e que lhe permite não marcar 5 ou 6 mas os 3 ou 4 que lhe deram a Bola de Prata na última jornada, após renhidíssima luta com Falcao.

Num patamar mais abaixo, mas não muito abaixo da complementaridade que há pouco falava que se criou/fortaleceu esta temporada entre David Luiz e Luisão, encontra-se a de Cardozo e Saviola (2089min). El Conejo, baixinho, muito móvel, faz as delícias com a sua capacidade de vir buscar jogo atrás e de vir com a bola pegada ao pé enquanto coloca a língua de fora num sinal que nada mais passa na sua cabeça que não a de colocá-la na baliza ou num colega melhor colocado que o possa fazer. É nesse momento que muitas vezes ocorre uma de duas coisas: procura (nem precisa de procurar muito, pois os dois já jogam de olhos fechados) Aimar e elabora com o seu amigo de longa data duas ou três tabelinhas lindíssimas antes de entrar na área, capazes de deixar toda e qualquer defesa de olhos em bico, ou então procura a sua referência na área, o gigante Tacuara que, para onde quer que vá, leva sempre 1 ou 2 defesas atrelados. Dos melhores do campeonato. Javier Saviola é jogador para jogar em qualquer equipa do Mundo.

Uma palavra para outros campeões menos utilizados, mas que pelo simples facto de terem actuado um minuto que seja, têm direito ao mesmo título:

Shaffer (334min) é um caso imperceptível para quem está de fora, começou a época como titular da ala esquerda da defesa, onde, ao subir no terreno tirava do seu pé esquerdo mísseis guiados com um só destino: a cabeça de Cardozo. E ainda fez uns quantos lances assim, que deixavam água na boca, metiam os adeptos a sonhar quais os adversários e as jornadas que iriam testemunhar mais lances destes. Contudo era comum ouvir-se Jesus, desde a bancada, berrar com ele. “Descurava as missões ofensivas”, disseram e escreveram os media, aceitando sem mais nem quê esta explicação quando se via que ali estava um jogador que prometia, um bom jogador. Uma coisa é certa, digam o que disserem, se Álvaro Pereira tem vindo para o Benfica como tanto se falava em pleno Verão 2009, seria dono e senhor do lado esquerdo da defesa. Felizmente para Coentrão não veio e permitiu ao jovem internacional A português impressionar tudo e todos.

Sídnei (257min) e Miguel Vítor (103min), assim como Roderick, que por não ter chegado a jogar nenhum minuto para a Liga, não pode ser considerado campeão, são todos excelentes centrais e para todos prevejo não um futuro risonho mas muitíssimo risonho, pois considero que a posição para a qual o Benfica está melhor servido, tendo em conta todas as componentes (qualidade, potencial, ….) é a de defesa-central. Contudo, é daqueles casos em que têm dois gigantes a taparem-lhes o caminho…

Luís Filipe, jogou apenas 24 minutos naquele que foi, para mim, o jogo decisivo do campeonato, contra o Porto, onde a equipa desfalcadíssima de Aimar, Di María, Fábio Coentrão e Ruben Amorim não só não deu a oportunidade do Porto lhe dar uma facada no seu próprio estádio, passando-lhe à frente na tabela classificativa (encontrava-se com 2 pontos de atraso), como ainda sofreu uma merecida derrota e permitiu ao Benfica ficar com 5 pontos de avanço sobre si. Luís Filipe jogou menos de meia hora, tendo ainda assim tempo para fazer um potente remate de bem longe que passou rente à barra, contudo é dos poucos jogadores que não tenho grandes dificuldades, pela sua capacidade, de dizer que não tem a qualidade necessária para fazer parte da equipa (aliás, só ficou porque o Maxi começou a época lesionado.

Felipe Menezes (131min) foi contratado numa jogada de antecipação ao mercado, depois de se ter revelado como craque do Goiás no estadual da Gôiania. Actua preferencialmente na posição 10 onde as suas características encaixam verdadeiramente. Vê-se que tem bons pés e visão de jogo. Bom jogador mas encontra-se na mesma situação dos jovens centrais: está tapado por Aimar e Martins. Para além disso, se estes se encontrarem lesionados é provável que Jesus mova Ramires para 10 e Amorim para a direita do losango por exemplo. Quer isto dizer que não se encontra ainda na pole position para ocupar a posição 10 em caso de castigo ou lesão dos 2 jogadores.

Urreta é um caso que me faz espécie, pois é um excelente jogador, com um potencial enorme, como o tem demonstrado tão bem em torneios internacionais, titularíssimo nas camadas jovens do Uruguai, jogador que, a par de Airton (veio do Flamengo, campeão brasileiro), se sagrou campeão em dois países no mesmo ano, juntando o título conquistado no Benfica ao conquistado no Peñarol, onde se encontra emprestado. Faz-me confusão ainda mais, pois sei que Jesus é daqueles treinadores que gostam de seguir esses torneios internacionais, nos quais despontam jogadores com potencial, ele próprio se gaba disso. Contudo, a política do Benfica em relação a Urreta aponta sempre no mesmo sentido: o da constante valorização do jovem internacional para uma futura venda. Para mim teria lugar na equipa do Benfica da próxima temporada, nem que seja para suplente do Ramires, lugar que lhe assentaria que nem uma luva. Seria também um bom sucessor de Di María, não tenho grandes dúvidas. Os escassos 66 minutos que disputou com o Porto, onde foi a cartada de Jesus, elevaram-no, quer se queira quer não, a jogador importantíssimo na conquista do título, pois com tantas baixas, o jogo que realizou, para mim o melhor em campo, penso que mesmo acima de Saviola, autor do golo, foi fulcral na caminhada rumo ao título.

Éder Luís (211min), para ser sincero, ainda não me impressionou nada pela positiva. Mostrou ser um jogador mexido, daqueles que abana o jogo e que até podem ser úteis. No entanto, até agora, penso estar longe de justificar os 4 milhões pagos ao Atlético Mineiro pelo seu passe. Tem ainda outra particularidade, é que, segundo já deixou transparecer e segundo as informações que com ele vieram atreladas do Brasil, é um jogador que pode actuar tanto a segundo avançado como nas faixas e até mesmo na posição 10 se for mesmo preciso. Contudo, em todas elas está tapado. Será difícil jogar já nesta temporada mais do que o fez nesta, mesmo tendo em conta a mais que anunciada saída de Di María.

Weldon (403min), foi a coqueluche de Jesus. Contratado por sua indicação marcou 5 golos, todos eles fundamentais rumo ao título. É um jogador rápido, com finalização apurada. Tendo em conta a relação preço/qualidade, seria difícil ter arranjado melhor (custou 150 mil euros, 30 mil por golo).

Kardec (79min), já aqui tinha escrito, foi também grande contratação do Benfica. Frio na hora de finalizar, e tendo em conta o perfil traçado na contratação de um ponta-de-lança para fazer sombra a Cardozo, Alan Kardec, 21 anos, encaixa que nem uma luva, mesmo tendo em conta a sua idade.

Keirrison (186min): a maior desilusão da época. Vinha rotulado de super craque do Brasil, onde brilhou pelo Palmeiras, sendo responsável por golos em série e pelos 14 milhões que o Barça não teve qualquer problema a dar para o receber e emprestar. Na Luz foi alvo da natural contestação sempre que um jogador não se adapta e coloca em risco os resultados da equipa com sucessivas falhas técnicas. Não se adaptou. Resta esperar para ver se alguma vez se adaptará…

Para o fim fica Nuno Gomes, jogador que, na minha opinião, merecia muito mais oportunidades do que aqueles que teve jogou 205 minutos divididos por 13 jogos, o que não chega a 16 minutos por jogo. Já o digo desde há muito: Nuno Gomes é um excelente jogador, conhece o jogo como pouco e existem poucos melhores que ele para fazer a posição de avançado em 4-4-2, como segundo avançado, uma vez que a idade já pesa e não se lhe pode exigir a agilidade de outrora para estar sozinho lá na frente e resolver jogos. Por vezes, não é que tenham sido muitas, via-se que Saviola não estava nos seus dias, contudo Jesus não apostava em Nuno Gomes. O caso de Nuno Gomes já choca com as preferências de Jesus, assim como Shaffer. O que acontece com Nuno Gomes e daí Jesus o ir colocando a jogar prende-se com o facto de ser um veículo transmissor de mística no balneário e, claro está, qualidade que é impossível negar.

Um comentário:

Anônimo disse...

Análise muito boa relativamente ao plantel do SLB....
Quanto ao Cardozo - o melhor artilheiro da Liga Sagres 2009/2010- é, na verdade, um caso sério na área, sendo pena que não mergulhe para bolas que lhe passam a menos de 2 metros para tentar marcar de cabeça e direccioná-las para o lugar mais aconselhável da baliza, já que ao meter o pé - por baixo- o esférico tem de subir...
Domina também mal a bola, deixando-a fugir, por vezes, 3 ou 4 metros, o que revela pouca técnica na recepção.
De resto, oxalá se mantenha na equipa,porquanto não é fácil arranjar um substituto tão concretizador....
Parabéns pelo escrito!!!!!
JA